A morte

61 3 1
                                    

POV LAUREN

Meu coração saiu pela boca quando entrei e ví Camila amarrada em uma cadeira, a vontade era de matar a Jessica e tirar a Camz de lá.
Camila não parava de chorar, ela estava debilitada e muito fraca.
Por sorte o plano da polícia funcionou, colocaram na gola da minha camisa, um microfone, em uma cabine onde estão o tenente, familiares e amigos, eles escutariam em tempo real toda nossa conversa.

- Jauregui Jauregui. – Jessica começou a me rondar. – Eu quero jogar um belo joguinho com vocês! Mas para isso, eu preciso deixa-la amarrada na cadeira assim como a Camila. - Joguei minhas mãos para trás e deixei ela me prender, quando ela se agachou para me amarrar, olhei para Camz, que mesmo chorando conseguiu dizer bem baixinho "eu te amo" ela retribui com um "eu também". Para minha sorte Jessica estava tão preocupada em dar os nós que não ouviu. – Pronto! Agora vou colocar vocês duas pertinho, uma do lado da outra olhando pra mim! Vamos brincar de joguinho das perguntas, exijo sinceridade,

- Solta a Lauren, eu te imploro. - Camila pediu em completo desespero.

- Agora não, ainda não... Vamos jogar. – Jessica me colocou frente a frente de Camila, e colocou a arma apontada para a cabeça dela. – Seja sincera meu amor, se mentir eu estouro você ou a Lauren, vou analisar qual eu quero matar primeiro... Você chegou a beijar Lauren na época em que eu e você namorávamos? – Camila começou a chorar de medo. – NÃO ENROLA! ME DIZ!

- SIM! – Camila gritou. – Eu e Lauren nos beijamos quando eu namorava com você.

- Legal, beijo é beijo. – Jessica começou a andar de um lado para o outro completamente nervosa. – Você Jauregui... Você é um demônio! Tudo estava bem até você aparecer! Camila e eu estávamos bem, sabia que um dia iriamos namorar... Mas ai você voltou do inferno! E confundiu e seduziu ela com seus joguinhos! – Jessica me deu um tapa na cara, um tapa com toda a força, eu estava amarrada por completo nem me defender eu pude, Camila chorava e gritava pedindo para Jessica se acalmar. – CALA A BOCA SUA VÁDIA! EU NÃO TERMINEI!

O telefone tocou bem na hora que eu estava prestes a apanhar.

- Salva pelo telefone... Alô tenente, não se preocupe, Lauren e eu estamos nos divertindo. – Ainda bem que ela não sabe que tem um microfone comigo e que eles lá de fora estão ouvindo tudo.

- Imagino que sim. – Tenente dizia em tranquilidade. – Tem uma pessoa querendo falar com você.

- Não quero falar com ninguém! Todo mundo que eu preciso já está aqui do meu lado, todas as três felizes!

- É sua mãe.

- Como assim? Minha mãe tá lá no Brasil!

- Ela veio te ver, estão preocupada com você... Sua mãe está do meu lado, ela quer falar com você... Você quer falar com ela?

- Quero! – Jessica andava de um lado para o outro com a arma da mão, saber que sua mãe estava ali fora tinha deixado ela mais nervosa.

- Filha.

- Mamãe!

- Filha, eu estou te esperando aqui fora.

- Não dá mãe! A senhora sabe que se eu sair, eu vou ser presa e deportada!

- Sei sim, mas prometo tentar te proteger o máximo! E se você for pro Brasil, te visitarei sempre... E você sabe, no Brasil as leis são mais brandas, talvez você nem fique presa.

- Não posso mãe, não posso deixar Camila aqui! Eu sou a noiva dela, nós vamos nos casar.

- Filha, vocês iam se casar, as coisas acontecem, eu sei, sei que doeu eu estava do seu lado, e sempre vou estar... Mas pensa, do jeito que você fez, só fez Camila ficar mais assustada com você... Amor não é isso.

- NÃO VENHA ME DIZER OQUE É AMOR! A SENHORA NÃO SABE!

- Sei sim, eu amei seu pai e por um tempo ele me amou... E o amor maior, eu sinto no peito todos os dias pela minha loirinha... Você é meu maior amor, deixe essas duas ai, se entregue eu prometo não sair perto momento algum, e contrataremos o melhor advogado dos Estados Unidos para te defender.

- A senhora me ama? - Jessica encheu seus olhos de lágrimas, ela olhava para o nada enquanto escutava sua mãe pelo telefone.

