Mélanie:
Acordei assustada. Olhei ao redor, mas não tinha ninguém.
Meus braços latejavam, e ao olhar para eles descobri o porque. Haviam múltiplos cortes horizontais neles.
Não me assustei, já estava acostumada a acordar e ver esse tipo de coisa.
Meu pulso ainda estava engessado mas ele parecia o menor dos meus proplemas agora. Amanhã, pela manhã, eu faria uma cirurgia desnecessária, que podia colocar em risco a minha vida. À alguns meses eu não me importaria, diria para mim mesma : E de que importa a sua vida?
Mas dessa vez era diferente. Tinha um garoto diferente. E eu não queria morrer agora.
Falando nisso Adriel não estava de baixo da minha cama? Olhei em baixo dela, mas não tinha ninguém.
Ele deve deve ter escapado enquanto eu estava inconciente, ou foi pego.
Queria pensar que ele havia escapado, não tinha o porque me torturar ainda mais com isso.
Ouvi um som estranho e me encolhi por extinto. O som vinha de fora, e estava se aproximo. Me encolhi ainda mais, e estava apavorada. Era uma típica cena de filme de terror e eu estava morrendo de medo. Era nessa hora que o vilão aparecia na janela.
E então uma cabeça surgiu do nada na minha janela e eu gritei.
-Calma, calma, está louca quer que me pegem aqui!? -Era Adriel. Ele estava na minha janela, e sussurava para ninguém ouvir.
-Desculpa mas é o que acontece quando você aparece assim do nada! - Sussurei também.
-Desculpa não ter te ligado antes, já que eu não tenho o seu telefone.
-Eu não tenho telefone.
-Então está resolvido.
Eu ri baixinho.
-Olha eu sei que...
Alguém abriu a porta do quarto.
-O que aconteceu? - Era uma enfermeira.
Olhei apavorada para a janela, mas Adriel não estava mais lá.
-Nada, eu só tive outro pesadelo. Desculpe.
-An, sei. Tá bom. - Ela disse meio desconfiada, olhando em volta para ver se tinha alguém, mas por fim foi embora.
Esperei uns intantes e sussurei :
-Ei, barra limpa.
Adriel apareceu novamente. Eu estava gostando daquilo, seria divertido se ele aparecesse toda vez que eu disse "barra limpa".
-Tem certeza?
-Tenho. E então o que veio fazer aqui às... - olhei no relógio. -23:00h!
-Eu bem, encontrei alguns livros e cadernos de pesquisa que tratava da sua doença. - ouvi com atenção mas estava difícil acreditar, eu esperava pela parte que ele riria e diria "pegadinha!" - Começei a estudar essa pesquisa e a tentar dar continuidade, mas é uma coisa bem elaborada e que leva certo tempo.
-Você não conseguiu e veio aqui me dizer que desistiu? Tudo bem Adriel eu entendo.
-Não. Pelo contrário, eu consegui!
-Que!? Está brincando!
-Não, não estou. Ela está bem aqui.
Ele pegou uma pequenininha garafa de vidro verde, com uma rolha.
Estendeu o braço e me entregou. A garafa era minúscula em minha mão, e ainda estava quente do bolso de Adriel.
-Não posso pedir que tome. Isso pode te salvar, ou pode te matar. Eu não tenho como saber, só sinto que funciona. Mas a escolha é sua, tome quando estiver pronta, ou se nunca estiver, eu entenderei. Só quero que fique com ela.
Concordei com a cabeça.
-Agora eu tenho que ir. Tenho uma broca para levar.
E com isso ele foi, deixando para trás somente a garafinha verde que estava em minha mão.
"Vou pensar". Eu queria responder, mas ele já tinha ido.***
Tentei dormir novamente mas não consegui.
Tinha escondido a garafa em baixo de mim para se caso alguma enfermeira ou o doutor Zimmerman aparecesse, eles não veriam a garafa.
Ela estava exatamente no meio das minha costas agora, perto do quadril.
Pensei em como seria se eu tomasse o líquido da garafa.
Eu poderia me curar, sair desse hospital, encontrar um emprego, entrar na faculdade, e poderia ver Adriel sempre que quisesse. Mas, se não funcionasse, eu morreria, e perderia toda a chance de conhecer melhor o Adriel, de esperar que os cientistas encontrassem uma cura, e deixaria tudo o que já vivi até agora para trás, como se todo esse forço fosse em vão, e faria com que outra pessoa passasse por isso para descobrirem a cura.
Eu não podia deixar outra pessoa passar pelo que eu passei, e nem se quer estou me referimdo ao câncer.
Mas Adriel trabalhou tanto por isso. E ele acreditava que daria certo, e eu acreditava nele.
Poderia ser algo assim como o doutor Zimmerman, que acha que seu experimento uma hora vai funcionar.
Adriel também deve pensar assim. E eu novamente virei só mais uma cobaia de testes.
NAO! Adriel não era como o doutor Zimmerman, ele não me forçaria a isso, e não me daria algo que não tivesse certeza.
Vou tomar. Tomarei pelo Adriel. Se morrer morrerei pelo Adriel, e se viver viverei por ele também.
Peguei a garafinha, removi a rolha e tomei.
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A Cura Está Na Morte.
General FictionA cada dia algo está mais próximo de acontecer. Nem sempre são coisas boas, mas cabe a nós saber recebe-las. O destino não é bonzinho com ninguém, mas somente os fortes são capazes de receber suas maiores recompensas.