Prólogo

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Notas da autora: Como vocês vão perceber com a leitura do prólogo, eu reescrevi algumas cenas do anime/mangá de uma forma que eu achei que combinaria mais com a história que desenvolvi aqui. Me permiti isso pois quero explorar ao máximo minhas ideias para headcanon – sempre lembrando que todos os personagens e a história original pertencem ao Kishimoto. Além disso, vocês vão perceber que no finalzinho tem uma alusão ao último trecho da novel “Sasuke shinden – Livro da alvorada”. Enfim, aproveitem a leitura!
            
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   Durante os últimos meses, as memórias eram cada vez mais recorrentes, alimentando os desejos que já se instalavam no coração do ex nukenin. Parado, Sasuke encarou o horizonte, observando o vento carregar as folhas.

Sasuke estava deitado ao lado de seu companheiro de time no solo do que restara do Vale do Fim. Ambos encontravam-se em um estado deplorável, sangrando e sofrendo as dores da falta de um dos braços.
Naquele momento, Sasuke pensou que nunca se sentira tão arrependido, tampouco tão grato por não desistirem dele. Tal pensamento mudou, entretanto, quando a ninja médica veio ao seu socorro.
Primeiramente, a garota apenas os encarou, com um olhar que transmitia uma dor tão profunda que o Uchiha quis desviar o olhar. Apesar disso, não o fez – Sasuke devia isso a ela, tanto quanto devia a Naruto. Então corajosamente sustentou o seu olhar, com todo seu corpo queimando devido à vergonha. Ao arrependimento.
Ele sabia que Sakura o amou. Sabia durante todo tempo.
Mesmo agora, ele sabia que ela ainda o amava, e que continuaria o amando, mesmo depois de tudo que ele havia feito.
Ele sabia de tudo isso tanto quanto sabia que ele poderia viver cinco vidas e ainda assim não seria digno dela.
Para comprovar seus pensamentos, Sakura habilmente iniciou o tratamento de ambos rapazes ao mesmo tempo.
– Obrigada, Sakura-chan. - Naruto disse com um sorriso. Um sorriso que demonstrava a cumplicidade entre os dois – a cumplicidade da qual Sasuke havia estupidamente aberto mão.
Nesse instante, o Uchiha juntou toda a coragem que ainda possuía.
– Sakura, me esqueça… - O garoto começou. Entretanto, foi bruscamente interrompido.
– Fique calado um pouco. Eu preciso me concentrar.
Surpreso, Sasuke calou-se. Sakura nunca havia sido nada além de compassiva com ele. Talvez sua dureza demonstrasse que ela não estava disposta a lhe perdoar daquela vez – não depois do que ele havia feito com Naruto.
Tal pensamento encharcou o Uchiha com a mesma intensidade de alívio e dor.
Os próximos minutos foram preenchidos por silêncio, enquanto a kunoichi tratava seus membros destroçados. Aos poucos, seu corpo foi banhado por alívio, até que pudesse se sentar e, por fim, se levantar.
De pé, pois ainda precisava sustentar o que restou de seu orgulho, Sasuke olhou para a médica.
– Sinto muito. - Disse.
– Sente muito pelo quê? - Sakura perguntou, severamente.
– Por tudo.
Frente a essa resposta, a face de Sakura expressou alívio e tristeza. Seus lábios tremeram.
Sasuke só viu o soco quando já era tarde demais.
Com o impacto, seu corpo tombou para trás e caiu alguns metros adiante.
Uma força escandalosa, brutal. E ainda assim, o garoto sabia que não era nem dez por cento do que ela poderia ter lhe infligido. Sabia que ela havia dado esse soco apenas com sua força bruta, sem mesmo utilizar chackra .
Naruto a encarava com a boca escancarada. Contudo, antes mesmo que ele pudesse repreendê-la, Sakura se movimentou rapidamente, indo até o Uchiha e imobilizando-o enquanto o segurava violentamente pelo colarinho.
– Você deve se arrepender muito. - Ela rosnou, próxima a seu rosto. Nesse momento, a garota não demonstrava nem mesmo um grão de sua antiga timidez ou da vulnerabilidade causada por sua paixão. Contudo, sua voz começava a tremer.
– Seu…Seu…Shannaro – Ela soluçou, enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto. - Seu idiota. - Sakura murmurou, enquanto seu rosto tombava sobre o ombro de Sasuke e seus braços se fechavam gentilmente no corpo do rapaz.
Sasuke suspirou e só dessa vez se permitiu enlaçar a cintura da garota com seu único braço.
No fim, todos eles silenciosamente concordaram em jamais comentar o fato de que foi Sakura quem carregou Sasuke em suas costas no longo caminho de volta à Konoha.

A memória, ainda quente e fresca, foi o que por tanto tempo o lembrou do propósito de sua redenção. Não poderia se reaproximar de Sakura e de seus outros companheiros até que expiasse seus pecados – até que certificasse a si mesmo de que jamais os faria sofrer daquela forma novamente. Até que restaurasse a própria honra.
Entretanto, depois de tudo que aconteceu nos últimos anos de peregrinação sem contato com seus amigos, ele não estava mais com medo de se envolver.
O caminho adiante estava trilhado.
Sasuke começou a andar.
A frente… estava a vila de Konohagakure.

Sasuke Hiden - O shinobi das sombras rumo à luz crescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora