Já houve algum momento em sua vida que desejou que tudo não passasse de um simples pesadelo? Desejando que pudesse acordar e dar um fim no sofrimento?
Para Min-seo, este pesadelo é na verdade sua realidade. Semanas após publicar o seu thriller best...
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✣ Capítulo I: Petúnias ✣
「Busan, Namcheon-dong」
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"Poderia a morte, ser bela?". Esta era uma questão primordial para os agentes que trabalhavam no caso do Assassino de Lótus, todos os cadáveres encontrados seguiam o mesmo processo de confecção e desova característicos do vilão da obra Jardim de Sangue, mas assim como todos os imitadores, este por sua vez gostava de deixar bilhetes enigmáticos direcionados a autora do best-seller.
Alguns meses atrás o pesadelo de ter criado um monstro rondou a mente da pobre autora que não podia escapar das terríveis garras do destino. Seus dias foram resumidos a visitas na delegacia e longas conversas com o perfilador criminal, que por muitas vezes se tornavam repetitivas.
Na primeira visita seu melhor amigo Song Kang a acompanhara ainda na capital para de assegurar que a autora estaria segura entre os repórteres que amontoados barravam a passagem da garota, estes mesmos repórteres a perseguiam até em casa criando o desespero que a fizera se mudar para a residência dos pais em Busan novamente.
Saiu da sala de interrogatório com o detetive Kwon em suas costas guiando-a para a saída da delegacia. A manhã se passava lento e carregada, entendia a sua necessidade na investigação, como criadora de um assassino saberia mais do que qualquer um o perfil no qual ele se encaixava, por esta razão auxiliava o perfilador do caso.
A cada corpo encontrado seu pesar se tornava maior, odiava a si mesma por ter dado a vida ao Frankenstein que aterrorizava as ruas da Coreia do Sul, incapaz de ser domado.
Os caminhos pelas ruas de Busan eram frios e nublados, desde que deixara sua antiga casa passava todo seu tempo esperando a calmaria para poder voltar a se consultar com o psiquiatra e preparar-se para assumir a livraria dos pais em frente à praia.
Sentou-se sobre a areia fina a observar as ondas se quebrarem no mar, sua vida havia tomado um caminho do qual não conseguiria mais realizar o retorno na próxima curva, lembrou-se de quando acordou de manhã ouvindo sua mãe pedir ao marido que não deixasse a filha ligar a televisão ou sequer ler o jornal, uma tarefa impossível dada ao fato de que outro policial lhe ligou a notificando que outro corpo havia sido encontrado, desta vez em sua antiga casa na capital de Seul.
O detalhe que infelizmente seus pais não sabiam era o fato de que Min Seo recebeu uma carta poucos dias atrás com uma petúnia ressecada, embrulhada por uma página de seu livro preferido. Um prelúdio enunciando a proximidade do fim de sua vida, ou um convite para o precipício da insanidade.
"E sem saber que o coelho simbolizava a tentação, Alice o seguiu rumo ao pecado".
Min Seo sentira que um dia fora um anjo amado por todos, mas cometera o pior dos pecados ao se jogar daquele maldito precipício rumo ao País das Maravilhas. As asas que antes eram um sinal de sua inocência, agora transmitiam um voluptuoso pesar da raiva, do ódio, do medo. Suas asas eram compostas por páginas em branco prestes a serem preenchidas pelas palavras cordiais escritas pelo Assassino de Lótus. Ao que tudo indicava ele estava atrás dela.