- Mas é claro minha filha! Você é a coisa mais preciosa do mundo!

- Mesmo depois de tudo que eu fiz com a senhora?

- Não foi culpa sua, não era você que estava dirigindo o carro!

- Mas eu insisti para ir no banco da frente! Trocar com a senhora! Era pra ser eu com uma perna mecânica agora, não você.

- Não se culpe, Deus sabe o que faz, meu amor... Solte Camila, solte a Lauren... Siga sua vida! Deixe elas seguirem as delas, vocês três são jovens! Olha se você se sentir mais segura, eu posso entrar ai e saímos nós duas juntas.

- NÃO QUERO! Não quero que a senhora me veja assim... Mamãe.

- Oi minha filha.

- Eu amo a senhora, talvez a senhora nunca entenda o porque eu fiz isso, mas eu só não queria ter ser trocada de novo... Todos me trocam, me deixam de lado.

- Eu nunca te trocaria por nada, você sabe o quanto eu sofri com a sua decisão de mudar para Miami... Vem comigo minha filha... Você tem se alimentado? Dormido?

- Tô bem alimentada, aqui tem tudo! Dormi bem também, a única que está sem comer é a Camila, ela não quer nada que eu ofereço!

- Ela está assustada e com saudades dos pais dela, é normal... Ela deve estar muito fraca, é assim que você diz cuidar bem da sua noiva? Ela precisa comer.

- Mãe! Se ela sair daqui, ela não volta! Ela vai me deixar de novo!

- Filha olha só...

- Não! - Jessica interrompeu sua mãe. - Não quero ouvir mais nada, eu preciso ir, mãe... Eu amo a senhora. Adeus.

Jessica desligou o telefone em prantos, por estar no viva voz consegui ouvir toda a conversa, e senti pena daquela mãe. Jessica percebeu meu olhar.

- Não sinta pena de mim! – Aproximou o revolver da minha boca. – Eu que vou sentir pena de você agora, sabe porque? – Fiquei calada. – RESPONDE CARALHO! ISSO É UMA PERGUNTA! SABE PORQUE?

- Não.

- Porque a Camila, vai me dar um beijo bem gostoso na sua frente, para esfregarmos na sua cara o quão apaixonadas ainda estamos.

- Não, eu não vou te beijar Jessica! - Camila tentava se soltar na cadeira, mas Jessica tinha amarrado-a bem forte, e ela estava totalmente fraca.

- Vai sim meu amor!

- NÃO VOU!

- AH NÃO? – Jessica colocou o revolver na minha cabeça, ou você me beija, ou mato ela agora! E EU NÃO TO BRINCANDO CAMILA!

- Pode atirar. - Falei com toda a calma do mundo.

- OQUE VOCÊ FALOU?

- Atira, se você precisa apontar uma arma para alguém pra conseguir um beijo, pode atirar, eu morro, mas com muita pena de você. – Jessica começou a rir e me deu um soco na cara e em seguida um chute em minha costela.

- Ah, desculpa! Acho que está saindo um pouco de sangue da sua boca... - Ela disse enquanto ria.

- Não machuca ela, me bate, mas não bate nela eu te imploro! - Camila começou a chorar ainda mais.

- Tudo bem amor, prometo não bater nela. – Em seguida ela me deu mais um soco. – Camila entrou em desespero, gritava e chorava, eu tentava me soltar a todo custo, ver Camila frágil e em pânico era a pior coisa do mundo. – Vou matar ela de tanto soco! Vai me beijar ou não?

- Tá eu beijo mas, sai de perto dela, para de bater nela. - Camila se rendeu ao pedido de Jessica.

- Camz...

- Cala a boca e olha pra cá. – Jessica parecia uma rainha com pose de vitoriosa. – Vamos amor. – Jessica se agachou ficando na altura do rosto de Camila. – Me dê um beijo apaixonado, e você – Ela apontou a arma para mim. – Olhe bem, e aprenda a beijar. – Camila chorava sem parar, me olhava com desespero e eu totalmente amarrada, machucada sem poder fazer nada para tirar ela de lá, Camila deu um selinho, mas Jessica não ficou contente e lhe forçou a um beijo de verdade, Camila tentava sair daquele contato, mas como? Se ela estava tão amarrada quanto eu, então o "beijo apaixonado" só terminou quando Jessica quis. – Viu, a gente se ama.

- Eu te odeio! – Camila gritou e levou outro tapa de Jessica.

- Me odeia?

- Odeio! Chega, eu não aguento mais isso, me mata Jessica, atira em mim agora!

