Capítulo 9: O retorno do príncipe

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Amanheceu, e a luz do Sol que entrava pelas frestas da janela fez com que eu acordasse antes dos outros, porém não quis acordá-los também e sai do quarto silenciosa-mente. O apartamento de Daweald tinha uma varanda na sala com vista pra os andares mais altos do Castelo Sthaken, onde ficam os quartos. Eu observava a sacada do meu quarto, que era possível ver de onde eu estava, ela contornava uma das torres do castelo.

––– Curtindo a vista companheiro? ––– Disse Daweald saindo da sala.

Não o respondi, apenas assenti com a cabeça suavemente. Ele juntou-se a mim apoiando-se no parapeito, o qual eu estava sentado e também ficou olhando para o castelo. Gosto de sentar em lugares assim, sentir a emoção da altura.

––– Você já sabe o que dizer a sua família quando for lá? Tipo, dizer o que pensa sobre o que seus irmãos fizeram com você, ou você só vai mostrar a eles que não está morto?

––– Não mano. Não quero ficar pensando no que direi, já estará bem explícito o que aconteceu quando me verem lá.

Continuamos observando a paisagem da cidade, até Lisa acordar e sair de seu quarto procurando por Daweald. Ela nos viu na sacada e se aproximou ainda sonolenta. Lisa devia ter uns sete anos, era pequena e meiga, de pele clara, olhos azuis, cabelo comprido e loiro. Ela perto de Daweald era minúscula. Daweald era bem alto, da altura de Salomaio, porém era magro, o que fazia ele parecer mais alto.

––– O que você quer pequena? ––– Ele disse agachando-se para pegá-la no colo.

––– Me ajuda a fazer meu café da manhã? ––– Disse a menina esfregando os olhos.

––– Sim, eu te ajudo!

Eles se viraram entrando para a sala. Lisa estava com a cabeça no ombro de Daweald, e em um momento que ela parou de esfregar os olhos e os abriu, me viu na sacada e se assustou gritando:

––– Aaaaaah! Tem alguém invadindo!

––– Não Li, é o...

––– Eu vou matar você! ––– Gritou Salomaio saindo do quarto rapidamente e meio desorientado, pegando seu martelo que estava apoiado na parede da porta de entrada.

––– Ow, ow, ow! Calma ai carai. ––– Falei descendo do parapeito.

––– Cadê? Cadê? Quem estava invadindo? ––– Dizia Salomaio nervoso e preocupado.

––– Não tem ninguém invadindo Salomaio! Lisa que assustou ao me ver sentado no parapeito da sacada.

––– Ah bom, então tá tudo bem.

Salomaio acalmou-se instantaneamente. A expressão de raiva em seu rosto sumiu, dando lugar a uma cara de quem ainda não acordou.

Todos os outros acordaram com a gritaria e seguiram para a sala. Como ainda era cedo Daweald nos ofereceu café da manhã, eu não estava com fome e tinha outra coisa em mente para fazer. Peguei o capuz de Leonidas, tirei meu elmo e fui para o centro da cidade.

De capuz e cabeça baixa, fui até o local da cerimônia de ontem, e observei os restos da fogueira. Em meio as brasas encontrei minha coroa, queimada e com algumas pontas tortas pelo calor das chamas e a espada queimada na cerimônia foi a minha espada da família. Uma espada longa e fina, com runas cinzas no pomo e guarda-mão.

A típica garoa de Cauny começou a cair. As pessoas que estavam pelas ruas logo voltaram para suas casas ou rapidamente entraram em alguma loja, alguns mais precavidos abriram seus guarda-chuvas. Os guardas tinham que continuar de baixo da garoa, e eu permaneci no palco da cerimônia. As águas apagaram as brasas, e uma ideia passou por minha cabeça. Com a pinça da fogueira retirei a coroa e a espada de lá. Dando leves toques, pude sentir a temperatura. Sentindo que estavam frias, escondi a coroa colocando-a na cabeça por de baixo do capuz, e a espada que havia se quebrado quando a chuva começou a cair, a escondi deixando sua lâmina passar por baixo da manga de minha blusa.

Knight Wreckers - Parte 1Onde histórias criam vida. Descubra agora