Consequências

Agora eu e você somos uma

POV CAMILA

Voltei para Miami com o coração apertado, Lauren chorou tanto na hora da despedida, a minha vontade era de coloca-la dentro da mala.
Quando eu cheguei no aeroporto Sofi e Cris me esperavam, foi a maior festa, agora eu e Cris éramos cunhado².

- Cris como está as coisas no hospital?

- O falatório foi mais nos dois primeiros dias, Jessica sumiu, voltou ontem, com uma cara péssima de poucos amigos, muito estranha, ouvi dizer que o hospital está pensando em afastar ela por alguns dias, tem algo estranho com ela Camila, a cara dela está de dar medo... Lauren me alertou sobre ela, então não estranhe se eu tiver te seguindo pelos corredores, serei seu guarda costa.

- Lauren está preocupada atoa.

- Não está não! - Sofi se manifestou em um berro. - Mana, as coisas que ela fazia, é muito sem noção te esbanjava como um troféu! Admito que quando Lauren deu aquela surra eu me diverti e me realizei!

- Que maldade! - Repreendi Sofi, mas lembrei da cena e comecei a rir.

- Foi merecido, devia até apanhar de novo, não simpatizo e nunca simpatizei com ela, finalmente vou criou juízo nos 45 do segundo tempo.

- Finalmente, hein cunhada! Antes tarde do que nunca. - Cris piscou para mim.

- Pois é.

- Como está minha irmã? Imagino a cara dela quando te viu, deve ter sido hilário.

- Na hora eu não achei, ela parecia estar vendo um fantasma, e ficou com uma expressão séria, achei que ela iria me expulsar, mas conforme eu fui falando, ela foi se acalmando.

- Minha irmã é louca por você Camila, ela jamais mandaria você embora.

- E eu sou louca por ela... Meu Deus como é bom admitir isso em voz alta. – Demos uma risada. – Me sinto tão leve, feliz... Completa.

Cheguei em casa, ou melhor, na casa dos meus pais... Eu realmente queria ir para a minha, mas eu e Lauren conversamos muito sobre isso e eu prometi seguir sua orientação e não contrariar, de certo modo, era como voltar no tempo, ela super protetora cuidando de mim, eu gosto disso.

Meu pai me recebeu da melhor forma possível, comemorou comigo e disse que tinha convidado os Jauregui's para jantar conosco hoje, já minha mãe nem se esforçou para fingir que ela estava feliz, a decepcionei, mais uma vez. Eu e minha mãe ficamos meses sem contato quando eu me assumi gay, provavelmente ela estava nervosa, pois desde que eu paguei aquele mico no aniversário da abuelita gritando em alto e bom som que Lauren tinha tirado a minha virgindade, minha mãe começou a evitar ela e o resto de sua família, as coisas pioraram com o relacionamento de Cris e Sofi.

Os dias se passaram de modo arrastado, como se cada segundo fosse uma hora, Lauren ainda estava resolvendo as coisas em Paris, eu voltei a atender na clínica e no hospital, felizmente quando eu voltei Jessica tinha decidido sair de férias, as férias que teríamos juntas se nós estivéssemos casado.

Dinah, Ally e Normani estão me ajudando com tudo, a maior dificuldade foi achar um lugar perfeito para o casamento, eu e Lauren queríamos privacidade, lugar aberto e praia.
Praia é oque mais tem em Miami, mas privacidade mesmo não teríamos.
Mas por sorte, Taylor Swift resolveu essa questão, eu e ela nos aproximamos muito na competição, chegamos a fazer coisas juntas, ficamos amigas realmente, ela tem uma ilha particular, não muito longe daqui, e como eu e Lauren convidaríamos pouca gente, daria tranquilo para fazer o casamento lá.

Normani e Ally me ajudaram com o buffet, foram comigo nas provas de comida (elas jamais iriam perder isso). Dinah me ajudou a contratar equipe de segurança e empresa aérea para levar os convidados até a ilha e traze-los quando eles quisessem... Até o mais difícil está resolvido, meu vestido... Claro que não é o mesmo que eu iria me casar com a Jessica, até porque, aquele era muito chamativo e eu escolhi qualquer um.

Dessa vez não, escolhi o vestido que me agradava mais, pedi modificações, eu realmente estou feliz e empenhada a ser uma noiva linda, afinal eu vou me casar com Lauren Jauregui, preciso estar digna de sua beleza... Lauren me disse que já tinha mandado fazer seu vestido, não me disse nenhum detalhe, mas eu tinha certeza, ela será a noiva mais linda e incrível do mundo inteiro.