- NÃO AMOR! - Gritei tentando fazer ela acalmar.

- ELA NÃO É SEU AMOR! – Jessica chutou a cadeira fazendo com que eu caísse junto. – Amor, você está estressada e com fome... Jamais atiraria em você.

- NÃO ME CHAMA DE AMOR! E ATIRA! EU NÃO AGUENTO MAIS!

- Calma, calma... Eu não tenho motivo algum para atirar em você!

- EU TE TRAI! Eu fui para a cama com a Lauren enquanto eu namorava você! Por duas vezes eu transei com ela! E quer saber? Foi maravilhoso! Tudo com ela e mil vezes mais gostoso do que com você!

- Isso é mentira... É mentira.

- Não é! Transei com ela na minha casa e depois quando ganhamos a competição eu invadi o quarto dela e dei para ela, transamos a noite toda! E sem culpa alguma! Ela é mil vezes melhor do que você! – Jessica tampava os ouvidos na tentativa de não ouvir aquilo, eu pedia para Camila parar de falar, Jessica poderia vir a atirar nela se caso ela continuasse, mas Camila não me ouvia. – Ela é melhor em tudo! Mais inteligente, mais carinhosa, mais gostosa... Mil vezes mais gostosa do que você!

- Para se não eu vou te matar amor! - Jessica andava com a arma na mão tentando não ouvir Camila, ela estava descontrolada de raiva, sua mão tremia e seus olhos estavam vermelhos.

- MATA! MATA LOGO! - Camila gritava.

- Camz, para, para de falar assim por favor! - Jessica se abaixou na frente de Camila.

- EU AMO A LAUREN! AMO MAIS DO QUE QUALQUER COISA NA MINHA VIDA! – Camila gritava e Jessica suava, e para meu desespero ela armou o revolver dourado. – E SE ELA MORRER, EU MORRO! NEM QUE PRA ISSO EU ME MATE! Então se você pensa em fazer algum mal a ela achando que assim eu vou ficar com você, Esqueça!


- CALA A BOCA CAMILA! CALA A BOCA! - Os gritos de Jessica ecoavam pelo galpão.

- ESQUEÇA! - Camila gritava com toda a coragem e até parou de chorar. - EU NÃO SOU SUA! EU NUNCA CONSEGUI SER SUA! EU TENTEI! ATÉ NA CAMA! ATÉ NA CAMA, QUANDO EU TE TOCAVA EU ADMITO QUE EU PENSAVA NELA!

- CALA A BOCA CAMILA! - Gritei tentando em vão chamar atenção dela.

- ME MATA! É O ÚNICO JEITO DE ME CALAR! ESQUEÇA! EU NUNCA VOU SER SUA! EU SOU DA LAUREN! EU SOU DELA!

- AGORA CHEGA! – Jessica apontou a arma para Camila e em seguida ouvi um disparo, fechei meus olhos, eu não queria abrir, não queria ver Camila morta.

POV JESSICA

Quando não aguentava mais, estava decido que iria matar Camila, senti uma ardência em minha cabeça, perdi a força em minhas pernas, e o revolver se soltou da minha mão... Cai.
De um lado, Lauren com os olhos fechados...Covarde.
Do outro Camila me olhava fixamente, passei a mão em meu cabelo e ele estava vermelho, levei um tiro.

Minha vista ficou embaçada, mas me recusava a fechar os olhos... Camila estava me olhando e sempre foi assim, toda vez que por algum momento de sorte, Camila me olhava, eu ficava feliz, era assim que eu me senti.
Uma paz... Nos olhos de Camila vi minha infância no Brasil, uma garotinha loira que brincava com seu pai de jogar futebol... Ví a dor de quando ele saiu de casa, o acidente, minha mãe sem uma das pernas deitada no hospital.
Minha mãe disse que me ama, sim... Ela disse.

POV LAUREN

Aquele silêncio foi quebrado com vários policiais entrando no local, quando olhei, Camila estava olhando para Jessica.
Jessica sangrava na cabeça, alguém tinha atirado nela.
Os policiais vieram correndo me desamarrar, outros dois fizeram o mesmo com a Camila.
Os olhos de Jessica estavam parados olhando para Camila.
Meu corpo inteiro doía, Camila mesmo fraca veio correndo me abraçar.

- Acabou. – Disse abraçando-a com a pouca força que me restava. – Acabou meu amor, nós vamos para a casa.

ConsequênciasOnde histórias criam vida. Descubra agora