C A P Í T U L O 8

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– Venha, querida! Está na hora de explorar a casa um pouquinho.
   Esmeralda abriu a porta do quarto, e no instante seguinte, Cookie passou correndo por ela. Desde que o pai havia chegado lá, a pobre cadela estava saindo do quarto apenas para cuidar de suas necessidades biológicas, mas não mais do que isso.
   Depois do pai anunciar uma viagem de última hora, a lady comemorou silenciosamente e liberou Cookie do confinamento logo em seguida.
   Esmeralda aproveitou o quarto silencioso, longe o bastante dos latidos da cadela, para pegar a pena e inundá-la na tinta. Sentou-se em frente a escrivaninha e posicionou o papel da melhor forma que conseguiu, respirando profundamente e pensando nas melhores palavras.
   Ela não precisava de Henry ali. A lady não sofria de nenhuma ameaça, não estava em apuros, mal tinha contato com Arthur, mas gostaria que ele fosse vê-la.
   Mesmo com a promessa feita pelo lorde na noite anterior, Esmeralda não tinha muita certeza de que ele se lembraria de visitá-la, e não queria esperar demais. Por isso, pressionou a pena no papel e se pôs a escrever. Levou cerca de dez minutos até que a carta estivesse completa.
   A lady deixou a mão o mais leve que pôde durante a escrita, deixando a sua caligrafia o mais bela possível. Porque por mais que tentasse negar, ela queria agradá-lo.
   Com o coração martelando alto e fazendo o melhor para controlar as emoções, ela escreveu:
   Querido Lorde Henry,
   Estou lhe enviando este bilhete com o intuito de convidá-lo para o jantar.
   Entretanto, se o senhor estiver ocupado com qualquer atividade que seja, fique em sua residência. Eu jamais iria querer atrapalhar o dia de milorde por algo tão banal.
   Atenciosamente, Lady Esmeralda.
   Depois de escrever o mais simples dos bilhetes, ela respirou fundo e levantou-se da cadeira. Dobrou o bilhete da melhor forma que pôde e escreveu: Para Lorde Henry na parte da frente.
   Logo quando ia deixando o quarto com o bilhete nas mãos, deu de cara com a sua governanta.
   – Lady Esmeralda! – Helena se sobressaltou. – O que a senhorita estava prestes a fazer?
   Ela pensou no que dizer para não despertar a desconfiança da solteirona, mas sabia que isso seria impossível. Então optou por mudar de assunto.
   – Eu... Eu não esperava encontrá-la tão cedo, Srta. Helena. Em minhas lembranças mais recentes, a senhorita havia dito que estaria de volta apenas em um mês.
   A governanta concordou silenciosamente.
   – A princípio, sim, este era o combinado. Mas imagine, lady Esmeralda, que recebi um telegrama urgente pedindo para voltar, a fim de cuidar do seu enxoval. – Ela contou, fazendo Esmeralda empalidecer. – Em algum momento passou pela sua cabeça dizer-me que estava noiva?
   A lady engoliu em seco.
   – Bem... é claro que sim. Entretanto, a senhorita não pode me culpar! Deu-me um minuto apenas para dar-lhe explicações que mal me vieram em mente, pois estava mais preocupada em saber sobre a senhorita do que qualquer outra coisa. E se fosse uma emergência familiar que a trouxesse aqui? Imagine que lástima! – Esmeralda levou as mãos a testa, fazendo uma cena. – Eu não seria tão egoísta indo imediatamente lhe bombardear com informações sobre mim.
   – Eu não tenho familiares em Londres, milady, e a senhorita bem sabe disso.
   Esmeralda tossiu brevemente.
   – Minha amada Srta. Helena, nunca se sabe...
   Helena levantou uma só sobrancelha enquanto a analisava.
   – Por hoje é só! Já tivemos emoções o suficiente para um só dia. Retorne para os seus aposentos e saia apenas no horário do jantar. Amanhã será um longo dia e não pretendo estressá-la por agora.
   Esmeralda encarou o bilhete e suspirou profundamente.
   – Prometo que irei, Srta. Helena. Permita-me ter com algum criado antes? Juro que não durará mais que um minuto.
   – É pecado jurar! – Ralhou. – De todo modo, entregue-me o bilhete que está em suas mãos. Farei com que ele seja entregue ao destinatário o mais breve possível.
  Esmeralda sorriu para a senhorita. Sabia que o coração dela não era tão de pedra quanto parecia.
   – É para... o meu noivo. Um convite para o jantar.
   – Noivo? – A governanta questionou, incrédula. – Será que os dois não podem aguardar nem mesmo uma semana para se encontrarem? A senhorita muito bem sabe que não é visto com bons olhos encontros entre noivos. O casamento já acontecerá em breve, então não há motivo para convidá-lo para jantar.
   Esmeralda pensou rápido antes de respondê-la.
   – Srta. Helena, não ficou sabendo?! – o seu tom beirava a indignação. – O filho do conde está nos visitando, e é ainda menos agradável que eu jante a sós com ele. O duque está viajando, e a senhorita nunca janta conosco.
   Helena considerou as palavras da dama e murmurou, como se estivesse sob tortura:
   – Que se há de fazer? Mandarei um criado repassar sua mensagem.
   Esmeralda estava sorridente quando a agradeceu:
   – Oh, Srta. Helena! Muito obrigada.
   – Que fique claro que cedi aos seus caprichos por vontade própria, e não por acreditar em suas palavras bajuladoras. Eu sou velha, mas não tola, ora!
   Esmeralda deu um pequeno sorriso e não ousou mais respondê-la.

Um Duque Para EsmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora