09 de junho de 2020

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A favela chora,
enquanto chovem balas,
disparadas em nome de uma guerra
que nunca será vencida,
já que a mão que atira
é a mesma que financia.

O sangue que cai ao chão
nunca toca a gravata preta
e até quando a verdade é escancarada,
ninguém dá importância.

O grito que fala mais alto
é o do poder, que ofusca
os pedidos de socorro
e normaliza a morte
daqueles que lutam
por um prato de comida na mesa
e depois ainda dormem
com a incerteza de não saber
se estão seguros em casa.

A ferida não dói em você
porque não é a sua realidade,
mas ela existe, é real,
no corpo dos inocentes
que todos os dias
deixam essa vida,
enquanto seguimos a nossa
fingindo que nada
está acontecendo.

A boca que cala
é a boca que consente,
os olhos que não veem
só vão enxergar
quando a dor também estiver
na porta da sua casa.

O maior crime de todos
é o descaso que existe
com aqueles que tem pouco
dinheiro no bolso.

A única guerra possível
é contra a injustiça e a desigualdade,
o resto é covardia.

Lutemos.

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