⊱ 𝙇𝙞𝙫𝙧𝙤 𝙄; Girassol

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✣ Capítulo XXX: Girassol ✣

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✣ Capítulo XXX: Girassol ✣

Mesmo que estivesse cercada pelo calor dos dois rapazes na cama, foi incapaz de fechar os olhos fitando os números no led vermelho do despertador na cabeceira. Rastejou para fora dos cobertores cortejando o frio como uma criança ao fugir de casa, atravessou a sala desviando dos colchões de solteiro onde o casal de noivos e seus outros dois amigos adormeciam.

O casaco grosso desgastava o tecido macio contra a blusa de gola role, segurava todos aqueles sentimentos confusos trancafiados por baixo das camadas de pele. Recusou-se a deixar um bilhete de despedida, evitando prolongar a dor sentida, destrancou a porta cruzando o corredor escuro rumo às escadas de incêndio.

Do lado de fora o capuz escondia as lágrimas que insistiam em cair motivacionadas pela triste separação repentina, prometera que estaria sempre ao lado de todos para enfrentar os pesadelos mais profundos de sua mente, mas no fundo sempre soube ser covarde o suficiente para impedir que qualquer um deles se machucasse ainda mais por sua causa.

Tropeçou caindo aos joelhos sufocando-se com todos os pensamentos impiedosos, atrelados ao medo. Odiava sentir-se impotente na medida em que se aproximava do teatro a dez quadras de distância. O relógio em seu pulso marcava quatro horas quando cruzou a entrada dos fundos dando acesso aos camarins escuros iluminados por um filete de luz amarela da lâmpada incandescente proveniente do palco.

Seguiu a trilha iluminada afastando as pesadas cortinas de veludo, subindo os degraus que davam acesso à estrutura de madeira maciça em frente às fileiras de bancos da plateia inexistente. No centro uma cadeira era posicionada com uma mulher amarrada pela fita prateada, Kim Bok Joo grunhia tentando soltar-se, seus olhos arregalaram-se ao avistar a jovem que correu para ajudá-la.

O restante viera como um sopro do destino, arrebatador, perigoso; mortal. Mi-si foi atingida pelo objeto metálico caindo ao chão, à sensação pegajosa do líquido de tonalidade carmim escorria do filete na parte de trás da cabeça, desorientada buscava localizar com o olhar a pessoa que lhe atingira em meio ao grunhido que saia de sua boca pela dor.

Alguns fios se enroscavam nos demais criando um penteado desgrenhado, a gola da camisa estava rasgada deixando a mostra às marcas dos arranhões na pele alva. O homem retirou o casaco de couro exibindo as diversas tatuagens que tingiam a superfície dos braços, dentre elas destacava-se o logo da LVM, a banda que fundou com o noivo da autora do livro antes de matá-lo.

À primeira vista, seus olhos eram profundos e obscuros, escondidos pela áurea densa que protegia sua mente das investidas dela em tentar compreender os planos traçados por ele. O ranger da madeira sobre seus pés era alto como um roedor a talhar a madeira com as pequenas patas arranhando o piso.

Em suas mãos o aço frio de uma pistola emitia um forte clique ao ser destravada, o rubor das bochechas não indicava constrangimento, mas sim a felicidade de ter trazido para o auditório à garota por quem lutou durante toda sua vida. A Lee Min Seo a sua frente agora assumia o nome de Mi-so, vivia entre os ratos como se fosse parte do ninho, fato este que a partir daquela noite faria questão de apagar da história da garota.

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