Vacanze Romane

Capitolo 10

– James –

A pele de Lily era a coisa mais macia que eu já havia tocado na vida.

Era que nem quando eu ia com minha mãe em lojas de móveis, e me esparramava nos tapetes felpudos que estavam à mostra. Dormir abraçado com Lily era melhor do que aquilo, melhor do que enfiar a mão em uma tigela de gelatina, melhor do que entrar em uma banheira quente.

Abri os olhos repentinamente.

Eu estava dormindo abraçado com Lily Evans.

Dessa vez, era de propósito.

Completamente intencional.

Isso porque eu nem estava falando do que havíamos feito antes de dormirmos abraçados.

Mas, com certeza, eu estava lembrando.

Tive que controlar o impulso de começar a beijá-la novamente. Eu não sabia muito bem o que tinha acontecido entre nós. Não o ato em si – esse eu sabia bem demais –, mas os sentimentos por trás dele. Será que ela acordaria arrependida e me pediria para esquecer tudo aquilo?

Não que eu pudesse esquecer, de fato. Muito menos quisesse.

Me levantei em silêncio, sentindo a ressaca se instaurar aos poucos no meu corpo: a dor de cabeça, a garganta mais seca do que um deserto. Nero levantou a cabeça para me encarar, mas escolheu continuar dormindo com Lily, obviamente. Eu também escolheria.

O relógio na mesa de cabeceira marcava duas horas da tarde.

Me levantei devagar, catei a minha cueca que estava largada no chão e saí do quarto sem fazer barulho.

Embora meu corpo estivesse cansado como se eu tivesse ido a uma festa lotada de final de ano, a sala não tinha ficado muito bagunçada. Afinal, éramos só nós dois. Era preocupante, no entanto, o quanto a minha ressaca parecia aumentar. Aquela quarentena havia acabado com a minha disposição etílica – ou eu estava ficando velho.

Na cozinha, coloquei a cafeteira para funcionar e abri a geladeira, tentando lembrar se havíamos comido todo o bolo ou não. Em nossa defesa, era um bolo pequeno.

Eu queria fugir daquela casa, só para não ter que encarar Lily e ouvi-la pedir desculpas e pedir para que eu esquecesse tudo aquilo. Não que ela fosse dizer aquilo, necessariamente, mas eu não queria nem mesmo correr o risco.

Eu não queria que ela percebesse a expectativa que se instauraria no meu olhar, assim que ela acordasse e viesse em minha direção. Não queria que ela visse o meu desapontamento evidente depois de levar seu lindo pezinho na minha bunda.

Senti dois braços, com a maciez que já foi mencionada, envolverem o meu tronco, e Lily descansou a cabeça nas minhas costas.

Suspirei.

O peso do mundo não estava mais sobre os meus ombros.

– Bom dia – sussurrou ela.

– Bom dia – sorri.

Fechei a geladeira e me apoiei nela, me virando de frente para Lily.

– Dormiu bem? – perguntei, colocando uma mecha de cabelo atrás da sua orelha.

Minha insegurança fez com que eu a analisasse. Lily havia colocado sua calcinha e uma camiseta, apenas. Isso não era coisa de quem estava exatamente arrependida, certo? Agora que nós dois havíamos concordado que não eram só corpos.