Us

148 11 42
                                    

Passei o fim de semana mais morta do que viva.

No final de sexta-feira Mishel ficou insultando KJ enquanto me abraçava e eu chorava. Ela dizia que ele era um merdas, que o iria matar, que não me merecia, entre outras coisas. Não saí do quarto, não comi, não fiz nada.

Sábado estava pronta para fazer o mesmo: nada. Não comer, não me arrumar, nada. Mas aí Lili apareceu. Eu pedi que ela fosse embora mas ela não o fez. Ela me contou que não falou para ninguém sobre e que apenas ela, Cole e Hart sabem. Ela tentou me consolar mas não deu certo.

Domingo a mesma coisa. Fui obrigada por Lili a comer e a, pelo menos, tomar um duche e lavar os dentes. O fiz mesmo sentindo que iria desmaiar a cada passo dado.

Todos tentaram me consolar mas eu tenho certeza de que nunca mais serei a mesma depois de Keneti. Ele mexeu comigo e fez minha vida dar uma volta de 360° graus.

Ele era tudo para mim. Eu, literalmente, daria a minha vida por ele. Ele fazia tudo parecer tão simples mas tão complexo ao mesmo tempo. Ele foi o meu primeiro amor. E eu ainda o amo, por mais estúpida que esteja sendo, eu ainda o amo.

E eu acho que nunca conseguirei amar alguém como o amei. Com a mesma intensidade, com a mesma paixão, com a mesma chama.

Não sei se isso é bom ou mau, para ser sincera. Porque eu o amo tanto que parece que a cada segundo o meu coração rasga mais com a lembrança dos acontecimentos de sexta. Está doendo tanto, porra. Levar um tiro doeria menos, tenho toda a certeza.

--- Chegamos, menina Mendes. - Andre diz estacionando em frente à escola.

Tive de vir, já é segunda-feira. Tentei me arrumar o máximo possível. Não deixarei KJ ver que me afetou com a sua estúpida apostazinha.

Vesti um dos meus melhores vestidos, e mais curtos, apenas para provocar. Coloquei uns tênis que combinassem e tentei cobrir o desastre que estou com maquilhagem.

Desastre seria um elogio para mim neste momento, aliás. Tenho olheiras enormes das noites mal dormidas, os olhos vermelhos, o rosto cansado e estou mais branca que neve.

Depois de um suspiros saio do carro e vou até à entrada onde encontro Lili e Cole ao lado do seu BMW preto.

--- Lamento o que aconteceu. - Cole me abraça e eu tento segurar falhamente as lágrimas. Me afasto dele um tempo depois e limpo os olhos.

--- Vai ficar tudo bem. - digo, com voz falha, mesmo sabendo que não ficará. - Lili, depois explica tudo para as garotas e Casey? - ela assente com a cabeça. - Obrigada.

Eu não conseguiria dizer o que aconteceu em voz alta. Já está me machucando tanto apenas com ela se repetindo na minha cabeça. E, no fundo, eu sei que se eu a disser a outras pessoas ela se tornará real, se tornará mais do que um pesadelo que me atormenta, se tornará mais viva.

O sinal toca e eu vou para a sala. Irei ter aula de história. Me sento no meu típico lugar do lado de Casey.

--- Cami, porque não respondeu a nada o fim de semana todo? - ele pergunta antes do professor entrar. - Está tudo bem? Não parece...

--- KJ e eu terminamos. - digo e, antes que ele me pedisse para explicar e eu começasse a chorar baba e ranho, falo. - A Lili explicará para você, Mads e Van. - ele assente.

Passo a aula aluada, pensando em tudo o que vivi com KJ. Quando me dou conta tenho o caderno sendo molhado por algumas lágrimas teimosas que decidiram escorrer. Limpo os olhos e fico lá, apenas me torturando com memórias. Aliás, com todas as mentiras.

Foi isso que a minha vida tem sido durante o que julguei serem os melhores meses da minha vida. Mentiras.

Fico grata quando Lili me deixa faltar ao ensaio das Vixens. Fico lá, sentada encarando as garotas dançaram e fazendo o que fiz durante a primeira aula: chorar baixinho.

LOVE SONGS - ACOUSTIC ∣ kjmilaOnde histórias criam vida. Descubra agora