Os três primeiros dias - Parte 2.

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POV LAUREN

1° DIA:

Acordei com um montinho e seis olhos a me vigiar, era Dinah, Ally e Normani em cima de mim.

- GALINHAS SAIAM DE CIMA DE MIM! VIREI POLEIRO AGORA? – Eu disse enquanto todas começaram a gargalhar. – Falem baixo, se a Camila acordar de mau humor, vai sobrar para todas, inclusive para mim.

- Você tem muito medo da Camila. – Ally disse saindo em cima de mim. – É medo ou amor?

- Não vou nem te responder, ou vocês esqueceram que a primeira vez que eu pisei nessa casa, ela avançou em mim querendo me bater? – abracei Dinah que estava do meu lado.

- Verdade, aquilo foi ridículo, Camila surta muito fácil... Lolo, posso te perguntar uma coisa? – Normani colocou a cabeça em meu colo. – Você ficaria com a Camila?

- Bom, ela é uma mulher linda... Se ela não fosse tão brava, provavelmente eu ficaria sim... E ela tem um coração gigante.

- Ah corta essa de coração, desde quando você repara nessas coisas Jauregui. – Ally disse.

- Cansei de farra, de mulheres sem conteúdo eu quero alguém que possa me dar mais do que umas transas, eu quero me casar um dia. – As três ficaram me olhando espantadas.

- O mundo, vai acabar! Lauren Jauregui quer namoro sério! MEU DEUS! – Ally colocou as mãos pra cima aproveitei e ataquei a pequena fazendo cocegas.

Normani resolveu ir para a cozinha preparar o café da manhã, e levou Ally com ela, eu resolvi ficar mais um pouco aproveitando o colo de Dinah.

- Mana, eu estou feliz – Disse enquanto me ajeitava no colo de Dinah.

- Também, tipo, aos poucos eu acho que nós voltaremos a ser aquele quinteto inseparável... Sinto muita saudade daquilo tudo.

- As coisas não vão ser como antes Dinah.

- Sei, mas pode ser melhor!

Fomos para cozinha, e lá estava Normani sentada em cima da pia com Ally no meio de suas pernas, trocando um beijo super sensual.

- CREDO! – Dinah disse. – Meu Deus Ally guarda esse pinto! – Todas caíram na risada.

- Eu não tenho pau! E se tivesse ele estaria batendo no teto agora. – Ally disse enquanto ajudava Normani a descer da pia.

- Camila já acordou? – Normani perguntou.

- Íamos fazer essa mesma pergunta a vocês, a bicha nem bebeu tanto assim ontem! Isso é culpa da Lolo! – Dinah disse, e eu gelei, será que as três ouviram alguma coisa ontem? – Aquele selinho forçado fez Camila capotar! – Respirei aliviada.

O café da manhã estava tranquilo, notei um barulho e quando ví Camila meu coração disparou, foi a mil, ela estava andando de modo meio estranho, bem feito. Me provocou.
As meninas acharam estranho o jeito de Camila, ela estava de péssimo humor e pouco nos falamos, inventei uma desculpa e sai da casa, eu odeio mentir, mas foi necessário. E na verdade eu não menti... Eu apenas adiantei o fato, minha reunião é no final da tarde não no começo do dia.

Depois de algumas horas Ally me ligou, pelo o que eu entendi, o restante do café da manhã foi um desastre, Camila foi rude com a Dinah e Dinah não gostou nem um pouco e saiu de lá super chateada... Sinto falta daquela Camila doce, não digo pra mim... Mas pelas outras meninas, eu fiz a merda, eu fiz a cagada toda e isso deveria se aplicar só a mim, mas toda vez que eu vejo a Camila com as outras percebo um certo ar rude nela. Ainda mais ontem que estávamos brincando, todas as quatro (eu me incluo nessa) já somos mulheres feitas, maduras, mas quando nos juntamos conseguimos resgatar aquelas adolescentes sonhadoras... Camila não é assim.
O que pensar da noite de ontem? Eu poderia estar me sentindo a fodona, super feliz, mas a verdade... A pura verdade é que eu não estou.
O sexo foi gostoso, eu gozei inúmeras vezes, ela também... Não sei se foi a segurança ou o tesão que fez ela confiar em mim ao ponto de me dar o cú dela (desculpa, mas não há outra maneira de falar sobre isso).
Meu dia se resumiu a casa e reunião, amanhã o dia seria longo, iria ao centro comercial, olhar um galpão, algo mais rustico e vintage... Eu vou abrir um ateliê aqui, Jauregui Jóias vai ter mais uma filial. Está decidido, eu vou mudar para Miami.


2° DIA:

- Filha, oque você vai fazer no final da tarde? - Minha mãe perguntou enquanto tomávamos café.

- Nada em mente, precisa de mim?

- Não exatamente, hoje vai ter uma pequena exposição de arte lá na casa de repouso, temos muitos velhinhos talentosos! – Senti uma animação enorme da minha mãe ao tocar naquele assunto, seus olhos brilhavam e eu amava ver minha mãe assim. – Pintores, desenhistas, escritores, dançarinos e costureiras... Eu estive pensando, bom, eu sempre levo seus catálogos de joias das exposições e eles acham lindo e diz que você é muito talentosa, assim, se der... Você poderia passar lá e dar uma olhada? Não precisa ficar muito se não quiser. – Minha mãe estava visivelmente nervosa por me convidar, eu achei aquilo tão fofo!

- Mas é claro que eu vou! – Abracei-a bem forte. – Será uma honra estar te acompanhando, faz bem para meu ego estar acompanhada de uma mulher tão linda! Faço questão de ir com você e ficar até o final do dia.

- Sério minha filha? Ah meu Deus eu estou tão feliz! Todos vão amar te conhecer, você tem fãs lá! Algumas mais safadinhas, porque sabem que você é gay. – Comecei a gargalhar. – Teve uma, que teve a cara de pau de chegar em mim e dizer, que nunca sentiu vontade de beijar uma mulher, mas que a MINHA FILHA, fez ela mudar de ideia, e que por você ela viraria lésbica!

- Ah ótimo! Estou carente – Disse em tom de brincadeira, mas minha mãe fechou a cara. – Mãe! Estou brincando! – Voltei a abraçar minha mãe.

- Você precisa arrumar uma namorada minha filha, alguém que tenha neurônios e não só um corpo bonito, alguém que faça seu coração bater forte! Ter vontade de casar, me dar netinhos!

- Calma mãe, isso será um processo lento... Essa mulher apareceu, mas sua filha estragou tudo... Porem pretendo reconquista-la.

- Quem é essa garota?

- Um dia você vai saber. – Dei de ombros e continuei a procura de uma mochila que combinasse com o meu look do dia.

- Porque não posso saber agora?

- Porque não. – Dei um beijo em sua testa. - Até a tarde, se eu me atrasar, me liga e me espera! Tchau mãe! – Sai em disparada até o meu possante, minha antiga Ferrari preta, meu primeiro carro... Meu primeiro amor!

