Na mansão dos Vandsfurg, Gueny não conseguia dormir. Venay tinha saído cedo aquele dia, segunda a mesma, apenas para passear um pouco. Maa Gueni sabia da missão que a agência a tinha confiado: Averiguar os Filhos de Mägur.
Venay era forte o suficiente para transformar gelo em Meltranol e talvez pudesse congelar os filhos de Mägur caso eles escapassem, mas tinha um pequeno problema nisso tudo. Até onde se sabia, Mägur e seus filhos estavam no Andar mais baixo do Pilar, nunca explorado, a não ser pelos Aventureiros Originais. Então, ela teria que pesquisar nos andares mais altos.
Os monstros no Pilar estavam cada dia mais inquietos, alguns falavam que a causa era a aproximação das bestas, mas isso não era confirmado. Nenhuma das histórias mencionavam uma relação entre Mägur e o Pilar. O mais provável era que algo nos andares mais baixos estava acontecendo.
O passado era suspeito e pouco conhecido. Talvez seja bom eu começar a pesquisar, pensou Gueny.
Foi naquele momento, deitada em sua cama, ela escutou o som do portão da frente se abrindo. O seu quarto ficava no quinto andar da mansão, em um dos quartos da frente. Ela correu para
a janela e puxou as cortinas.Venay caminhava devagar e cansada, os ombros arqueados para frente. Ela só ficava assim quando estava triste, Gueny já presenciara uma dessas cenas, mas apenas uma.
Colocou o seu vestido azul habitual, os óculos, desceu as escadas e foi até onde a anfitriã se encontrava. Suas mãos estavam ensanguentadas e com a pele ferida, o mesmo com sua testa.
— O que esteve fazendo? — Gueny perguntou quando viu o seu estado.
— Liberando a minha raiva, apenas. — Venay se defendeu. Gueny tocou em sua testa e mãos e usou a magia de cura, não era totalmente eficaz, mas daria um jeito de fechar as feridas e parar o sangramento.
— Obrigada. — disse Venay, suspirando — Gueny, poderia me acompanhar até o meu escritório, quero desabafar um pouco. — a anfitriã disse com uma cara de súplica.
— É... É claro. — o pedido era estranho, Gueny estava com medo do que estava por vir.
.....
Venay se sentou em sua poltrona; olhava para os quadros pendurados em sua parede. Um deles, aquele que guardava com mais carinho, continha um retrato seu, feito pela única pessoa que a amou, o que ela pensava na época.
Ao lembrar-se de sua tarefa, por algum motivo, seus pensamentos foram levados ao antigo namorado. Não era a melhor pessoa do mundo, mas era alguém, no mínimo, que dava para conviver.
Os dois estavam apaixonados e foi nesse tempo que ele pintou aquele retrato seu. Ela estava linda, os cabelos em tranças por sobre o ombro, os lábios vermelhos contraídos em um sorriso sincero, um dos poucos que já conseguira reproduzir, os olhos azuis brilhavam sobre o sol forte.
Ela bateria nele até desmaiar quando descobrisse que ele só a pedira em namoro por ter perdido uma aposta, mas naquele momento, ela estava linda e nada tinha sido mais excitante e feliz em sua vida.
Quando o seu coração foi despedaçado, ela buscou forças no Pilar, treinando e mantando todos os monstros que entrassem em seu caminho. Ela não dependia de mais ninguém, era ela e ela própria.
— Se continuar descontando a raiva nos outros, ninguém vai se interessar por você. — Keloy havia dito na primeira vez que se encontraram dentro do Pilar, nesse período, ela tinha por volta dos 14-15 anos.
Ela se lembrava do chute entre as pernas que deu nele. Keloy caira no chão de dor e ela continuou o chutando nas costas e estômago.
Estranhamente, os dois tinham se tornado amigos.
E aqui estavam eles, vivendo uma vida de desafios e tarefas.
— Gueny! — Venay voltou de seus pensamentos. Gueny, que tomava um xicara de chá se sobressaltou e molhou o seu vestido azul.
— Ah, droga! Sim, anfitriã? — perguntou enquanto passava a mão sobre a mancha de chá.
— O que faria se lhe fosse atribuída uma missão impossível? Você tentaria cumpri-la, mesmo que não fosse possível? — Venay perguntou.
Gueny ajeitou o óculos no nariz.
— Acredito que tentaria, sim. Tarefas tem um propósito, assim como missões. São coisas a serem feitas, não deixadas de lado. — Gueny disse, séria. — Assim como promessas. — Venay às vezes não acreditava que a garota tinha apenas 20 anos.
— Tem razão. Tarefas devem ser cumpridas. É, sim, está certa, como sempre. É o que devo fazer. — disse por fim, olhando para o teto.
Suas palavras são apenas fragmentos de seus pensamentos, Gueny pensou.
Ela ajeitou os óculos mais uma vez, não sabendo muito bem o que a anfitriã falava.
Um enigma? Gueny pensou, não, não parece ser.
E de fato era algo maior.
Matar Mine, Venay pensou, será que conseguirei?
Como se fossem ligados por pensamentos, Keloy em sua casa pensava algo parecido.
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Os filhos de Mägur: Despertar | Vol. 1
FantastikNos primórdios dos tempos, quando os homens ainda não viviam em suas luxuosas casas e sequer pensavam em guerras, os Pilares caíram do céu. Eram construções massivas feitas de pedra, mas que se assemelhavam mais a pilares gigantes do que outra cois...