Alô? É do corpo de bombeiros? Acho que vou usar aquele favor.

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Finalmente chegamos a zona do lago.

Mas a passagem estava bloqueada, e tinha uma placa que dizia : LAGO FECHADO DEVIDO A MORTES OCORRIDAS NO LOCAL.
-Isso aí génio o lago tá fechado não podemos entrar com o carro. - disse para Gabriel.

-Calma eu conheço outro caminho. - ele arrancou com o carro e entrou pelo meio do mato. Devemos ter atropelado varias plantas e arbustos mas por sorte ele não bateu em nenhuma arvore.

Olhei ao redor e não dava pra ver muita coisa, tudo o que pude deduzir é que o lago tinha uma cor escura mas talvez fosse só a impressão que a noite dava, estava um pouco frio e as arvores ao redor faziam barulho, tinha diversas plantas no local mas não reconheci nenhuma dela.

Decemos todos do carro, pegamos nossas lanternas e demos uma volta pela área pra ter certeza de que não havia ninguém. Nos separar aqui seria burrice porque alguém poderia se perder facilmente nessa escuridão então fomos todos incuindo Kathe.

O local estava vazio e o terreno era todo nosso essa noite. Voltamos para o local do acampamento para preparar nossas coisas.

Kathe ficou sentada num canto brincando com uma bola enquanto eu e os caras montavamos as barracas com a ajuda de lampiões e lanternas. A cada cinco segundos eu olhava para ver se Kathe estava bem, nada aconteceu e ela continuava sentada brincando com a bola. Demorou mais do que esperavamos mas finalmente as barracas estavam prontas.

Diego e Henry saíram pra pegar lenha para a fogueira, enquanto eu Tomás e Gabriel ajeitavamos a comida.

Dei mais uma olhada na Kathe. E alguém me cutucou.

-Ei você ouviu? -Tomás perguntou.

-O que? -perguntei e ele bufou.

-Eu disse que como não há animais no local não precisamos colocar a comida numa árvore. -ele repetiu. -Calma cara ela tá bem.

-Eu sei. Talvez seja besteira minha.

Diego e Henry voltaram com a lenha. Então começamos a preparar a fogueira.

Kathe:

Depois de voltarmos do passeio pelo campo, que estava muito escuro. Eles me deixaram brincando com minha bola colorida enquanto faziam coisas que eu não sei dizer bem o que eram. Eu queria ajudar mas sei que não deixariam. Pelomenos não me sentia abandonada, Adriel me olhava toda hora e as vezes eu até acenava. Porque será que ele fazia isso? Ainda acha que eu tenho medo do escuro? Que bobinho.

Fiquei em um canto me divertindo. Mas então bati muito forte na bola e ela saiu rolando.

Não, não, volta aqui. Eu dizia mentalmente. Não conseguia correr e então a bola meio que parou, estava escuro e eu não consegui ver o porque, cheguei perto dela mas derepente não tinha mais chão.

Eu caí na água e não conseguia achar lugar para me segurar, eu já não estava mais na beirada e eu me debatia tentanto ficar em cima da água, eu não respirava e tudo ao meu redor era água, eu não conseguia ver nada, o pânico e o desespero tomou conta de mim. Agora sei porque deveria temer o escuro.

-Kathe!!! - Ouvi a voz de Adriel me chamar ao longe.

Eu ainda me debatia, estava cansada, ouvi sons de pessoas mergulhando mas foi tão baixo que quase não percebi.

O cansaço me ganhou eu chorava mas ainda não conseguia respirar. Até que notei eu já não subia a superfície a um tempo, e cada vez afundava mais.

Tudo começou a ficar mais claro, pensei que fosse alguém vindo me salvar mas a dor era tanta que não consegui fazer mais nada.

Água invadiu meu corpo, parei de me mover, não conseguia mais. Fechei meus olhos e deixei que a escuridão me levasse.

Adriel:

-Kathe!!! - gritei em desespero quando vi que ela tinha entrado na água e estava se afogando.

Todos os outros também notaram e pulamos juntos para tentar salvá-la. Eramos 5 atrás de Kathe mas estava tão escuro e Kathe parecia ter sumido.

-Ela está submersa! -gritei e todos mergulhamos para procurá-la.

O desespero era tanto que doía, eu não encontrava Kathe e meu coração parecia que ia parar.

Até que vi um pontinho branco afundando na água e fui atraz. Era Kathe, ela não se movia mais. Eu tentei acorda-la mas na água não tinha como. Voltei para a beirada, coloquei-a na areia e tentei massagem cardíaca, respiração boca a boca.

-Vamos Kathe acorde, por favor acorde. - eu suplicava e lagrimas escobriam pelo meu rosto deixando minha visão embasada.

Kathe estava fria, molhada, seus lábios azul, e ela não queria acordar. Não queria, eu não podeia suportar aquela dor que sentia. Kathe não podia ter morrido, não podia estar morta.

Cade vez que pensava na palavra eu chorava mais, a dor era insuportável e eu gritei. Gritei de dor, gritei porque não queria ver Kathe morta e gritei até que minha garganta não conseguisse mais soltar nenhum ruído.

Então percebi que tudo tinha ficado quieto. Quieto de mais onde estavam os meninos?

Olhei ao redor mas não os encontrei. Eles não haviam saído da água. Pulei novamente.

Não, não, isso não podia estar acontecendo!

Mergulhei atrás deles. E encontrei. Estavam presos entre os enroscos no fundo do lago, alguns ainda se debatiam e outros já não.

Tentei com toda a minha força tirá-los de lá mas não conseguia, fui chutado, levei tapas e cotoveladas, mas não desisti. Usei toda a minha força mas estavam presos, não saíam.

Parei de sentir chutes mas ainda não havia notado. Era tarde para eles também. Subi para tomar ar e mergulhei novamente, mas as raízes eram fortes e eu não consegui.

Nadei de volta a beirada saí da água fui atraz de meu telefone, e disquei para o número que nunca pensei que usaria.

- Alô? É do corpo bombeiros? Acho que vou usar aquele favor.

A Cura Está Na Morte.Onde histórias criam vida. Descubra agora