Sei o que você deve estar pensando, que eu estou muito bobona com isso tudo, mas, eu sou completamente otária pela minha noiva... Todas as noites admito que torço muito para sonhar com a Camz, o meu eu de 16 anos, só para beijar suas mãos e agradecer por ter me dito boas verdades na minha cara.

O dia não podia estar mais cansativo, atendi tantas pessoas nessa clinica que chego a ficar louca, mas é só olhar para a tela do meu celular, ver uma foto minha com Lauren que todo cansaço some... Por Deus, que saudades eu estou dela, e olha que não tem nem uma semana e meia que eu voltei.

- Pode entrar. – Bateram em minha porta. – Oi Debby.

- Doutora Cabello, a senhora tem uma visita.

- Quem é?

- Sua noiva...

- Lauren!

- Não, me desculpa... Eu estou confusa me adaptando, quem está aqui é a sua ex noiva.

- Jessica? Um calafrio me percorreu a espinha.

- Ela mesmo senhora.

- Debby, mande ela entrar, mas fique atenta a qualquer chamado meu... E nunca mais cometa esse erro! Ela é EX, imagina se você comete essa gafe perto da Lauren!

- Sim senhora, ficarei atenta prometo... E me desculpe.

O que será que Jessica queria ali? Cheguei a achar que ela estaria no Brasil com sua família, eu não me sentia preparada para uma conversa com ela, não agora... Talvez nunca, mas, como não deixa-la entrar.

- Oi Camila. – Ela abriu a porta com um sorriso amigável. – Posso entrar?

- Claro, como vai Jessica? – Apertei sua mão do jeito mais formal possível. – Em que posso ajudar?

- Nada, apenas vim lhe fazer uma visita... Cordial, bela foto sua e da Lauren no instagram.

- Obrigada, não sei se você está sendo sincera ou apenas tentando me intimidar, mas agradeço.

- Eu? Te intimidar? Imagina! – Jessica deu uma risada. – Será bom para ela aproveitar quando ainda tem você.

- Eu não pretendo deixa-la.

- Ah, mas na vida nem tudo é como a gente pensa que vai ser... Fiquei sabendo que está noiva! Vai usar o mesmo vestido que iria usar comigo?

- Não será totalmente diferente.

- Vai me chamar para o casamento Camila? - Jessica estava bem diferente, ousada, arrogante e com muito sarcasmo na fala.

- Jessica, você sabe que isso está fora de cogitação.

- Oh linda, claro que sei, apenas estou tentando descontrair... Não vai haver casamento, você e eu vamos ficar juntas.

- Jessica, acho melhor você ir.

- Vou, mas, posso te contar uma coisa? - Ela se curvou o mais próximo de mim que conseguiu. – Eu e você vamos acabar juntas no final disso tudo.

- Não vamos.

- Veremos. – Jessica se levantou e foi em direção a porta. – Até mais Camilinha.

Ela saiu, e eu comecei a tremer, nunca senti tanto medo um frio na espinha, na hora liguei para Lauren, precisava falar com ela, ouvir sua voz me acalmaria... A princípio não contei nada, mas ela percebeu que tinha algo de errado e de tanto insistir eu contei tudo, ela ficou em pânico, queria largar o seminário onde está dando palestras e vir, mas eu a convenci de que ficaria bem. E que não ficaria sozinha até ela chegar.


Ally e Normani vieram me buscar, iriamos jantar com Anne e Dinah no restaurante dos pais de Anne, no decorrer da noite contei sobre meu encontro com Jessica, as meninas ficaram em pânico, disse que iriam contratar seguranças para mim, eu obviamente não quis, não me sentiria bem com uma pessoa me seguindo e vigiando meus passos, não mesmo.

Cinco dias depois...

- Oi amor - Respondi animada, estou morrendo de saudades de Lauren.

- Oi amor, tá na clinica ainda?

- Tô, mas já terminei as coisas aqui, tô voltando pra casa.

- Seu pai veio te buscar?

- Hoje não, hoje é meu super cunhado, ele foi buscar a Sofi e vai passar aqui.

- Otímo... Não quero você sozinha, a Debby ainda está ai?

- Ela está sim... Amor, vai demorar muito pra você vir?

- Daqui uns três ou quarto dias eu tô voltando para Miami.

