Capítulo 10

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WILLIAM


Apesar de ter visto e vivido boa parte das experiências que um homem da minha idade deveria ter colecionado em seu caderno de recordações, Rachel estava me dando a chance de sentir algo totalmente novo e inesperado. Não havia explicação para essa avalanche de sentimentos bons que vinha me atingido desde que ela surgira em minha vida, mas não queria questionar esse milagre repentino por medo de perdê-lo.

Mais do que nunca, eu estava vivendo um momento muito solitário, querendo muito uma companheira em quem pudesse confiar e, quem sabe, chegar a amar. Por mais agradáveis que tenham sido os meus relacionamentos passados, sabia que nunca tinha chegado a realmente amar minhas namoradas. Eu não me eximo da culpa, porque sei muito bem que minha dedicação excessiva aos estudos tinha, de certa forma, contribuído para que o meu tempo dedicado ao namoro fosse encurtado, e que os plantões e interrupções de encontros para que eu atendesse um chamado urgente do hospital acabariam esfriando qualquer namoro, por mais compreensiva que fosse a mulher que estivesse comigo.

O pior era saber que eu poderia ter contornado a situação, que eu poderia ter me esforçado mais e retribuído o amor que elas me ofereciam. Por essa razão, eu não me surpreendia quando elas me diziam, às vezes com lágrimas nos olhos, que por mais que gostassem de mim, o meu emprego seria sempre a minha prioridade.

Peguei o celular sobre a mesa de cabeceira e reli a mensagem enviada por Rachel pouco depois que tínhamos nos despedido. Ainda sorria feito um idiota quando pensava na força daquelas palavras, vindas de uma mulher que se dizia insegura no campo afetivo, que usava o tempo em seu favor para evitar intimidade. Assim como eu, ela tinha outras prioridades, e era por isso que talvez pudéssemos dar certo, pois éramos duas pessoas vividas e cansadas de deixar a felicidade para depois.

Como ainda era cedo para visitar Ravi e Nicole, decidi preparar um café da manhã reforçado e pensar no que eu faria em relação à minha vizinha. Eu costumava esperar algumas semanas para, então, começar um namoro, mas eu não queria esperar nem mais um encontro para poder chamá-la de minha.

Possessivo? Talvez, mas quando você se depara com uma pessoa capaz de colocar um sorriso permanente no seu rosto, alguém tão especial que te mostra uma nova perspectiva de vida e desperta dentro de você um mundo novo de emoções, esperar se torna uma tolice. Ao invés de passar semanas conhecendo-a antes de pedi-la em namoro, podia começá-lo agora e ir aprendendo novas facetas da mulher que eu já considerava uma caixinha de surpresas.

Estava tomando uma xícara de café quando ouvi alguém se aproximar da minha porta. Podia ser um vizinho qualquer precisando de conselhos médicos, mas o único que batia ao invés de tocar a campainha era o meu amigo, que não pensara duas vezes antes de comprar o apartamento ao lado quando seu irmão decidiu viver com Nicole.

— Bom dia, meu irmão. Voltei cedo ontem pra gente tomar umas cervejas, mas você não estava em casa. Decidiu sair?

Zion subiu em uma das banquetas da cozinha e se serviu de café, comendo uma fatia de pão que eu tinha preparado na torradeira.

— Rachel me ligou.

Como imaginei que fosse acontecer, meu amigo arregalou os olhos e me encarou de boca aberta, não esperando que eu dissesse nada parecido com isso.

— É sério, cara? Mas, ontem...

— Ela me ligou depois que nós dois conversamos. A gente acabou indo ao novo pub que o Ravi quer ir e ficamos de conversa até tarde.

[DEGUSTAÇÃO] Razões para nunca esquecer - SÉRIE HERÓIS #3Onde histórias criam vida. Descubra agora