Capítulo 3

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RACHEL



— Que vadia! Se eu encontrar essa plastificada na rua, quebrarei aquela cara feia dela, amiga!

Tentei não rir da explosão de Lily quando comentei a alegria de Dora ao deduzir que eu tinha sido demitida por Richard. Algo me dizia que a sua maior frustração era não ter se tornado a namorada do meu ex depois que terminamos; apenas uma distração casual. Quando ligou para mim, Gregory deixou claro que não estava namorando ninguém, mesmo que isso não fizesse diferença alguma, pois jamais o aceitaria de volta.

Como dizia a minha amiga, aquele homem só tinha servido para atrasar a minha vida, achando que conseguiria me transformar em uma mulher dócil e submissa.

— Fique à vontade, mas prefiro que não faça nada. Eu pouco me importo com o que Dora pensa. Já consegui o que eu queria só de ver a frustração estampada no rosto dela ao saber que eu tinha conseguido um dos cargos mais respeitados do jornal.

— Um brinde ao tapa na cara que a pateta da Dora recebeu!

— Saúde!

Erguemos nossas taças e viramos de uma só vez o copo de Margarita que Téo tinha preparado para a nossa noite de comemorações. Lilian estava em êxtase por ter conseguido um aumento e mal podia acreditar que um dia tão ruim tinha acabado desse jeito.

— Você já sabe sobre o que será a sua primeira matéria?

— Richard me falou por alto, mas prefiro manter tudo em sigilo até entender o caso. Eu prometo que contarei a você assim que puder.

— É claro, amiga! Mudando de assunto, você reparou em como estamos bem nesse bar? Eu não entendo como é possível existir tantos médicos gatos. Quando eu digo que este bar é um paraíso, não estou de brincadeira.

Foi impossível esconder a diversão, mesmo revirando os olhos e tentando fazer cara de séria. Não podia negar que nunca tinha visto tantos médicos lindos reunidos em um só lugar, e isso acontecia todas as vezes que decidia sair para beber com Lily e acabávamos no Destopik.

O único problema eram as mulheres assanhadas que pareciam se produzir com o único intuito de conquistar algum homem de jaleco. Nunca entendi essa fascinação por homens uniformizados, muito menos por médicos. Eu, ao contrário da maioria, passei anos temendo-os e até hoje não gostava de entrar em hospitais.

— Não consigo entender o motivo para tanto. Eles são caras normais.

— Rachel, me desculpe a sinceridade, mas você está com problemas de vista? Não há nada de normal nestes homens que aparecem aqui para beber depois do trabalho. Eu amo todas as profissões, mas ficaria satisfeita em paquerar somente estes belíssimos espécimes. Imagine só como deve ser excitante brincar com eles de médico? A agilidade que devem ter com as mãos...

— Lilian! Por Deus, mulher! Deixe de ser assanhada e se controle! Nunca vi nada demais nesses caras.

— Agora é você quem está dizendo asneiras, amiga. Vai falar que é por causa do seu medo de médicos? Rachel, você tinha seis anos!

Dei de ombros e pedi outro drinque ao barman, que piscou para mim e disse que já estava saindo. Téo era lindo e tinha músculos perfeitamente trabalhados, mas toda a atração durou aproximadamente dez segundos, terminando basicamente quando o vi aos beijos com Harry, seu sócio e namorado igualmente maravilhoso.

Os dois nunca esconderam que estavam juntos e nunca vi ninguém olhando para eles com preconceito, principalmente porque acabariam banidos do bar mais incrível da cidade. Se não bastassem os drinques deliciosos preparados por Téo, a variedade de pratos que eles disponibilizavam no cardápio me deixava com água na boca. Inclusive, via muitos médicos jantando, provavelmente aproveitando algum intervalo de trabalho.

[DEGUSTAÇÃO] Razões para nunca esquecer - SÉRIE HERÓIS #3Onde histórias criam vida. Descubra agora