Capitulo 5

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CAPITULO 5

Ser treinada por alguém como Himejima-San não é fácil. Ele não pega leve nem uma única vez.

No nosso primeiro dia de treinamento, subimos e descemos a montanha correndo a todo vapor por 5 vezes. 5 VEZES. A cada 3 passos que dávamos encontrávamos 1 armadilha perigosa. No fim do dia conseguimos voltar. Completamente mortas e rasgadas, tanto em roupas quanto em carne, mas conseguimos.

3 semanas depois, nossa velocidade já tinha melhorado consideravelmente e nossa percepção ao redor estava 5X mais rápida. Himejima nos chamou e aumentou a contagem das corridas e o número de armadilhas. Foi nesse dia também que Mariko desenvolveu uma percepção maior nas solas de seus pés. Ela conseguia sentir cada armadilha montada pelas mãos de Himejima-San, então sempre que acionávamos a armadilha em meio a correria, Mariko me avisava e eu protegia seu corpo.

Não foi só minha irmã que melhorou suas habilidades. Minha força, velocidade e resistência física cresceram mais do que as de minha caçula. Eu conseguia quebrar tabuas finas sem machucar meus dedos, sequer sentia o impacto da madeira em contato com minha mão. Meus músculos corporais começaram a evoluir, bem lentamente, mas presentes. Sempre que voltávamos destruídas dos treinos, Himejima-San nos esperava ao final do dia com uma panela de sopa de vegetais e pães frescos. Após comermos, nos banhávamos e ele nos colocava para dormir, sempre repetindo 4 palavras que, depois de um tempo, se tornaram motivo de nosso sorriso em meio ao cansaço do dia e nos dava a certeza de que Himejima-San sempre cuidaria de nós. Como uma família.

"Que Buda proteja vocês. "

1 ano e meio depois

Já faz muito tempo que treinamos com Himejima. Nesse meio tempo nossa relação com ele cresceu e nossos laços se estreitaram. É impossível que ele tome o lugar de nossa família afinal, família é para sempre, mas um lugar especial em nossas vidas ele tem. E não só como o homem que salvou nossas vidas.

-Himejima Nii-san você vai fazer ronda amanhã? - Pergunto Mariko. Nesse tempo que se passou ela cresceu muito. Sua feição continua a de uma doce garota de 8 anos, mas ela amadureceu sua voz e comportamentos. Ainda brinca como uma criança normal brincaria, mas suas habilidades desenvolvidas como espadachim evoluíram é algo que surpreendeu até mesmo Himejima.

Minha Imouto passou a chamar Himejima de "Nii-San" depois de uns meses. Ele se tornou um irmão mais velho para ela. Creio que ela deva se sentir segura da mesma forma que sentia com Sanemi e Genya com ele. Não nego que também o vejo como alguém especial, mas chama-lo de irmão ainda é muito para mim. Apesar de ser exatamente como o vejo, não me sinto pronta.

-Sim, pequena camélia. - Ele passou a chama-la assim depois que saímos em uma corrida com ele (que obviamente diminuiu sua corrida para não nos deixar para trás) e encontramos um campo de camélias brancas e vermelhas. Mariko se apaixonou tanto por elas que, ainda completando os treinos de Himejima, começou a desenvolver sua própria respiração baseada na flor. -Amanhã devo sair no entardecer e voltar no amanhecer.

As saídas de Himejima servem para que seu corpo não esqueça suas técnicas e as aprimore. Mesmo sendo um pilar, Himejima continua treinando como todos os outros caçadores.

Mariko fez a pergunta pois tenho certeza que ela pensa que, com os treinos diários e pesados, eu deva ter esquecido meu próprio aniversario de 14 anos. Meu e de Sanemi. Coitada.

Fingi que não ouvia a conversa deles enquanto tomava meu chá. O dia hoje amanheceu frio e um bom chá quente é o necessário para me aquecer.

-Ok, prestem atenção. - Himejima nos chamou calmamente com sua voz de trovão, trazendo nossa atenção para si imediatamente. - Hoje o treino de vocês será ainda mais intenso. Como está frio, eu queria testar a resistência de vocês á esse clima. Portanto, guardem seus Haori e subam e desçam a montanha 90 vezes em velocidade máxima de corrida. - Ok, até aí está até bem simples. Apesar do frio, nós já conseguimos outras vezes. Seria simples se ele não tivesse continuado. - A partir de hoje, além de subirem e descerem a montanha, sempre em velocidade máxima, vocês ficarão 10 minutos debaixo da cachoeira treinando sua concentração. Todos os dias eu aumentarei 5 minutos até seus corpos se acostumarem com a pressão das quedas d'agua e vocês permaneçam com a total consciência e com a respiração total sempre ativa.

