Era noite e faltavam apenas dois dias para as bestas chegarem. O medo da cidade quanto as criaturas que chegavam eram tamanhas.
As persianas abaixadas, as portas trancadas, um ato inútil, mas que fazia qualquer um se sentir um pouco mais seguro. Era assim que funcionava a cabeça dos moradores daquela cidade condenada a ser destruída.
Os refugiados tinham ido até a agência e se refugiado nos porões dos Collock de graça. Annar fez um burburinho, mas nem mesmo ele podia lutar contra a agência.
.....
Kori não estava se sentindo muito bem, a ansiedade aumentava e o seu estômago esfriava. Nesses últimos dias ele sonhava constantemente com a morte dos membros de sua família. Victory cortada ao meio, Gary e Molly sendo queimados, Keloy se sacrificando para salvá-lo.
Mas a mais chocante era a sua.
Dentro de um túnel, sem braços e sem pernas, fadado a escuridão. Ele caia e caia. Gritava mas a sua voz não podia ser ouvida. Um som bizarro e crescente o dominava, o som da morte vindo buscá-lo. Ele não podia dizer quem o matava, mas ele sabia que era uma mulher. A voz era inconfundível. E ele já tinha a escutado.
Ele caia e caia até que os seus ossos se partiam, morrendo em algum lugar. Sozinho.
.....
Tentando se livrar desses pensamentos ele foi ao único lugar que ainda se mantinha aberto na
cidade. Uma taberna de nome Minha esquina. Uma casa que servia também como hospedagem. Uma casa onde tudo, absolutamente tudo, era feito de madeira. Desde as mesas, as paredes até mesmo os copos, panelas e outras coisas que certamente queimariam ao entrar em contato com o fogo.Kori se sentou em uma das mesas de madeira, segurou o cardápio de madeira com nomes entalhados e pediu um dos espaguetes com carne moída. Era a sua comida predileta.
Pouco tempo depois o espaguete chegava em um prato de madeira junto a um garfo de madeira.
Suas mãos tremiam levemente a medida que ele comia, sabendo que apenas dois dias o separavam da morte das pessoas mais preciosas para ele.
Não! Ele pensou, eles não irão morrer, se for preciso, eu os salvarei.
Mas Victory vai à luta, não vai? Uma segunda voz disse dentro dele.
O teste de Victory tinha demorado a sair. Uma das atendentes disse a ela que pessoas de níveis altos demoram mesmo. Nível 8, Kori nem pode acreditar quando viu o teste. Ela possuía magia de água e uma habilidade chamada: benção dos mares. Victory logo se tornou a pessoa mais forte da família.
Keloy não ficou surpreso, pelo contrário, estava alarmado e cabisbaixo, lia o teste como se sua vida dependesse daquilo. Quando terminou, ele devolveu o teste a garota e foi para o seu quarto, onde ficou o resto do dia.
Victory vai à luta, mas Keloy também estará lá. Ele pensou, mas o pensamento não o deixou mais confortável.
.....
Enquanto ele pensava em Victory e em seus entes queridos morrendo. Havia uma pessoa do outro lado da cidade também pensando, mas não nos entes queridos de Kori e sim no próprio garoto.
Gueni estava sentada em sua cama, usava sua camisola azul. Os óculos estavam na cabeceira e sua visão não tinha sequer um ponto que estivesse nítido. Os cabelos soltos caiam até as costas, distraída, ela os alisava com os dedos.
As palavras de Mine não saiam de sua cabeça. Kori morto. Em circunstâncias normais ela não teria acreditado. Ela poderia ter um sonho ruim e jurar que era verdade, ela poderia ter escutado o nome do garoto em qualquer lugar pela cidade. Não, não era assim, não era desse jeito, era especial.
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Os filhos de Mägur: Despertar | Vol. 1
FantasyNos primórdios dos tempos, quando os homens ainda não viviam em suas luxuosas casas e sequer pensavam em guerras, os Pilares caíram do céu. Eram construções massivas feitas de pedra, mas que se assemelhavam mais a pilares gigantes do que outra cois...