Capitolo 13

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– Lily –


Eu não estava me sentindo nem um pouco melhor, mas também não estava me sentindo pior.

Isso era provavelmente um bom sinal, não?

Dorcas havia deixado várias panelas cheias de sopa em frente à minha porta. Foi a única maneira que eu havia deixado elas me ajudarem. Agora que eu estava efetivamente doente, eu não chegaria perto delas de jeito nenhum.

Eu estava quase virando uma parte permanente do sofá.

Era muito cansativo me movimentar pela casa. Até mesmo ir para a cozinha para esquentar sopa me deixava exausta. Eu tinha quase caído no chão na tentativa de levantar as panelas de sopa do tapete da porta, onde Dorcas havia deixado. Eu só tinha força o bastante para ir ao banheiro – e mesmo assim, levantar da privada era um sacrifício.

Eu queria ligar para a minha mãe, mas ligar para ela acarretaria em ter que contar sobre Viktor e o fim do noivado. Sem falar que minha mãe já era uma senhora, seria perigoso ela vir cuidar de mim.

No fundo, eu sabia que não era para a minha mãe que eu queria ligar. Não que seus cuidados não seriam bem vindos, mas não era ela quem eu queria comigo.

Era ele.

Só ele.

James Fleamont Potter.

Aquela situação era ridícula. Era completamente idiota o quanto eu estava sentindo a sua falta. Eu não conseguia ficar sem brigar com ele. Sem olhar pra ele. Sem fazer tudo na minha vida pensando nele.

Não fazia nem três meses que eu não conseguia ficar na mesma sala com ele sem brigarmos. Porque ninguém, em sã consciência, me colocaria em uma sala com James Potter por mais de dez minutos.

Era por isso que minha mesa ficava do outro lado do escritório da dele, ou porque nossos horários de almoço eram diferentes – para não corrermos o risco de nos esbarrarmos na cozinha. Quando voltássemos para o escritório, eu agradeceria se continuássemos daquele jeito – embora meus motivos fossem outros.

Eu não queria ter que encontrar nunca mais com ele.

Era dolorido.

O imaginei sentado na sua mesa, rindo de uma piada que ele próprio havia contado para Frank e o resto dos meninos da tecnologia. Aquela risada, o jeito que ele franze o seu nariz cheio de sardas.

Eu não conseguiria.

Me arrastei até a cozinha para pegar mais um copo d'água. Minha mãe sempre me obrigava a beber litros e mais litros de água quando eu estava doente – e, mesmo sem mandar, agora eu a obedecia.

Voltei para o sofá e me apoiei numa pilha de coisas que estava ao lado para conseguir me sentar. Metade delas caiu no chão com um estrondo, e eu não tinha forças para me levantar e arrumar.

Uma coisa, porém, chamou a minha atenção.

Emma, de Jane Austen.

Eu sabia a maioria das falas daquele livro de cabeça, eu o havia lido repetidamente na adolescência. Eu chorava sempre.

 Eu gostava muito de Emma Woodhouse. Bela, inteligente e rica. Eu sentia que nós tínhamos algo em comum, embora não gostasse de admitir a minha própria teimosia, ou o quanto havia sido mimada pelo meu pai.

Folheei o livro até chegar no capítulo quarenta e nove, um dos meus favoritos. Onde o sr. Knightley se declara para Emma, e, mesmo sem saber muito bem como, lhe diz uma das frases mais delicadas e românticas da literatura.

Vacanze RomaneOnde histórias criam vida. Descubra agora