Capítulo 8

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Capitulo 8

Aquele descontrole de Saori Nee-san foi algo que verdadeiramente me deixou assustada.

Era como se fosse outra pessoa. A postura era diferente, a agressividade maior, a opacidade gravada nos olhos. A aura dela não parecia dela.

Eu fiquei tão surpresa que sequer consegui reagir no momento em que uma figura fora jogada com força o suficiente para quebrar a parede que dividia os quartos.

Quando percebi que era minha irmã, admito que um calafrio se alastrou por meu corpo e o medo desestabilizou um pouco minha mente, mas ainda sim armei minha guarda para me defender.

Foi tão rápido que sequer pensei. Quando vi, ela já havia jogado Uzui-san e Himejima Nii-san para cantos opostos com uma força jamais presenciada por mim. Era surreal de tão absurdo. Uma garota pequena, com seus recém completos 14 anos, lançando longe dois homens com o dobro de seu tamanho e massa muscular, com a maior posição hierárquica do mundo dos exterminadores de Onis, era algo absurdo de se acreditar.

Se me contassem eu também não acreditaria.

Sua força era tão grande e fora de controle que a aura do ambiente rapidamente mudou, assim que notamos o que estava acontecendo. Era como se fosse outra pessoa tomando conta de seu corpo.

As duas mulheres que estavam discutindo quando acordei juntamente com uma que não havia visto ainda, se posicionaram para me proteger. Me proteger de minha própria irmã, isso é tão absurdo quanto assustador e ainda me custa acreditar.

Mas, se nem mesmo Himejima Nii-san pôde para-la, não serão as pequenas mulheres que iriam.

Logo ela estava na minha frente. Com seus olhos opacos e avermelhados, seus cabelos desgrenhados e seus dentes expostos. Dizem que uma pessoa com raiva absurdamente incontrolável e primordial revela seu eu mais bestial. Eu não sabia o significado destas palavras até agora que vi com meus próprios olhos.

Minha irmã, naquele momento, era outra pessoa e só me caiu a ficha disso quando senti que ela definitivamente tiraria minha vida ali, naquele momento.

Diversos sentimentos me passaram pelo corpo naquele instante. Em poucos segundos senti mais medo do que quando minha mãe transformada matou meus irmãos. Em poucos instantes senti mais tristeza quando descobri que Sanemi Nii e Genya Nii-san nos abandonaram a própria sorte. Depois uma raiva desconhecida por mim, mas que percebi ser vinda dela.

Quando ela apertou suas mãos em meu pescoço eu senti o que meus irmãos deveriam ter sentido ao morrer pelas mãos de nossa mãe. Achei realmente que morreria pelas mãos de minha própria irmã, como eles.

Mas mesmo com a pouca consciência que me restava eu pude ver momento exato em que seus olhos clarearam e o brilho e a limpidez de um céu do começo do anoitecer foram devolvidos a eles. Pude ver o exato momento em que minha irmã voltou e, mesmo tendo a sensação de que a morte estava prestes a me tocar, eu estava feliz porque ela havia voltado.

Quando pude sentir o ar preenchendo meus pulmões de forma abrupta e agressiva, comecei a tossir. Parecia que vapor fervente adentrava meus pulmões e queimava-os de dentro para fora. Minha garganta ardia e eu sofria de uma dor descomunal que só havia sentido no dia em que minhas cicatrizes nos braços foram feitas.

Eu não podia parar. Não poderia deixar minha irmã mais velha se culpar novamente. Não é culpa dela.

Quando a abracei por trás e lhe falei algumas palavras de conforto, senti seu corpo solavancando a cada soluço que inrrompia-lhe a garganta. Senti sua aura cheia de dor e pesar. A aura quente de raiva que havia ali fora substituída por uma tristeza tão fria e profunda que me arrepiei no mesmo instante que a abracei.

As Irmãs ShinazugawaOnde histórias criam vida. Descubra agora