Catarina

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 Todos estão tão estranhos comigo. Hoje, quando cheguei à empresa, vi Enzo e Daniel conversando baixo, como se compartilhassem um segredo. Aproximei-me, incerta, e dei boa tarde. Os dois viraram para mim e me cumprimentaram de volta. Até aí, tudo normal. Mas o caso é que eles me cumprimentaram de um jeito diferente. Daniel, que sempre me sorria e me abraçava, disse um “boa tarde” seco e se afastou. Parecia magoado. E quanto ao Enzo... Ele me lançou um olhar frio, me cumprimentou e foi se afastando para o elevador. Eu o segui, sem graça. Era a primeira vez que eles me tratavam assim, e eu não tinha a mínima ideia do por que. Daniel se irritava facilmente e, se fosse só ele, eu até entenderia. Mas o Enzo era uma pessoa séria e normalmente não se abalava com nada.

 Será que eu fiz besteira? Mas eles estavam normais da última vez que os vi. Talvez eu tenha sido grosseira com eles ao telefone. Repassei a conversa que tive com os dois mentalmente. Deve mesmo ser isso, afinal, não tinha outro motivo. Percebi, tarde demais, que Enzo já estava com um café na mão. Isso foi como um tapa na minha cara. Arregalei os olhos para a o copo de papel, surpresa e magoada. Será que eu fui tão rude que ele nem quer mais falar comigo? Mas isso é impossível. Será que é porque ele acha que eu não tenho ética de trabalho? Mas eu estou aqui, no horário, e disposta. Bem, não tão disposta. Mas estou me esforçando. O que eu fiz de errado? Baixei a cabeça, suspirando. Eu não estava acostumada a ser tratada assim pelos dois, e isso doía. Quando o elevador abriu, Paula veio me abraçar.

                - Ora, vamos. Parece uma morta-viva. Tenho certeza que ontem foi fantástico, não é? – riu Paula.

                - Não me lembre. – gemi, envergonhada.

 A verdade é que o começo da noite foi realmente fantástico. Lúcio é um cara muito alto, negro, de olhos castanhos penetrantes. Ele é muito atraente, com aquele porte físico que faria inveja em qualquer um, até no Enzo. Ele é, nas palavras de Sandra, um “molha-calcinhas com pernas”. Porém, não é só isso. Ele é muito inteligente e achou o fato da minha esquisitice da memória incrível. Ele disse que eu deveria agradecer, já que são poucas as pessoas com memória eidética que não tem nenhuma síndrome que prejudique seriamente suas relações sociais.

 Ele me fez piadas nerds, e isso foi realmente fofo. Mesmo quando o restaurante em que estávamos fechou, ele fez questão de me levar na praia. Copacabana à noite é linda, e eu nunca tinha visto. Ele me censurou seriamente sobre isso, rimos e ficamos conversando por horas. Quando deu mais ou menos quatro horas, ele me levou novamente para casa, onde eu lhe ofereci um suco. Ele aceitou, e entrou, sentando no meu sofá e olhando ao redor com curiosidade. Eu lhe trouxe o suco e ele me sorriu, indicando que eu sentasse ao seu lado. Após beber tudo, ele ficou me observando por um momento. E então, ele colocou o copo na mesinha de centro e suspirou, ficando ainda mais perto.

                - Você é tão sexy... – ele sussurrou na minha orelha – Além disso, é inteligente. – ele deu um beijo no meu pescoço, fazendo minha pele arrepiar – E muito engraçada. Às vezes me pergunto se você é de verdade. – ele mordeu minha clavícula.

 Eu deixei escapar uma exclamação de surpresa e ele riu. Respirou fundo, perto da minha orelha. Eu sabia o que ele estava fazendo, pelo menos. Era ali que eu colocava meu perfume. Mas me surpreendi quando senti suas mãos em minha cintura. Eu corei imediatamente, surpresa demais para fazer alguma coisa. E, quando o choque passou... Eu já não queria fazer nada sobre isso. Era tão gostoso. Ele passava as mãos da minha cintura até minha coxa, apertando com força e rosnava de vez em quando. Ele fazia carícias no meu pescoço, e eu sentia a temperatura do ambiente aumentar.

 Após alguns minutos assim, ele me puxou num movimento brusco para que eu deitasse no sofá. Exclamei novamente, e ele logo estava por cima de mim. Ele estava tão colado, que eu sentia um volume contra o meu ventre... Enorme. Tão grande e tão perto, que eu comecei a pulsar. Meu ritmo cardíaco aumentou na hora e eu comecei a ofegar. Ele riu em minha orelha e então foi subindo uma das mãos para o meu quadril. Depois, a minha cintura. Depois, ainda mais para cima. Ele apertou um dos meus seios e eu gemi, fechando os olhos e sentindo bem aquela carícia. Eu nunca tinha sido tocada desse jeito. Ele então foi descendo os beijos do meu pescoço, logo beijando a parte dos meus seios que estavam descobertas pelo vestido.

Os Irmãos Becker e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora