19 - sem acesso à internet

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EU NÃO ODEIO jogos de tabuleiro, mas estou particularmente odiando esse aqui

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EU NÃO ODEIO jogos de tabuleiro, mas estou particularmente odiando esse aqui. A mesa de jantar da casa de campo é consideravelmente menor do que a nossa no Condomínio Falsa Escócia, mas ainda é grande, e nos espalhamos por ela para tentar participar desse jogo ridículo sobre animais selvagens que precisam cruzar uma floresta. Cada um escolheu sua peça, e eu acabei com a droga de um leão, o que é ironia demais para o meu gosto. Nem consigo descrever o quanto estou puta da vida com esse jogo, e o fato de estar quase em último lugar não tem nada a ver com isso.

Eu só queria uma barrinha de torre no celular. Só uma. Juro que meu humor melhoraria em níveis exorbitantes.

— Mais oito casas e a Lola ganha essa partida — avisa Tales, balançando os dados e os jogando sobre a mesa.

Cassandra e Bruno estão tão sem saco quanto eu, o que me faz sentir levemente acolhida. Aposto que eles dariam tudo por um sinal de internet também, e eu não me orgulho disso, dessa dependência toda que tenho. Mas, para o meu azar, sou uma adolescente obrigada a viver nesse mundo moderno, então meio que não tenho muito controle sobre isso.

Mas podia ser pior. Pelo menos não preciso de internet para ler as minhas fanfics, e eu só queria me trancar no quarto e fazer isso agora.

— Se eu conseguir um cinco eu passo na frente — diz mamãe, buscando os dados e vendo ambos caírem no número dois.

Acabei de perceber que os personagens desse jogo nem fazem sentido. Leões não vivem em florestas como essa. E por que tem a droga de um golfinho no meio de todos esses animais terrestres?

Lola finalmente consegue todas as casas que precisa e ganha a droga do jogo. Bruno e eu somos os primeiros a levantar, tentando fugir dessa mesa antes que sugiram começar outra partida. Me afasto da gritaria que minha irmãzinha começou por ter vencido e vou até a varanda em busca de um ar fresco.

A casa de campo não é tão ruim quanto pensei, apesar de silenciosa e solitária demais. Ela fica no meio do nada, e tem uma vista bonita da varanda. Mas o que mais gosto é que ela tem o tamanho de uma casa normal, e mesmo que isso signifique que preciso dividir o quarto com Cassandra e Lola, ao menos eu não me sinto tão fora do lugar quanto me sinto na residência fixa dos Vinhedo. Porra, se aqui tivesse internet eu até estaria gostando desse fim de semana prolongado.

— E aí, irmãzinha? — ouço a voz atrás de mim, Bruno arrastando uma cadeira e se sentando ao meu lado.

Sou obrigada a revirar os olhos. Acho que já virou costume.

— Me diz logo, é verdade que você tem prova na quinta? — pergunto, apoiando as costas no encosto da cadeira e cruzando os braços. — Porque, apesar de tudo, eu não me importo em te ajudar com isso.

— Você tá falando sério? — Bruno faz uma careta, semicerrando os olhos como se não confiasse em mim. — Pensei que não fosse querer me ajudar já que me odeia tanto.

Todas as Coisas que Eu Não Odeio em VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora