.III.

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"My mother she told me 'dont't get in trouble'. My father he told me, he knew I would."

- Twisted by Missio.

As paredes pintadas unicamente com tinta branca deixavam Louis desconfortável então decidiu que o pequeno sofá caramelo localizado ao lado de seu leito era algo extremamente interessante para manter todo o seu foco. O cheiro de água sanitária recém aplicada no piso hospitalar incomodava de um jeito bruto seu olfato, provavelmente o deixando mais doente– nem que fosse metaforicamente– do que quando entrou e os bips do monitor o levariam a loucura se ele não pensasse que mais insano do que já se encontrava não tinha como ficar. Tantas perguntas rondavam a sua mente que ele sequer sabia por qual deveria começar na sua busca por respostas. Queria mais do que tudo que alguém entrasse naquele quarto e lhe respondesse com sinceridade todos os questionamentos gritantes que não estavam o deixando voltar a dormir desde que o efeito da primeira leva de remédios passaram; E, por Deus, as olheiras abaixo de seus olhos explicitavam o quão cansado ele estava.

O click da maçaneta entregou a presença de outra pessoa no lugar, desviou os olhos do sofá com cautela e tentou sorrir, mas todo o seu rosto doía pelos ferimentos recém cuidados, então o que seu amigo presenciou foi uma careta engraçada que o faria rir e caçoar de si caso ele claramente não estivesse tão preocupado com Tomlinson.

— Como você está se sentindo?- os olhos azuis como águas cristalinas transpareciam toda a sua aflição e Louis só queria conseguir se sentar na cama sem grunhir de dor para poder abraçá-lo forte e lhe garantir que estava tudo bem, mesmo que fora do lugar.

— Estranhamente vivo.- comentou lentamente, exausto demais para se esforçar em falar rápido.— Pode me dizer uma coisa com sinceridade?

— Claro, o que quiser.

Louis virou-se levemente de costas para o loiro.

— Estou realmente preocupado com a minha bunda. Quer dizer, tenho sentido o tecido do lençol, então sei que essa camisola de hospital não está cobrindo nada. Realmente preciso que a minha bunda esteja ao menos apresentável.- explicou simplesmente.— Tá tudo bem ali? Continua redondinha ou amassou no impacto?

Silêncio.

Os bips voltaram a incomodar.

Louis fechou os olhos. Talvez ainda não fosse hora para começar com as suas brincadeiras rotineiras no fim das contas.

— Eu odeio você, Louis Tomlinson.

A gargalhada entorpeceu a sua dor física e acariciou a mental. Voltou a sua posição inicial se permitindo rir também porque o que ele mais gosta de fazer é deixar de lado suas merdas para fazer os outros felizes; Para Louis, pessoas boas como seu amigo não merecem sentir sequer um traço de tristeza. Antigamente, pensar nisso o fazia sentir inveja pois ele acredita fielmente que merece coisas ruins, e é exatamente por isso que não ficou surpreso quando seu cérebro o levou inconscientemente ao inferno.
E sim, de um segundo para o outro Louis resolveu por um fim em suas dúvidas. Ele estava vivo e é completamente impossível que tudo tenha sido verdade, não há provas de que tenha sido real. Foi apenas um sonho. Nada mais.

— Não acredito que você esteve entre a vida e a morte e teve a pachorra de se preocupar com o estado da sua bunda.- Louis ouviu quando as risadas se cessaram, ainda que houvesse um sorriso entregando o momento singelamente alegre que vivenciaram há pouco. Isso o deixou bem. Ao menos aquela história de sentir inveja havia sido superada.

— Dude, você tem noção de que essa bundinha é a única arma que me restou?- disse sério tentando reprimir qualquer expressão que entregasse seu divertimento.— Meu rosto está todo fodido pelos caquinhos de vidro que me cortaram.

a little death {lwt+hes}Onde histórias criam vida. Descubra agora