C A P Í T U L O 11

37 8 4
                                    

– É aqui? – o irmão mais novo de Henry questionou, erguendo uma das sobrancelhas.
   – Sim, pateta. Perguntei para os criados exatamente onde ficava.
   Dando de ombros, ele bateu na porta.
   – Eu sinceramente não vejo motivos para esta visita. Ela veio até aqui justamente para fugir de você, seu tonto.
   Henry revirou os olhos.
   – Srta. Helena a trouxe, na verdade. Ela não desejava vir.
   – Como se isso mudasse as coisas – devolveu. – Você está mesmo caidinho por esta mulher, não está?
   Henry estava prestes a lhe ensinar uma pequena lição quando a porta foi aberta e um homem de meia idade os atendeu; deveria ser o mordomo.
   – Boa tarde, Sr...?
   Ele o interrompeu.
   – Chame-me de Kyle. Sou mordomo dos Jones.
   O seu irmão tomou frente.
   – Certo... obrigado por nos receber. Estamos aqui porque o idiota do meu irmão é tão burro que se deixou encantar por uma mulher, e agora não aguenta ficar longe dela nem por um dia – disse e sorriu. – Lady Esmeralda não estaria aqui, estaria?
   Henry o olhou com tanta raiva que soube: os dois lutariam o mais breve possível para que pudesse se vingar daquilo.
   – Na verdade, sim – informou. – Não neste exato momento, no entanto. Ela está com sua tia e prima, as donas desta casa, conhecendo a cidade.
   – Junto de Srta. Helena também? – Henry questionou.
   Por favor, não! Implorou aos céus. Que esta mulher esteja segura em Londres.
   – Sua governanta? Sim – disse depois do aceno do rapaz. – Gostariam de entrar e esperar por elas? Presumo que não se demorarão mais que uma hora. A Sra. Jones disse que estariam de volta para o jantar.
   Com um sorriso, ele assentiu.
   – Se não for um incômodo.
   – Nós estamos incomodando, é claro, mas já que ele convidou, vamos entrar logo – respondeu o irmão, já entrando na casa.
   – Peço desculpas por ter trazido este homem inconveniente – resmungou Henry. – Mas ele insistiu muito. É apenas o mala do meu irmão, Lorde Eduardo III.
   – Eu precisava conhecer esta dama o mais rápido possível, Kyle.
   O mordomo os cumprimentou rapidamente, pediu que aguardassem na sala acompanhados de um bom conhaque e só se retirou quando eles lhe disseram que estava tudo de muito bom grado.
   – Deveria ter imaginado que sua presença aqui apenas me atrapalharia.
   – Você imaginou, querido irmão. Acontece que estava apressado demais em vir até aqui para perder tempo negando minha companhia – ele zombou com um sorriso no rosto.
   Henry lhe deu um murro no ombro.
   – Ora, deixe de besteiras!
   – Então diga-me, Henry, por que diabos você veio atrás de lady Esmeralda? Se estivesse interessado só no ducado, não se importaria nem um pouco em ficar longe dela.
   Henry se pôs a pensar. Não iria admitir nada ao irmão, mas também não deixaria de ser sincero com ele.
   – Estou preocupado com Esmeralda. Já fazem dois dias, e ficar sem notícias dela estava me deixando aflito – confessou. – Contente agora? – ironizou.
   – Muito – respondeu Eduardo.

~

   Quarenta e cinco minutos e três doses de conhaque depois, uma carruagem parou em frente a casa dos Jones.
   Ao ouvir o som das rodas, o coração de Henry deu um pulo automaticamente, e tudo em que ele conseguia pensar era que Esmeralda estava ali, a poucos metros dele.
   O mordomo também ouvira os sinais da chegada das damas, e logo se direcionou até a entrada.
   – Pensei que não iriam chegar nunca – Eduardo sussurrou.
   Henry lhe enviou um olhar irritado.
   – Boa noite, Sra. Jones. Senhoritas – Kyle cumprimentou, dando espaço para elas entrarem. – Como foi o passeio para a senhorita, milady?
   Quando Esmeralda pôs os pés dentro de casa e começou a falar, o coração de Henry desatou em batidas descompassadas. O pobre rapaz nem sabia mais como se respirava.
   – Oh, Kyle, foi incrível! – ela disse, extasiada. – Nós almoçamos em uma espécie de... – toda a emoção se esvaiu do rosto da dama, junto de suas palavras, quando ela deu de cara com o noivo.
   Henry e Esmeralda estavam trocando os olhares mais intensos de suas vidas naquele momento.
   O que o lorde notou no primeiro instante, para o seu alívio, foi a disposição de Esmeralda, então ela só podia estar muito saudável e contente com seus parentes. Em seguida, notou o quanto ela estava radiante usando um vestido verde, simples e recatado. O cabelo da dama estava solto em cascatas sobre os ombros, dando ênfase a beleza da jovem. E o sorriso que ela deu ao contar sobre seu dia fora o mais lindo que Henry já havia visto.
   – Henry? – Esmeralda questionou, confusa. – Mas o que...
   – Não é possível, lorde Henry! O senhor não entendeu quando eu lhe disse que lady Esmeralda deveria se afastar por uma semana? – Srta. Helena o repreendeu.
   Ele concordou imediatamente.
   – Mas a senhorita não disse nada sobre mim.
   Helena deu um suspiro pesado e resmungou:
   – Homens! Eu desisto. – E com isso, os abandonou ali.
   Quando ela foi embora, uma gargalhada alta ressoou no local. Foi quando Henry saiu do transe e prestou atenção nas outras mulheres ali presentes.
   – Esmeralda, este é o seu Henry? – questionou a jovem loira.
   A dama piscou diversas vezes antes de assentir. Henry não entendeu o sentimento de contentamento que surgiu fortemente em seu peito ao vê-la confirmando que ele era dela.
   – Perdoem-me pela falta de educação! – ele pediu, se aproximando. – É um prazer conhecê-la, Sra. Jones – ele cumprimentou a tia de Esmeralda. – E digo o mesmo sobre a senhorita...
   – Emily – ela o interrompeu. – E é ótimo recebê-lo, mas não é necessário toda essa formalidade.
   A senhora da casa concordou.
   – Estou muito contente por finalmente conhecer o noivo da minha sobrinha – ela sorriu para ele. – E quem é este belo rapaz? – questionou, apontando para Eduardo.
   O homem deu alguns passos a frente e fez uma mesura para as damas.
   – Sou lorde Eduardo III. Fiz questão de acompanhar Henry até aqui, pois precisava ver com os meus próprios olhos a mulher que o enfeitiçou.
   Esmeralda o encarou feio.
   – Eu não enfeiticei ninguém!
   Emily sorriu.
   – É apenas modo de falar, prima – disse, entrelaçando o braço ao dela. – Seja muito bem-vindo, Eduardo. Os dois são! Agora, peço licença para me retirar. Irei me recompor e volto para o jantar.
   Henry beijou a mão da dama e disse, com um sorriso:
   – Aguardaremos o tempo que precisar.
   Emily encarou Esmeralda e piscou para ela, muito satisfeita.
   – Querido Eduardo – Sra. Jones chamou a atenção do rapaz – o que acha de se juntar a mim? Posso mostrá-lo nossa residência enquanto estes dois jovens conversam.
   Graças aos céus, Henry agradeceu. Seu irmão resolveu cooperar e os deu privacidade.
   – Será um prazer, Sra. Jones!
   E então, os dois deixaram a sala de braços entrelaçados, deixando o casal de noivos sozinho.

Um Duque Para EsmeraldaOnde histórias criam vida. Descubra agora