13 - Os filhos de Mägur

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As grandes portas de madeira foram abertas para mostra a Kori a sala do trono. Devia ter uns 50 metros de largura e uns 150 de altura. Imponente e magistral, janelas altas de vidro nas paredes faziam o sol banhar a sala, mesmo que nem toda. Duas escadas nas extremidades do salão levavam a uma galeria, que era onde ficava o trono do rei, todo feito de mármore.

Sentado nele, um homem de aspectos severos, cabelos negros e desgrenhados o olhava. A barba ia até o peito coberto por vestes negras e surradas. Olhar para aquele homem lhe lembrava algo velho e desgastado.

Em circunstâncias normais, Kori riria por dentro, mas a magia que emanava do homem, todo aquele poder que fluía para fora de seu corpo, o deixava com medo.

Aos pés do trono, cinco pessoas o olhavam.

O primeiro tinha os cabelos loiros que desciam pelas costas, ele sorria e o olhava (se é que é possível) com os olhos fechados.

O segundo era uma mulher. Seus cabelos e olhos escarlates davam uma cor diferente a sala, seus lábios estavam repuxados em um sorriso que mostrava os seus dentes alvos.

A mulher ao lado da ruiva era mais alta do que todos os outros, usava óculos e tinha os cabelos verdes, usava um vestido verde e o olhava com desdém, suas orelhas eram levemente pontudas. Uma elfa.

O homem do lado da mulher era o mais forte, músculos por toda a parte, seus cabelos brancos o davam a ideia de ser velho, mas ele não parecia ter mais de 30. Ele fumava um cachimbo e sequer olhava para Kori, estava mais entretido com os desenhos no teto.

O último era o mais baixo de todos. Os seus cabelos e barba negra dizia a Kori que este queria ser parecido com Mägur.

O mordomo foi embora e deixou Kori para trás, esse, não conseguia se levantar, tinha o rosto voltado para o chão de cerâmica. Caso tivesse lutar contra eles, quanto tempo levaria para morrer? O pensamento banhava todo o seu ser.

Sou fraco, ele pensou. Mesmo entre os aventureiros que conheço, eu sou mais fraco.

Mas sempre não foi assim? Ele pensou.

Molly e Gary eram mais fortes do que ele, mesmo sendo mais novos e mais cabeças-ocas. Mine também era mais forte assim como Victory, que tinha entrado a pouco tempo em sua família e já conseguia usar magia.

E eu?

Nada. Não consigo usar magia e sou ruim no combate físico. Talvez eu não sirva de nada. Ele pensou e riu consigo mesmo.

Ah, pare de pensar nisso.

— Está ouvindo? — a mulher ruiva perguntou. Kori sentiu um ardor na bochecha e gritou.

Sentia que todo o seu rosto estava em fogo, a carne sendo dilacerado. O cheiro de queimado chegou as suas narinas.

Com dificuldade, ele voltou-se para mulher, que não mais sorria.

— Como nos conhecia? — ela perguntou.

— O que quer dizer? — Kori perguntou se contraindo.

Seus dedos esquentaram e quando ele olhou, sua mãe esquerda pegava fogo.

Ele dobrou-se no chão, gritando de dor.

— Inútil. — a mulher cuspiu. — Sou a favor de matá-lo agora.

— Acalme-se, Nelly — o homem loiro disse. — Talvez ele realmente não saiba do que está acontecendo. — então se virou para Kori. — De onde você vem?

Kori sequer escutou suas palavras, a dor em sua mão era enorme, ele não conseguia segurar as lágrimas, que escorriam por todo o seu rosto até o piso de cerâmica. Sua mão, ou o que restava dela estava destruída, sangue pingava no chão e bolhas cresciam.

— Ele parece estar sofrendo, hehe. — disse o homem corpulento e de cabelos brancos, virando-se para vê-lo em sua dor. — Norma, ajude-o.

A elfa suspirou. Em um instante sua mãe se sarou e ele sentiu uma coceira na bochecha, que o dizia que essa também tinha sido curada.

— Agora, — o homem loiro voltou a falar. — de onde você é?

— Eu... — Kori tentou se lembrar. — eu não sei.

O loiro sorriu mais uma vez.

— Viram, ele não se lembra de onde vem.

— Mas sabia o nome de nosso pai. — Nelly retrucou. — Como ele podia saber o nome de nosso pai se apenas nós o conhecemos? Diga, Rogoth! — Nelly trovejou e o tal Rogoth deu um passo para trás.

— Nelly, — disse Norma. — acalme-se, não acha que está…

— Não fale como se me conhecesse, sua elfa maldita.

A elfa suspirou pesadamente.

— Temos que ouvir o garoto, quem sabe ele não tem respostas sobre…

— Eu não me importo com aqueles homens da capital, eles não podem nos matar. — Nelly disse.

— Mas eles foram capaz de matar a sua filha, não? — Norma disse. — Nadine os subestimou e acabou esquart…

— Não meta minha filha nisso, mulher. Se não eu a mato. — as mãos de Nelly brilharam quando as chamas azuladas cresceram em volta de seus braços, todos os outros olhavam boquiabertos.

Norma estendeu a mão e raízes começaram a brotar do solo.

— PAREM! — a voz rouca e obscura de Mägur ressoou por todo o salão. Imediatamente, Nelly e Norma voltaram ao seus postos. — Não tem porque pergunta-lo, vi o seu futuro e ele vai morrer em breve.

Todos, incluindo Kori olharam para Mägur.

— Ele não vem daqui, mas de outra Era, uma Era no futuro onde nós estamos presos e quase mortos. — Mägur olhava diretamente para Kori, que não conseguia olhar para outro lado.

— Eu não ire...

— Hanedrorn! — Mägur disse.

Kori nem teve chance de dizer nada, seu peito foi transpassado por uma mão negra. Não, uma mão negra nasceu em seu peito. A mão segurava o seu coração. Kori teve tempo para olhar Mägur, que o contemplava sem expressão nenhuma.

Então ele morreria mesmo.

— Que... infelicidade. — ele disse para si próprio quando caiu de cara no chão.

.....

Em Colomar, Hetho olhava para o corpo imóvel de Kori. Mex tinha se sentado em sua cama e Herca olhava pela janela para o céu noturno.

O anfitrião caminhou até onde o corpo de Kori estava caído, imóvel e com sangue escorrendo da boca. Pessoas entravam no quarto, algumas garotas gritaram, outros tampavam a boca, já outros correram para vomitar.

Enquanto todos olhavam o corpo de Kori começou a se mexer. Todos prenderam a respiração. Seus olhos se abriram e ele se sentou, não entendendo onde estava.

Mex gritou e foi seguido por todas as garotas que presenciavam a cena. Herca não podia acreditar, nem mesmo Hetho. Mas ele pode ver o que aconteceu com o corpo de Kori, apenas ele.

— Então é isso. — disse baixinho.

Kori não se lembrava de nada, mas tinha a impressão que estava em um sonho, um sonho muito movimentado.

— Onde estou? — ele perguntou.

— Seu... não nos assuste desse jeito! — Herca gritou para ele. — Pensávamos que estava morto!

— Morto? — ele perguntou de volta, olhando para todos aqueles que o contemplavam.

Morto! A palavra soava dentro de si. Eu vou morrer de verdade da próxima vez.

Alguém o havia dito isso, mas ele não se recordava de quem tinha sido a pessoa.

Enquanto pensava o seu corpo amoleceu e ele caiu mais uma vez, dessa vez dormindo, mas arrancou diversos gritinhos das garotas novamente.

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Os filhos de Mägur: Despertar | Vol. 1Onde histórias criam vida. Descubra agora