05 de julho de 2020

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- 1 -

Passa tempo
na janela
e eu só sei
pensar nela,
naquela menina
do sorriso bonito,
da cara faceira
e da mente avoada.

Aquela menina
que pensa muito,
sonha alto
e sempre que
pensa em mim
tem um enorme
sorriso no rosto.

Todo fim de tarde,
enquanto o sol parte
e a lua me dá boa noite,
eu imagino nós dois juntos.

- 2 -

Ela é poesia
e eu adoro ler.

Por isso toda tarde
me sento na sacada
e fico olhando ela passar.

Ela nem sabe
que estou aqui,
mas não me importo.

Ela sempre vai
pelo lado esquerdo,
passa na padaria,
dá bom dia para a dona Lúcia
e caminha até o final da rua
olhando para as nuvens.

Depois disso
ela vira a esquina
e eu a perco de vista.

Sempre respiro fundo,
mas um dia gritarei alto:
linda menina,
se você me der uma chance
prometo que lerei
até a última das suas linhas.

- 3 -

O nome dela é Gabriela,

a menina da janela
que passa na minha rua
toda tarde, observa as nuvens,
cumprimenta a dona Lúcia
e vira pela esquina.

Mas hoje eu resolvi:
vou falar com essa garota
nem que eu tenha que pular desta sacada
e me espatifar no chão
igual a uma folha
que despenca da sua árvore.

Logo após a minha queda
olharei em seus olhos
e direi:
- menina, te admirei
por todas estas tardes
e escrevi mil linhas
para te contar
o quanto preciso te ter
na minha vida.

Mas já são 16h02
e ela ainda não passou.
Talvez hoje não faltasse pão
ou quem sabe ela tenha brigado com o sol.

Assim me tomei por tristeza,
desci as escadas,
sentei no pé da arvore
e lá fiquei.

O relógio deu trinta voltas,
o sol deu as caras entre as nuvens
e aquela menina enfim virou a esquina.

Eu gritei: Gabriela!
Ela disse: oi! Qual é seu nome?

Então me lembrei de todas
aquelas rimas
que ensaiei durante
todas os dias,
flutuando em sonhos
e respirando poesia.

Tomei-me de coragem,
puxei o ar,
enchi o peito,
olhei em seus olhos
e respondi:

- prazer, Alicia.

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