-Ok, você quer nos matar. - Eu disse pensando que sairia baixo, mas eles me ouviriam mesmo se eu sussurrasse.

-Não pensou que seu treinamento comigo seria apenas subir e descer a montanha correndo várias e várias vezes ne? - Disse Himejima com uma nota de sarcasmo na voz. Admito que pensei sim. - As quedas da cachoeira tem uma força absurda que partiria facilmente alguém no meio. Nessa parte do treino, além de vocês treinarem seus corpos contra grandes impactos, ainda treinarão eles para aguentar qualquer mudança climática que possa interferir no uso de suas respirações. Entenderam?

-Hai! - Dissemos juntas, ainda pasmadas com suas palavras.

-Ótimo. Já que terminaram seu café, vão para fora e comecem. Eu sairei para comprar suprimentos na vila mais próxima. - Ele se levantou e direcionou seu grande corpo para a porta, onde pegou seu haori e colocou por cima de seus ombros cobrindo a palavra "Exterminador" de seu uniforme. Viro seu rosto para trás lentamente e nos lançou um pequeno sorriso. - Boa sorte, meninas.

Mal esperou nossa resposta e saiu, nos deixando para trás com os pensamentos á mil por hora. Mariko parecia veemente preocupada, então segurei suas mãos. Elas estavam um pouco mais ásperas do que quando começaram os treinamentos, mas não tanto quanto as minhas, que eram treinadas para o uso de força bruta.

-O que te preocupa, irmã?

-Nee-San, e se não conseguirmos? - Eu já esperava pela pergunta, pois sempre que Himejima aumentava a rotina de treino, Mariko se preocupava. Eu sorri levemente, como todas as outras vezes, e lhe apertei as mãos.

-Nós vamos conseguir. Pois somos Shinazugawa. E os Shinazugawa são fortes.

Ela sorriu e foi tudo o que precisava para que eu me erguesse e me direcionasse para a porta, ainda segurando sua mão. Ignorando nossos Haori's suspensos ao lado da porta saímos e encontramos somente o frio.

-Nós vamos conseguir.

5 horas depois

Concluímos todas as 90 corridas subindo e descendo a montanha. Nossos corpos estavam quentes e nossa respiração estabilizada pelo treino. Haviam poucas escoriações em nossos corpos, devido aos pequenos galhos nas passagens estreitas no decorrer da montanha, mas estávamos bem.

-Ok, agora vem a parte difícil.

Disse enquanto encarava a grande cachoeira. Suas aguas caiam muito rápidas e com visível força nas pedras ao fim delas. Se ficássemos ali por muito tempo, seriamos partidas no meio isso se não perdêssemos a consciência com a pressão d'agua.

-Vamos Imouto. - Disse segurando sua mão, atraindo seu olhar apavorado. - Nós vamos conseguir.

-Por que somos Shiazugawa's? - Perguntou ela me olhando meio em dúvida. Lhe ofereci um sorriso que a acalmou visivelmente e apertei mais sua mão.

-Porque somos fortes.

E entramos na agua congelante. Haviam se passado algumas horas de corrida, mas o frio não deu trégua em momento algum. Meu corpo tremulou inteiro quando entrei na agua e soltei um curto grito em conjunto com minha irmã.

Fomos aos trancos e barrancos cada uma para uma pedra aos pés da cachoeira. A agua batia ali com uma força absurda e, só de ter colocado a mão ali, senti a queimação exercida pela força da queda e logo pude ver a coloração avermelhada no dorso da minha mão. Eu vou morreeer.

-1... 2... 3!

Contamos e sentamos nas pedras. O impacto foi imediato. Minhas costas receberam toda pressão da agua e senti a ardência se alastrando por ela.

-NEE-SAN! - Ouvi a voz de Mariko e olhei na direção, sem conseguir enxergar nada além de agua. - CONCENTRE-SE NA SUA RESPIRAÇAO. DEIXE A AGUA BATER EM SUA CABEÇA E USE A RESPIRAÇÂO TOTAL.

-ENTENDIDO! - Gritei enquanto fazia o que me foi instruído pela rápida percepção de minha caçula. Tentei respirar, mas só engoli agua me fazendo tossir agressivamente. Mas não desisti.

5 minutos depois eu já nem sentia meu corpo. Estava completamente dormente pela pressão e pelo frio. Sentia minha consciência oscilando e meu corpo fraquejando. Me senti caindo para frente e afundei na agua do pequeno lago entrando em um estado de inconsciência.

Eu só vivo desmaiando, que coisa!

As Irmãs ShinazugawaOnde histórias criam vida. Descubra agora