- Ótimo, tô com saudades de dormir abraçada com você... Apesar que, provavelmente eu vou continuar sobre as assas dos meus pais e você não vai poder dormir lá em casa.

- É eu sei, mas vou dar um jeito, de ficar bastante tempo com você, incluindo dormir de conchinha.

- Podiamos passar o fim de semana na casa de praia da Vero, lembra?

- Como esquecer? Foi lá que você perdeu sua virgindade comigo, mas, amor, a minha relação com Vero e Luci está meio estremecida, desde quando eu sai da casa delas gritando, por aquele motivo que eu nem gosto de lembrar.

- É eu sei amor, mas, pensa, vocês três são amigas desde o colegial! Se amam, não podem ficar assim, prometa-me que quando você vier, vamos pessoalmente chama-las para ser madrinha, tudo bem?

- Tudo bem, eu prometo.

- Amor, acho que Sofi chegou, vou desligar, não esquece que eu te amo? Não esquece de mim?

- Amor, eu te amo muito, jamais vou me esquecer do que a gente sente e muito menos esquecer de você! Eu e você somos uma só pessoa, esquecer de você seria esquecer de viver, se cuida tá bem?

- Pode deixar, vou me cuidar... Somos uma só.

- Isso, uma só... Te amo Camz

- Te amo Lolo.

- Gente mais que cara de boba é essa? - Sofi invadiu minha sala. - Já sei, era a Lauren!

- Exatamente, ela mesma... Fico com cara de boba?

- Um dia vou filmar você falando com ela, temo que isso vai aumentar quando ela chegar, vou comprar um babador para você usar quando estiver perto dela.

- HÁ HÁ HÁ - Fingi estar brava. - Tá engraçada você hein Sofi?

- De bom humor eu diria, Cris foi me buscar de jaleco, porque estava atrasado, meu Deus, ele de jaleco é meu fim! A Lauren deve ter essa tara também, aproveita que você vive de roupa branca e jaleco e cuida da sua ex paciente em uma boa noite de sexo.

- SOFI!

- Ué não falei nada demais, e você sabe que eu não tô mentindo, você é otária por ela.

- Imagina, estou agindo normalmente! E que mulher é muito bom, mas você nunca vai saber disso. - Comecei a guardar minhas coisas na bolsa.

- E você acha que você é a única Cabello que já beijou mulheres? Meu Deus, santa inocência.

- OQUE? - Dei uma olhada séria para ela. - Você está brincando! Sei que está... Está não é ?

- Não, quando era solteira, nas festinhas do colégio, brincadeira da garrafa rolava uns beijos em meninas... Uma vez, uma menina, estilo Tom Boy me chamou para sair, foi legal a gente se pegou por um tempo, mas na hora do amasso mais hot, eu não quis, sei lá, não sinto tesão por mulheres... – Eu estava de boca aperta, Sofi era mais vivida do que muitas mulheres que eu conhecia, e nada inocente. – Ah qual é não me olha assim... Foi curiosidade e curtição, não sou bissexual e muito menos lesbica... A ovelha colorida da família ainda é você.

- Meu Deus... Vou nem comentar isso. – Peguei o telefone para ligar para Debby na recepção, para perguntar se amanhã eu teria pacientes agendados, mas ela não me atendia, o que me deixou bem brava. – Puta que pariu, Debby não me atende!

- Mas quando eu cheguei ela não estava na recepção.

- Como não? - Fiquei irritada com a noticia, afinal eu proibi Debby de ir embora antes de mim nesses dias sem Lauren aqui.

- Não estando ué! Até ia te xingar, achando que você tinha liberado ela.

- Não liberei ela não... Estranho, ela nunca foi de sair da mesa dela sem me informar, nossa amanhã vou ter uma conversa séria com ela, vamos?

- Bora. – Peguei minha bolsa e fui caminhando de mãos dadas com Sofi até a porta, mas para minha surpresa a porta abriu antes de chegarmos nela.

- Ora ora ora, cunhadinha! – Era Jessica, com uma arma apontada em nossa direção. – Surpresa amor!

- Jessica, solta essa arma, vamos conversar.... - Eu comecei a tremer, Entrei na frente da minha irmã tentando protege-la.

- Ah mais que saco! É o discurso de todo mundo! Debby disse isso quando me viu, ela é muito medrosa meu amor! E foi bem treinada, uma excelente cadela de guarda. - Jessica soltou uma gargalhada. - Não queria deixar eu entrar de jeito nenhum! Ainda mais quando notou que eu estava armada... Mas eu resolvi isso, três tiros resolveram.

