[DEGUSTAÇÃO] Razões para nunca esquecer - SÉRIE HERÓIS #3

Capítulo 7

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RACHEL

Desde o dia em que decidi fazer Jornalismo, jamais me arrependi da decisão que tomara. Eu tinha inúmeras razões para explicar minha escolha de curso, mas nunca este caminho me pareceu tão certo quanto no momento em que entrei no jornal e caminhei sem receio até a minha nova sala. Todos já estavam em seus lugares, inclusive Dora, que me olhava com aquela expressão azeda que significava inveja por eu ter sido escolhida para ocupar o lugar que ela desejava estar, e talvez tivesse sido o seu olhar o combustível que me levou a caminhar sem pressa entre as baias dos jornalistas, me sentindo a pessoa mais realizada daquela redação.

Meu primeiro dia como jornalista investigativa oficial do Paolo Post foi simplesmente perfeito e completamente atípico, pois meu tempo foi dedicado a organizar a sala até que ela ficasse com a minha cara. Maggie e Richard passaram para ver como eu estava me sentindo e vários colegas voltaram a me parabenizar pela promoção, fazendo questão de falar bem alto para incomodar certas pessoas.

– Não vá morrer de inveja, Dora! – Ashton gritou da sua baia, deixando minha inimizade vermelha de raiva e vergonha.

Mesmo nos conhecendo há tão pouco tempo, já adorava o jornalista mais fashion do Paolo Post.

A semana em si transcorreu maravilhosamente bem. Richard não estava brincando quando disse que eu tinha carta branca para fazer minha investigação do jeito que achasse melhor e liberou uma verba monstruosa para qualquer tipo de gasto que eu fosse ter. Viagens também estavam custeadas caso eu precisasse me encontrar com fontes fora da cidade, além de acesso irrestrito a documentos sigilosos da polícia. Eu ainda teria que me encontrar com o policial que Richard conseguira para trabalhar comigo, me auxiliando com as pesquisas e sanando todas as minhas dúvidas, mas marcaria um horário com ele apenas quando tivesse levantado informações suficientes para discutirmos.

Apesar de todo o empenho no início desse novo trabalho e da correria habitual do jornal, minha mente não conseguia parar de pensar em William. Mesmo tendo me divertido e me surpreendido por não ter havido nenhum silêncio constrangedor nos inibindo, não esperava sentir tamanha vontade de ligar para ele. Eu não estava me fazendo de difícil, longe disso, mas a verdade era que eu tinha medo de ligar e a atração inegável que eu tinha sentido durante aquele encontro inesperado se mostrar ainda mais forte.

— Será que a majestosa jornalista investigativa do Paolo Post teria tempo para conversar com a simplória amiga dela?

Quase caí da cadeira quando vi Lily de pé na porta da minha sala, os braços cruzados e um sorriso convencido no rosto. Ela raramente me visitava no trabalho, por isso senti um misto de alegria e apreensão.

— Amiga! O que você está fazendo aqui?

Demos um abraço e Lilian foi se sentar no pequeno sofá de dois lugares enquanto eu fechava a porta.

— Acabei saindo cedo do trabalho e resolvi passar aqui para ver você. Sinto que quase não nos vimos essa semana.

Podia parecer exagero, mas minha amiga estava certa. Muitos poderiam achar que eu estava querendo impressionar o meu chefe, mas eu estava tão animada com a chance de conduzir sozinha uma investigação desse tipo que acabei ficando até tarde no jornal fazendo as minhas pesquisas. Quando chegava em casa, Lily já estava dormindo ou tinha saído para se divertir. Sentia como se tivéssemos passado a semana inteira nos comunicando por recadinhos pregados na geladeira.

— Ah, Lily. É verdade. Me desculpe por...

— Não, amiga! Não quero que se sinta culpada por estar se dedicando a algo que você ama. Mas como tenho um encontro quente esta noite, não queria ficar mais um dia sem ver você.