O dia foi tranquilo, visitei mais de dez lugares, dois me agradaram, outros não... Talvez porque eu sou muito exigente e também porque eu estou acostumada com a arquitetura europeia, que fica lindo com aquele tempo frio e meio mórbido... Meu cérebro parece não ter processado a ideia de que estou em Miami, sol, calor, pessoas com roupas coloridas, praia e roupas leves... Isso é Miami.
Aproveitei a solidão e resolvi comer uma boa comida italiana e tomar um sorvete olhando o mar... Que saudades eu tinha disso, ok, que eu fui a sensação da praia, fui a única a ir de preto, coturno e jaqueta de couro (regra de uma pessoa marrenta, nunca tire sua armadura de couro, se você resolveu colocar sua jaqueta de couro, mantenha a honra).
Voltei para a casa, peguei a minha mãe e fomos para a exposição, eu me surpreendi muito com o que ví, esculturas maravilhosas, bordados ricos em detalhes, poemas e músicas que tocavam o coração. Mas o que mais me deixou fascinada com aquele lugar, é o fascínio que cada idoso tinha ao conversar e ser ouvido. Ter alguém que os ouvisse, minha mãe me disse que muitos são abandonados pelas famílias, que eles pagam as despesas do local, mas nunca vão visitar seus parentes...É como se fosse um deposito de pessoas, isso é terrível! Eu conheci senhores e senhoras fofos, com histórias de vida incríveis e eu fiz questão de ouvir todos, seria bom pra mim e seria bom pra eles.

- Olha só quem está nos dando a honra! – Era o senhor Antonny o esposo de Margareth. – Muito feliz em vê-la aqui na nossa humilde exposição.

- Eu que estou feliz em vê-lo! E de humilde não tem nada, vocês são artistas excepcionais! Eu estou realmente impressionada!

- Fico muito feliz com isso menina, vejo em teus belos olhos que é verdade o que diz... Vejo em seus olhos uma tristeza, dor no corpo, na alma... No coração.

- Você é vidente?

- Não, você que é transparente. – Retrucou como se já esperasse minha pergunta. – Vem comigo, vamos para a minha casa, vou fazer um chocolate quente para você.

Eu realmente precisava de alguém para conversar, Taylor estava viajando e acho que alguém de fora poderia me ajudar a analisar tudo, e ser imparcial devido a todos os fatos.

Chegamos em sua casa e fomos a cozinha, uma casa bem pequenininha porém bem limpa e arrumada... Um toque de requinte nos moveis e fotos dos dois velhinhos felizes por todas as partes.

- Gosta de fotografia menina? – Antonny me perguntou, apenas confirmei com um gesto. – Eu e Margareth também, fora que tantas fotos assim, é algo estratégico.

- Porque?

- Todo casal briga, umas briguinhas... Outras brigonas, e no calor do momento é difícil pensar em não magoar o parceiro ou parceira, então quando se briga e tem fotos assim por toda a parte exaltando momentos bons e ruins, isso ajuda... Você começa a se lembrar de por que estar com ela, e um sorriso brota no rosto e sua raiva ameniza.

- Nunca tinha pensado por esse ponto senhor Antonny . – Disse pensativa.

- Me chame de Tonny, é assim que meus amigos me chamam... Sente-se – Me sentei na mesa enquanto Tonny meu novo amigo fazia um belo chocolate quente. – Vamos lá querida, posso fazer o chocolate e te ouvir ao mesmo tempo, me diga, você e a doutora Cabello, me conte seu dilema.

- Como sabe que é a Camila? – Disse em completo espanto.

- Simples, você ficou babando nela enquanto ela estava trabalhando na sala de vidro, depois você me disse que não era, mas gostaria de ser a namorada dela... E quando ela saiu da sala, ficou nítido a tensão sexual vindo de vocês

- Tensão sexual? – Fiquei espantada com o vocabulário descolado dele.

- Não se espante, velhos também falam e fazem sexo! – Ele deu uma bela gargalhada. – Sexo na terceira idade é muito bom.

Contei toda a história, desde o comecinho quando eu tinha 17 e ela 15... Não escondi nada, falei inclusive da minha falha ao trair ela. Era impressionante como eu despejei tudo para um homem desconhecido até então. Tonny me escutou calado, sem me julgar... Não soltou nenhuma palavra, mas fazia questão de mostrar que prestava muita atenção em mim.

- Você foi filha da puta ao trair ela... Pobre Camila, mas você mudou... Evoluiu, amadureceu e vejo que realmente está arrependida. Olha querida, não será fácil... Mas eu acho que a Camila gosta de você, pelo nervosismo quando ela te viu na clínica, e pela transa que vocês tiveram... Ela provoca quando você está parecendo um bicho acuado, é um jogo onde ela te atiça, traz uma Lauren mais destemida e depois... Ela não consegue fugir, basicamente ela brinca com fogo com medo de se queimar, mas brinca... E se queima, ai ela jura nunca mais brincar com fogo... Mas não demora muito a brincar novamente.

- Interessante sua análise, mas o que fazer? Eu quero a Camila, não quero só uma transa, também não quero recuperar o tempo perdido porque sei que não volta e nem tem como... Mas eu quero namorar com ela, andar de mãos dadas, almoço em família. Eu quero construir uma vida com ela, olha não estou me gabando, eu já tive muitas mulheres na minha cama... Algumas, até muito gente boa, seriam ótimas namoradas... Mas nenhum teve o efeito que a Camila me provoca... Não é culpa, é amor.

- Entendo, mas me diga... Ela vale a pena? Porque você provavelmente irá sofrer, irá se desgastar... Camila vale a pena todo o trabalho que você vai ter?

- Vale, ela vale minha vida inteira.

- Senti firmeza menina! Pegue seu celular, mande uma mensagem para ela, algo sincero, nada de frases feitas ou de efeito, seja sincera e chame-a para jantar.

- Não posso, eu jurei pra mim mesma que depois do descaso dela comigo, eu não iria procurar ela!

- Vença seu orgulho se quiser tê-la, ela vai pisar muito em você, você precisará de paciência e persistência! O não você já tem, lute pelo sim! – Tonny me deu um sorriso acolhedor, e ele estava certo, então mandei a primeira mensagem.

Meia hora e nada de Camila responder, eu ví que ela visualizou, estava puta de raiva.

- Calma menina, olha, ela gosta de flores? – Confirmei com um gesto. – Ligue para esse número. Ele me entregou um simples cartão de visita de uma floricultura. – Mande flores, mas nada clichê, rosas vermelhas nem pensar... Dê algo que a alegre, que mostre que você está em missão de paz. – Liguei e pedi tulipas amarelas, com mais um bilhete na torcida de ser pelo menos respondida.

Meia hora depois meu telefone tocou, era uma mensagem da Camila, meu coração sambou dentro do peito na esperança de um sim. Porem meu sorriso foi murchando conforme fui lendo, travei o celular e fiquei em silencio sobre os olhares atentos de Tonny.

- Ela foi ríspida? – Confirmei com um gesto. – Me permite ler a mensagem? – Novamente fiz um gesto, e Tonny começou a ler. – Ela foi cruel, primeiro em uma foda sem importância, depois a resposta é logico que não. – Tonny ficou pensativo. – Não desista, digo, não mande resposta, não a procure por um tempo, mas não desista dela! – Dei um sorriso desanimado. – Melhore! É só mais uma batalha de uma boa guerra, eu acredito que no fim de tudo, você vencerá! Agora, vamos, vou lhe devolver para sua mãe e ir atrás da minha esposa.

Tonny é um senhor legal, uma companhia agradável e eu me sentia bem, quando ele me chamava de menina.
Voltei para a exposição, minha mãe conversava animada com uma senhorinha, que quando me viu abriu um belo sorriso.

- Filha, essa é a senhora Jasmin ela é muito sua fã! – Minha mãe deu uma piscada e eu pude entender, era a senhora que disse que por mim se tornaria gay. Então tratei de tirar a tristeza do meu rosto e dei o meu melhor sorriso aquela senhorinha simpática.

- Muito prazer em conhece-la, meu Deus do céu! Sua beleza chega a ser uma afronta as outras mulheres, você nunca apanhou na rua não?
– Jasmin disse em um tom divertido fazendo minha mãe gargalhar. – Clarinha, você e seu marido só fazem filhos bonitos, disso todos nós sabemos, mas essa aqui... É a mais bonita!

