16 - a toca da serpente

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LEMBREI QUE NÃO gosto muito de cerveja

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LEMBREI QUE NÃO gosto muito de cerveja. Acho que fiquei tão empolgada em finalmente conhecer a Toca da Serpente que nem percebi que a minha parte do acordo envolvia bebidas gratuitas que eu nem faço questão de beber, mas tudo bem. Porque o que importa é que, independente do sabor da droga da bebida, eu pretendo encher a cara essa noite. Não que eu seja esse tipo de pessoa, muito pelo contrário, mas venhamos e convenhamos. Não posso negar que tenho um milhão de motivos para querer fazer isso.

E o fato de jovens beijarem o tempo todo é com certeza um deles.

Me encaro no espelho usando a roupa que a mamãe escolheu. Tá, talvez pensar nesse detalhe me faça regredir uns bons dez anos, mas não vou negar que Regina Aquário fez um bom trabalho. Ainda que eu não combine muito com amarelo.

Estou usando uma calça jeans justa e uma blusa amarela de alcinha, ambas compradas na terça-feira. Agradeço pela noite nublada e consideravelmente fria, porque significa que posso pôr a minha jaqueta preta estilosa. Encaro o meu reflexo uma última vez, calço minhas sapatilhas e dobro as barras da calça, e desço as escadas enquanto envio uma mensagem para Mina a avisando que já estou pronta.

— Vai sair, maninha?

Encontro Cassandra na sala de estar, assistindo TV com a Lola. Pelo visto, não será hoje que verei minha irmãzinha aos beijos com garotos e garotas na Toca da Serpente.

— Vou encontrar uma amiga.

Aviso mamãe e Tales que estou de saída, e antes que eu tenha o azar de esbarrar em Bruno, saio da casa dos Vinhedo e caminho a passos apressados pelas ruas do Condomínio Falsa Escócia. Um vento frio atinge o meu rosto, e eu ponho as mãos nos bolsos da minha jaqueta, sentindo em um deles o meu celular e a minha identidade. Não que eu ache que precisarei dela, já que serei acompanhante da filha dos proprietários essa noite, mas nunca se sabe.

Encontro a garota me esperando em frente aos portões do condomínio, e ela me abraça assim que a alcanço do lado de fora. Mina usa mais uma vez um vestido de alcinha, justo e num tom vermelho escuro, vinho talvez. Ele está por cima de uma blusa de tule preta e de mangas longas, e Mina usa um batom escuro para combinar com o visual.

E eu nem vou falar dos brincos de serpente que ela está usando.

Droga. Eu acho que foi um erro ter trazido essa jaqueta, porque de repente estou morrendo de calor.

— Pronta para a melhor noite da sua vida? — ela pergunta, cruzando os nossos braços e caminhando ao meu lado pela calçada. — Cuidei pessoalmente da playlist de hoje, então vou ficar muito triste se não dançarmos ao menos uma música, tá bem?

— Não sou muito de dançar, já te disse.

Mina sorri, apertando de leve o meu braço.

Todas as Coisas que Eu Não Odeio em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora