Sasuke estava cansado de humilhações.
Apesar de seu orgulho como ninja, ele esperava que na próxima vida fosse privilegiado com a monotonia, de forma que não precisasse passar por constrangimentos que abalassem seu ego tão fortemente.
Após terem percorrido metade do caminho de volta para a vila sem grandes problemas, o Uchiha sentiu o sangue escorrer de sua ferida com mais intensidade. Não demorou muito para que suas pernas falhassem devido aos efeitos da hemorragia.
– Sasuke-kun!
Sakura e Tanara, que estavam-no amparando, impediram sua queda. Apesar disso, a cabeça de Sasuke girava e ele amaldiçoava a própria fraqueza.
– Estou com medo de pararmos e sermos avistados. Uma ferida dessas... Levantaria questionamentos. - A face de Tanara deixava explícito seu desespero. Sendo teoricamente a responsável pela missão, ela não queria arriscar cometer algum deslize. Contudo, Sasuke era como um irmão para ela, e lhe doía vê-lo em agonia.
– Tanara, não se preocupe. Vamos continuar. Vou curá-lo. - Sakura estava ofegante, como era esperado. Após tudo que havia feito naquele dia, sua reserva de chackra provavelmente estava severamente comprometida. Ainda assim, ela apoiou sua palma nas costas de Sasuke e iniciou novamente o tratamento médico.
Enquanto seus companheiros não estivessem a salvo, não haveria descanso.
-
A volta até a própria tenda foi dolorosa, mas não demorada. Sasuke, que estava meio grogue, quase não percebeu quando foi colocado sobre a superfície macia da cama improvisada na extremidade do recinto.
– Tanara, me arrume panos e um pouco de água. - Sakura pediu. Sasuke conseguia perceber a seriedade que tomou conta do olhar da médica quando ela iniciou o ninjutsu curativo. - Me dê licença, Sasuke-kun.
Sasuke não entendeu a que ela se referia e ela não esperou que ele respondesse. Sacando uma kunai, ela agilmente cortou sua camisa já rasgada, deixando seu peito exposto.
A atitude não espantou Sasuke, já que isso facilitaria o tratamento. Contudo, a parte entorpecida de sua mente concentrava-se em Sakura, que não havia sequer corado frente a sua nudez parcial, como teria feito anos antes.
Sasuke a achava incrível em todos os sentidos, sobretudo como profissional. Seu olhar concentrado e suas mãos calejadas demonstravam sua evolução e a seriedade com a qual ela conduzia seu trabalho. Não era atoa que ela era uma ninja médica tão renomada.
– Você está bem, Sasuke-kun? Você está me encarando.
Sasuke piscou, se sentindo idiota. Agora que ele havia se aberto para o laço que compartilhavam, seus sentimentos recorrentemente escapavam de seu controle, fazendo-o agir de forma estúpida.
– Eu estou bem.
– Certo. - Ela lhe respondeu. - A hemorragia já foi controlada, então vou fechar a ferida. Talvez isso demore, então você deveria descansar.
Ela parecia distante e fria. Sasuke se perguntava se era assim que ele mesmo soava na maior parte do tempo.
– Você está bem?
– Aa. - Ela afirmou. O comportamento apático dela o deixava incomodado, mas ele optou por não pressioná-la. Provavelmente, no estado em que estavam, não seriam capazes de ter qualquer conversa construtiva de qualquer forma.
Sasuke ficou em silêncio, então, observando-a discretamente até o cansaço vencê-lo.
-
Durante anos, um sono sem sonhos era algo abençoado e bem-vindo pelo Uchiha. Um sono vazio significava a ausência de pesadelos.
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Sasuke Hiden - O shinobi das sombras rumo à luz crescente
RomancePerda. Dor. Vingança. Todas essas eram palavras que Sasuke Uchiha conhecia melhor que qualquer um. Porém, após anos que Sasuke deixara a vila em busca de redenção pelos seus pecados - em busca de tornar-se algo diferente, algo melhor - ele finalme...