Capitolo 11

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– Lily –


Potter não havia dito nenhuma palavra para mim durante o caminho todo. Nada que não fosse essencial, nenhuma piada, nenhum xingamento. Eu o preferia mesmo quando ele passava o dia inteiro me provocando. No final das contas, quando o carro que Slughorn havia mandado para nós parou em frente ao meu prédio, ele murmurou "Te vejo no trabalho" sem nem olhar na minha cara.

O pior de tudo? Ele ainda havia roubado nosso cachorro só para ele.

Eu não deveria estar me sentindo tão mal, mas, duas semanas depois, eu ainda passava todos os meus dias sentada no sofá, assistindo uma comédia romântica atrás de outra, chorando com qualquer declaração de amor.

Eu tinha a desculpa de que o governo escocês havia nos pedido para evitar sair de casa ao máximo por um tempo, caso tivéssemos contraído o vírus em algum momento do nosso transporte, para ignorar todos que tentavam falar comigo. Eu, literalmente, só atendia o telefone quando era minha ligação de vídeo diária com Lene, Dorcas e Ben.

Nós havíamos decidido que era melhor que eu não as encontrasse por um tempo, justamente porque elas tinham um bebe recém nascido em casa, que eu não queria de maneira nenhuma contaminar. Aquele bebezinho já era a minha pessoa favorita no mundo, o amor da minha vida inteira.

Slughorn havia nos liberado do trabalho por duas semanas. Ele ainda estava tentando se redimir pela situação que havia causado. Se ele soubesse de tudo que havia acontecido, teria me liberado por dois anos.

Eu estava me sentindo péssima. Eu não conseguia acreditar o quanto tinha sido idiota. Potter era um homem, no sentido mais clichê da palavra. Ele estava preso em um apartamento com uma mulher, era obvio que ele tentaria alguma coisa. Eu tinha sido completamente burra e inocente e cega. O homem tinha me dito que eu era linda e eu havia me derretido toda, que nem um sorvete sem cérebro.

Suspirei.

Eu continuava colocando a minha mão para fora do sofá, para acariciar Nero. Era um golpe no coração sempre que eu lembrava que ele não estava lá. Nem Potter.

Na televisão, Amy Adams e Patrick Depmsey estavam aos beijos no topo de um prédio em Nova York.

– Ugh – grunhi.

Me levantei e fui até a geladeira.

Eu tinha meia cebola, um pote de mostarda, uma espinafre velha e meia garrafa de suco de laranja. No lixo, estavam os trocentos pacotes de comida que eu havia pedido por delivery.

Peguei um pedaço de papel na bancada e desenhei minha melhor imitação de um cachorro. Grudei Nero na geladeira com um imã.

– Eu preciso criar coragem, né? – perguntei a ele.

Conversar com um cachorro já não era um bom sinal, agora conversar com o desenho que simulava o meu cachorro roubado era demais.

Peguei o meu celular.

Você pode me encontrar no supermercado em meia hora? Por favor?

...

Ele estava parado encarando os iogurtes, compenetrado.

Eu o conhecia o bastante para saber que ele só estava tentando parecer ocupado. Como se não estivesse ali por minha causa.

Mordi o lábio.

– Vik? – murmurei.

Ele me encarou.

– Lily... – murmurou.

Vacanze RomaneOnde histórias criam vida. Descubra agora