- Muito obrigada! É muito bom ouvir um elogio! – Abracei a senhorinha. – A senhora também é muito linda! Gostei do vestido, tem bom gosto.

- Muito obrigada querida, mas neste momento estou triste. – A senhora fez uma pausa. – Quantos anos você tem?

- Acabei de fazer 28 anos.

- Ai meu Deus, porque senhor? – Perguntou olhando o teto como quem se dirigisse a Deus. – Eu estou bem brava com Deus, você só tem 28 aninhos e eu já tenho 64... Olha, se eu tivesse sua idade, ou fosse um pouco mais nova... Ou mais velha, você não me escaparia! – A senhorinha estava me cantando de um jeito fofo! Abracei-a mais uma vez e dei um beijo na sua testa.

- Então vamos reclamar nós duas com Deus! Se eu tivesse nascido 36 anos atrás, poderíamos ter namorado! Seria uma honra, namorar uma bela dama, como a senhora.

- Você é uma gracinha, me deixou com vergonha. – Jasmin protestou, enquanto eu sorria.

- Meninas, me deem licença, vou falar com a coordenadora. – Minha mãe disse me dando um abraço. – Jasmin, cuide da minha filha. – Jasmin apenas fez um sinal de positivo.

- Sua mãe é o ser mais doce que conheci, nessa idade que estou ela ainda me chama de menina! Já viu tudo na exposição senhorita Jauregui?

- Não sei, acho que sim... E me chame de Lauren, você não expôs nada?

- Sim, eu escrevo... Venha, vou lhe mostrar meus caderninhos estão naquela mesinha. – A senhora pegou em minha mão, ela andava com uma certa dificuldade, mas achei muito fofo seu gesto e a acompanhei pacientemente.

Li atentamente cada linha, no começo por educação... Depois por puro interesse, Jasmin escreve muito bem, em cada poema eu encontrava algum fragmento meu... Algum fragmento da Camila.
As horas passaram e a exposição acabou, me senti tão bem naquele local, provavelmente eu voltaria para visitar meus novos amigos.
Levei minha mãe para jantar e tivemos uma noite bem agradável, é sempre bom sair com a minha mãe, ela tem o poder de me fazer esquecer algumas tormentas da vida... Deve ser coisa de mãe.
Eu tenho planos para amanhã, quero dormir até tarde como um adolescente que não tem nada para fazer em uma segunda feira no período de férias... Depois vou visitar um dos meus casais prediletos, Lucy e Vero.


3° DIA:

São três da tarde, por Deus... Há tempos eu não dormia tanto! Foi bom, me sentia leve.
Preparei um macarrão instantâneo, coloquei uma roupa descente, já que dentro de casa quando eu sei que meus pais não estão, eu só uso cueca e uma regata.
Peguei o carro e fui fazer uma visita surpresa ao casal.
As duas moravam em um condômino de frente para o mar, é lindo aquele lugar, imaginem chegar no quinta da sua casa e pisar em uma areia fofa, olhar e ver o mar... É fantástico!
Toquei a campainha inúmeras vezes e finalmente Lucy atendeu

- LAUREN! – Lucy me abraçou forte. – Você está linda! Para variar, entra a Vero está no quarto.

- Quarto? Não me diga que eu atrapalhei uma boa transa?

- JAUREGAY EMPATA FODA! – Vero surgiu no corredor enquanto fechava o zíper da calça. – Só não bato em você, porque eu sou casada, e se não teve transa agora... Terá outra hora, não falta oportunidade.

- VERONICA! – Lucy.

- Te chamou pelo nome! Está fudida Vero, e não é no bom sentido. – abracei Vero e fiz o toque de amigo.

- Meu Deus, vocês duas parecem dois homens quando se cumprimentam. – Lucy nos olhava atentamente.

- É porque somos homens, somos as ativas! – Eu disse fazendo uma pose masculina (segurando o pinto (que eu não tenho) para ser mais especifica).

- Fale por você Lauren, porque a Vero... – Lucy começou a rir. – É a minha escrava sexual!

- LÚ cala a boca! – Vero foi até sua esposa tampar a boca dela, enquanto eu me acabava em rir. – Vamos mudar de assunto.

- Vem pro quarto Lauren. - Elas me chamaram e eu apenas as segui.

- Sempre quis fazer ménage com vocês! Lucy foi a primeira garota que eu beijei, Vero eu nunca tentei... Mas até que você "serve" – Disse com desdenho.

- Cala a boca caminhoneiro que cheira a couro queimado, por Deus, quantas jaquetas de couro você tem? Mil? – Vero disse enquanto olhava atentamente seu guarda roupa. – Amor, você vai de vestido ou calça?

- Saia, aquela saia que você comprou pra mim, e aquela blusa azul de manga que meu pai me deu... Ai amor! Vai com aquele vestido vermelho que eu te dei, você fica maravilhosa nele.

- Boa ideia, vou passar ele.

- Onde vão? – Perguntei curiosa, alguma data comemorativa?

- Não... Vamos sair com alguns amigos. – Lucy estava omitindo alguma coisa, ela ficou tensa.

- Quem são? Posso ir? – Perguntei olhando nos olhos dela, que prontamente desviou.

- Lauren, qual o sapato? – Vero apareceu na porta segurando três sapatos diferentes.

- Se vai de vermelho, coloque o sapato preto. – Voltei a olhar na direção da Lucy, que já nem estava mais ali.

- Gente, eu tô explodindo de alegria e ao mesmo tempo triste.

- Sempre desconfiei que você era bipolar Lauren. – Vero soltou uma risada. – Comeu quem?

- Camila.

- OI? – Vero apareceu na porta do closed totalmente incrédula. – Agora está usando droga? Tá bêbada?

- É sério, lembra que eu comentei da festa do pijama? Então a noite de madrugada, Camila me viu tomando banho e discutimos, ela me provocou, pisou no meu ego... Fui até o quarto dela e... Aconteceu! Tudo bem que nada são só flores, depois ela me tratou de forma rude, chamei-a para sair e ela recusou, mandei flores e nada... Mas estou feliz, o corpo dela ainda é meu... O coração eu posso reconquistar aos poucos. Quero comemorar hoje! Já que vão sair com amigos, deixa eu ir com vocês!

- Lauren... Fico feliz por te ver animada, mas, esquece a Camila... E não dá pra levar você, mas saímos outro dia! – Lucy deu um beijo em minha testa como se fosse uma mãe tentando consolar um filho.

- Ok... Vocês sabem de algo que eu não sei, oque está acontecendo? Eu acabo de falar que transei com a Camila, que com o tempo eu vou conquistar ela e vocês ficam assim! – Me levantei da cama. – Achei que iriam comemorar!

- Lauren desculpa, vem aqui parça. – Vero me chamou. – Você sabe muito bem que eu te amo, que eu torço para sua felicidade e que oque eu mais quero é ser madrinha do seu casamento com a Camila... Mas você não pode sair comigo e com a Vero, a gente vai sair com a Camila, ela nos convidou para ir jantar. – Vero colocou a mão sobre o meu ombro, e estava com um semblante sério.

- Ótimo! Me digam aonde é, eu posso aparecer lá de surpresa! Espera, isso seria muito amador, ficaria na cara que foram vocês que me falaram, Já sei, vou chamar meus pais! Qual restaurante é?

- Gata, não vai dar. – Lucy apareceu na porta. – Vero, conta a verdade toda amor, eu não tenho coragem, ainda mais nessa empolgação dela.

- Veronica, me conta agora! – Tirei as mãos dela de cima dos meus ombros.

- Ok, a Camila nos ligou no começo da tarde, nos convidando para jantar com ela e com a namorada dela.

- NAMORADA? QUE PORRA É ESSA? ISSO É PEGADINHA DE VOCÊS!

- Eu não conheço a garota, eu só sei o nome dela... Lauren fica calma! – Veronica tentou me abraçar, mas eu me distanciei.

- Nome... – Disse em um sussurro. – Qual o nome... EU QUERO A PORRA DO NOME DESSA GAROTA! – Gritei o mais alto que podia.

- Jessica, parece ser pediatra no hospital que a Camila atua. – Lucy disse de maneira rápida, acho que pensou que falando dessa maneira, iria doer menos.

Eu tinha raiva e o choro veio de modo fácil.
Que tipo de pessoa Camila tinha se tornado, ela deu pra mim e dias depois começa a namorar aquela idiota, não dava para entender... Também não queria entender nada, só sair dali antes que sentisse os braços de Vero tentando me consolar.
Sai sem dizer mais nada e pisei fundo, eu precisava me distrair, eu queria beber e era exatamente isso que vou fazer!
Parei o carro e peguei meu celular para uma consulta no google... Bares em Miami, havia um ali perto... Memorizei o endereço e liguei o carro.

Chegando no destino, era uma casa com arquitetura antiga, bem afastada de toda a badalação de Miami, perfeito!
Uma casa em tons escuros e um letreiro discreto, entrei sem dificuldade ao local, havia muitos homens lá, todos me olhavam com surpresa... Poucas mulheres frequentavam aquele local presumo.

Me sentei em um canto da bancada e pedi uma garrafa de tequila.
Fiquei afundando minhas magoas naquele copo minúsculo, concentrada demais nas palavras de Vero.
Senti um toque nas minhas costas e me virei, era um rapaz bonito me oferecendo companhia e bebida.
Recusei, informando que eu era gay... Foi um saco, em menos de uma hora naquele local, entre um gole e outro tinha um filho da puta querendo me pagar bebida em troca da minha companhia.

Uma luz forte se acendeu no centro daquela casa, e os homens gritavam animados.

- Ei companheiro. – Disse chamando o garçom. – Não sabia que hoje tinha musica aqui, quem vai tocar?

- Música? Bom moça, se existe alguém que vai tocar aqui, são esses homens... tocar punheta. – Esse sorria em tom de deboche enquanto eu ficava espantada com sua falta de delicadeza com as palavras. – Aqui é um bar... Com serviços a mais.

- Exemplo?

- Bar, casa de danças eróticas e casa com... Algumas, apenas ALGUMAS garotas de programa de luxo.

- Eu estou em um puteiro? – Perguntei olhando rapidamente em volta.

- De certo modo sim!

- PUTA QUE PARIU. – Tampei a boca. – Foda-se, eu já estou bem alterada e não vou sair daqui tão cedo.

- Fique a vontade, aproveite o show, já tem muitas garotas que não tiram o olho de você... Te acharam bonita.

- A mulher que eu amo não me quer... Me vê mais uma garrafa que essa aqui está acabando. – O garçom saiu em direção a uma estante aonde ficavam as garrafas.

O show começou e até que tinha garotas bonitinhas, mas nenhuma como a Camila... A minha Camz.
O show estava animado, era engraçado ver os homens babando e gritando putarias para aquelas mulheres, que pareciam adorar, ainda mais quando a putaria vinha acompanhada de dólares.
Começou o "show principal" pelo o que eu entendi a mulher era a mais linda delas, a fodona... O número séria só dela. No começo foi engraçado porque começou a tocar uma música da Dinah (por Deus, a voz de Dinah me acompanha até nos puteiros) Soltei uma risada e percebi a mulher do palco me olhando, ergui o copo em sua direção e engoli o liquido que desceu quente como brasa.
Foi uma ótima apresentação, as luzes se apagaram e eu continuei a minha longa jornada entre o copo de tequila.

Senti uma voz rouca ao meu lado, era a dançarina fodona pedindo uma cerveja ao garçom... Percebi seu sorriso malicioso ao perceber que estava olhando-a.
Magra, não muito alta, cabelos ondulados um jeito de menina... Eu não sei se é a bebida, mas ela me lembra muito a Camila.

- Se continuar me secando vou emagrecer. – Ela disse enquanto bebia um gole de sua cerveja. – Você é nova aqui? Não lembro de você.

- Como ia se lembrar? Há tantas pessoas que vem aqui. - Continuei olhando para frente, ignorando contato visual com aquela mulher.

- Pode ser, mas uma mulher como você, quem vê não esquece.

- Você está me cantando?

- Está funcionando?

- Não.

- Talvez se você vier comigo, eu tenho um quarto especial no terceiro andar, onde eu posso ficar mais à vontade com meus amigos e amigas... Talvez funcione.

- Não sou sua amiga, nem sei seu nome. - Olhei em sua direção.

- E nem vai saber, isso é segredo... Mas o meu apelido é Lili. - Ela esticou sua mão para me cumprimentar.

- Lili.... Prazer, me chamo Michele. – Eu sempre usava meu segundo nome, quando não queria que as pessoas soubessem o meu primeiro nome. Estiquei a mão para cumprimenta-la e quase caí do banco. – Que bosta.

- Michele, você está bem louca já... Nem se aguenta em pé, quantas garrafas de tequila já bebeu?

- Não é da sua conta.

- Ui, doeu – Lili começou a rir. – Gosto de mulheres agressivas, são ótimas na cama... Está com raiva de alguém, acertei? – Confirmei com um gesto. – Desconta a raiva em mim... Eu aguento.

- Você é bem safada Lili. – Encarei seu decote.

- E pessoas como você, adoram isso! – Ela aproximou sua boca da minha. – Pague sua bebida, e vem comigo.

- Paguei minha conta, e pedi mais uma garrafa para levar, Lili me deu sua mão e foi me guiando enquanto subíamos as escadas, podia escutar os velhotes todos lamentando o fato de Lili estar comigo.
Entramos no quarto, cama redonda, lençóis vermelhos... Coisa típica de puteiro.
Servi meu copo e o dela, enquanto me sentava em um sofá de couro.
Lili sentou em meu colo, com as pernas abertas de frente para mim... Ser sútil pelo visto não era o forte dela.
Depois de algum tempo conversando e bebendo ela me roubou um beijo, e até que foi muito bom!

- Sua boca é maravilhosa. – Disse baixinho. – Quero ela no resto do meu corpo.

- Você quer que eu foda com você? – Apertei sua bunda.

- Quero, quero muito! – Ela começou a roçar seu corpo no meu, aquilo deixou meu corpo em alerta. – Quando ví você no meio dos outros, eu entendi o porquê das outras meninas da casa estarem todas afim de você, comentando da mulher misteriosa de jaqueta de couro e olhos claros... Quando te ví, na hora eu pensei, que essa noite, você me comeria. – Mordeu levemente minha orelha.

- Ok, você venceu... Mas quero te pedir uma coisa, a partir de agora, você não se chama mais Lili. – Disse em tom sério enquanto ela me olhava com uma cara travessa. – Seu nome... Hoje... Será Camila. – Ela me olhava em silêncio como quem esperasse uma explicação do porquê dessa minha exigência, eu estava bêbada demais para qualquer explicação. – É essa minha condição, posso ir embora se quiser.

Lili se levantou do meu colo, foi até a porta e trancou e ficou de pé na minha frente, enquanto eu tomava mais um copo de tequila.

- Vem aqui. – Ela chamou e eu me levantei, indo de forma bem lenta a sua direção e com dificuldade devido ao álcool, ela segurou em minha cintura e me deu um beijo lento, mordendo minha boca. – Me come. - Ela me olhava com tesão. – Me foda como você faria com a Camila.

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