Eu devo estar realmente sem moral para ser designado para buscar o pirralho depois da aulinha dele. Como se o idiota do Daniel não pudesse pegar um ônibus. Porém, meu pai disse que estava com medo dele fugir de suas obrigações e não aparecer para o estágio hoje, como já fez várias vezes desde que começou a trabalhar. E, infelizmente, devido a uma nova proposta de fusão, a empresa está um caos. E até que ele consiga novos e brilhantes estagiários, meu pai está precisando de todos os que já tem. Além disso, faltar seria desobedecer a uma ordem direta. E se meu irmãozinho querido vai fazer isso, eu quero ter a honra de contar para o pai, para ver quão sério vai ser a surra que ele vai levar. Não, não gosto da desgraça alheia. Só a do meu meio-irmão.
E falando no diabo, aparece o rabo. Eu estava descansando, caçando uma linda visão de uma universitária, quando percebi que ele estava lá, no meio daquela multidão absurda de estudantes. Era fácil identificar um loiro de cabelos claros na multidão. Bendita herança de família holandesa, com a pele e os cabelos claros. Estava indo em direção ao meu irmão, para lhe provocar, quando me esbarrei com alguém. Infelizmente, tenho o hábito de não prestar atenção à minha volta. Costume adquirido do fato que todas as pessoas, sentindo minha presença ameaçadora, se afastam em um raio de um metro. Já ia xingar quando percebi que era uma mulher, e não um homem. Isso acalma meu humor, se é que você me entende.
- Toma cuidado, linda. – falei, usando meu tom que fazia as mulheres se derreterem.
- Peço desculpas. Estava distraída. – disse ela num tom calmo, quase monótono.
Como é que é? Quem essa puta pensa que é para ousar fingir que está resistindo a mim? Ah, não hoje, querida. Eu sempre levo quem eu quero para a cama. Eu sempre faço quem eu quero se derreter de amor. Até famílias já separei (é, eu sou canalha, sei), e não é você que vai ser a boazona das galáxias e ignorar meu charme. Mais irritado do que motivado, a olhei bem nos olhos (nossa, azuis, que raro) e me ajoelhei para pegar um bloco que tinha caído. Mas além de tudo é puta, só tem desenho no caderno. Meninas, eu vou lhes dar uma dica para pegar um cara: estude. Não tem nada mais sexy do que uma mulher que sabe do que está falando e não simplesmente defeca pela boca.
- Catarina! – chamou a amiga dela, com a voz urgente.
- Peço perdão se atrasei vocês duas. – dei meu melhor sorriso – Eu não tive a intenção.
A garota pareceu perdida por um momento. Após alguns segundos, abriu um grande sorriso e pareceu mil vezes mais relaxada. Isso, assim que eu gosto. Não resista ao meu charme, simplesmente caia nele e me faça um homem feliz. Talvez ela fosse a visão que eu estava procurando. Talvez eu lhe faça a caridade de lhe levar para a minha cama, já que me parece muito nova e certamente deve ter um fetiche por homens mais velhos. Uma boa porcentagem das mulheres abaixo de 20 tem.
- Não tem problema, gato. – a amiga soltou uma risadinha.
- Loiro. – comentou a menina em quem eu esbarrei.
É isso que se chama uma pessoa que tem cabelos claros em tons de amarelo, sua burra, quase disse. Controlando meu instinto Daniel, sorri para ela e passei a mão pelos cabelos, de um jeito ensaiado para conquistar as meninas e ganhar presentes. Não, não o tipo de presente que se compra na loja. A não ser que, com loja, você queira dizer puteiro. Bem, você já me entendeu.
- Esse loiro é mais legal que o Daniel. – sorriu a amiga dela.
- Vocês o conhecem? – perguntei surpreso.

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Os Irmãos Becker e Eu
RomanceCatarina Cavalcanti tem algumas situações para resolver em sua vida. A garota tem sérios problemas para perceber quando os garotos gostam dela como algo mais. Memória fotográfica, o que a faz mais inteligente do que a maioria das pessoas. E ainda é...