Daniel

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 Enzo e eu estávamos sentados, na frente do meu pai, esperando quem quer que fosse para começar essa reunião maluca que ele acabou de convocar. Sério, ele acabou de convocar uma reunião. Pediu para que Elena (ela não entrou faz nem uma semana e já estou com pena da menina, que fica para lá e para cá atendendo aos caprichos do meu pai) me chamasse enquanto eu estava concentrado no meu estágio (ok, eu admito que estava mais enrolando do que concentrado) e dissesse que ele havia convocado uma reunião de emergência. Como era de se esperar do meu pai, eu e Enzo corremos até aqui, e ele simplesmente não começou ainda a maldita reunião. Mas que merda, estou perdendo meu tempo nisso. Quem ele está esperando? Alguém de fora da empresa? Será que ele está morrendo e quer fazer o testamento?

 Porém, quando a porta da sala do meu pai se abriu, com certeza não eram advogados que estavam entrando. Catarina abriu a porta, com seu uniforme de secretária (essa saia torna suas pernas simplesmente poesia) e a segurou. A minha mãe veio logo atrás, e ela estava linda. Estava com uma pose mais confiante do que a que tinha usado esses dias, e definitivamente parecia bem melhor. Atrás dela, vinha Tatiana. A mulher era elegante por natureza, essa é a única explicação. De outro jeito, como alguém ficaria tão legal em calças jeans e uma regata colada? Se bem que ela ainda usava os saltos.

                - Perdão pelo atraso. – disse Catarina.

                - Bem, não é exatamente nossa culpa. – disse Tatiana.

                - De quem mais seria? – perguntou minha mãe, de cara feia.

                - Sua, por demorar tanto se arrumando. – Tatiana revirou os olhos – Não importa o quanto você se arrume, elegância não é algo que possa ser aprendido assim.

                - Ela só quer dizer que você estava bem do jeito que estava vestida antes. – disse Catarina, parecendo desesperada.

                - Mãe, não atormente a Daniela. – disse Enzo, levantando da sua cadeira.

 Tatiana bufou e revirou os olhos novamente, andando com elegância até a cadeira oferecida por Enzo. Ela sentou e cruzou as pernas, olhando ao redor da sala. Já a minha mãe me lançou um sorriso e eu levantei, deixando que ela andasse até mim e sentasse na cadeira que eu antes estava. Percebi que ela não tinha muita confiança usando saltos. Catarina suspirou e veio até nós, ficando entre as duas, de pé. Apesar disso, ela tinha um sorriso (mesmo que um tanto tenso) no rosto e uma pose relaxada, como se estivesse à vontade. Ela torcia as mãos, mas tenho que admitir que é um tique adorável.

                - Eu chamei todos aqui porque vai haver uma convenção da família Becker semana que vem. – informou meu pai.

                - Então por que eu estou aqui? – perguntou Tatiana, parecendo entediada, mexendo em um colar que parecia caro.

                - Você é a mãe do meu filho mais velho. – ele disse um tanto feliz.

                - O que faz dele um Becker. Eu sou divorciada, não tenho nada a ver com essa família. Nem a Catarina, a propósito. – ela disse com acidez.

                - Ei! – eu protestei.

                - Não, está tudo bem. – disse Catarina – Eu mesma não entendi minha presença aqui.

                - Vai ser mais uma reunião de negócios do que uma reunião de família. Além disso, meu pai quer ver você, Tatiana. Sabe o quanto ele é apegado a você. – disse meu pai com calma enquanto mexia em alguns papéis.

Os Irmãos Becker e EuOnde histórias criam vida. Descubra agora