- O que? onde ela está? Cadê a Debby... A gente conversa, mas me deixa chamar uma ambulância e levar ela para o hospital.

- Amor! Não se apegue a funcionários, Debby não precisa de um hospital, e sim de um necrotério, eu sou medica, eu mesma verifiquei ela está morta.

- SUA VIBORA EU VOU TE MATAR! – Sofi saiu em direção a Jessica com raiva.

- Se você der mais um passo sua puta eu estoro você também! - Jessica apontou a arma para Sofi.

- Sofi, calma, vem aqui. - Segurei ela pelo braço, tentando fazer ela se acalmar. - O que você quer Jessica?

- Não é obvio? Quero você! E vou ter, olha querida cunhadinha... Eu vou levar a sua linda irmã comigo, e você vai ficar aqui... Se você, se atrever a sair daqui nos próximos cinco minutos, eu atiro em você... E não estou brincando... Eu vou te vigiar, e você. – Jessica apontou a arma para mim. – Não tente nenhuma gracinha amor, não saia correndo, não tente me bater, porque ai eu atiro em você e eu atiro para matar... E acredite, eu tenho coragem disso, descobri hoje, que matar pessoas dá uma sensação muito boa.

- Tudo bem, eu vou... Sofi, se controla, não sai daqui tá me entendendo. – Sofi não parava de chorar. – Fica calma, tudo vai ficar bem, saindo daqui, procura a Debby, socorre ela.

- Não tem oque socorrer, já falei, tá morta, um tiro no meio da testa e dois no peito, mas enfim, coloquei ela na sala de materiais de limpeza... Viu! Sou boazinha, nem vai precisar perder tempo procurando ela.

- Jessica você não pode ter feito isso, essa clinica dá eco, eu teria ouvido os tiros. - Retruquei na esperança de que ela estivesse blefando.

- Ah amor, tá vendo isso aqui na ponta, esse cano preto, pois é, ele é um silenciador... Ele tira o barulho de qualquer tiro! – Jessica mirou para uma parede e atirou, realmente não fez barulho nenhum, só da bala em contato com o concreto. – Viu? - Comecei a chorar. - Não chora amor! Não vou fazer nada de ruim com você... Mas vem, chega desse mimimi desnecessário, e você Sofi, já foi avisada... Diga para seus pais ficarem calmos que eu vou entrar em contato com os meus sogros maravilhosos... Vem Camila. – Eu estava morrendo de medo, segurando para não preocupar ainda mais minha irmã, eu não conseguia me mexer. – VEM CAMILA! – Jessica gritava. – CAMILA EU DISSE PARA VOCÊ VIR AGORA! OU EU ATIRO! – Caminhei em sua direção. – Boa menina... Fica de costas pra mim, não se assuste, só vou passar meu braço em volta do seu pescoço para se caso sua irmã ou você tentarem algo, ficar mais fácil de atirar.

Sai em silêncio, eu não iria tentar fazer nada, Jessica está fora de controle, eu só orava para Sofi não desobedecer a ordem de Jessica.

Entramos dentro de um carro, um carro antigo, marrom nada parecido com o que Jessica tinha, não falei nada o trajeto inteiro, fiquei olhando para o nada tentando memorizar o local aonde ela me levava, Miami ficou para trás, chegamos as docas, um lugar onde se guarda grandes navios e galpões sujos e abandonados.

- Desce. – Desci imediatamente. – Como é lindo o mar não é mesmo amor? – Fiquei em silêncio. – ESTOU FALANDO COM VOCÊ! ME RESPONDA!

- É-e é lindo aqui. – Eu gaguejava e meu corpo tremia, só conseguia pensar em Lauren.

- Muito bem, gosto de conversar com você... Vamos, tem um lugarzinho especial para nós. – Entramos em um galpão, um lugar imenso e totalmente vazio, apenas com uma geladeira, fogão, cama, tv, computador e sofá. – Bem vinda! Preparei tudo com muito carinho para nós... Até comprei moveis novos, incluindo a nossa cama! Não vou nem pergunta se você gostou, dá pra ver nos teus olhinhos que sim.

- Jessica, me libera por favor...

- Não! Você é minha... Vamos viver juntas e se for preciso Camila. - Jessica veio se aproximando do meu ouvido com a arma. - A gente morre juntinhas também.