Capítulo 7

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Nota da autora:  Nesse capítulo, vocês vão perceber que os fatos são narrados ora pelo ponto de vista do Sasuke, ora pelo da Sakura, de acordo com o que eu achei mais coerente. Por favor, se ficar confuso me avisem nos comentários que tentarei fazer os POV's por capítulo. Boa leitura!

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– E então, ele te beijou! - Ino interrompeu, enquanto Sakura contava-lhe os detalhes finais do seu último encontro com Sasuke.

Naquela tarde, Sakura estava com Ino, tomando um café com a amiga numa mesinha simples na entrada da floricultura da família Yamanaka. Havia marcado aquele encontro para contar as novidades para Ino, o que logicamente tratava-se de Sasuke. A loira parecia tão animada quanto Sakura pelo retorno do Uchiha, mas por razões diferentes das que existiriam anos atrás: abandonada a antiga rivalidade amorosa entre as duas, Ino não podia deixar de se sentir feliz pelo relacionamento entre Sasuke e Sakura estar evoluindo. A amiga, depois de todos os anos que passou romanticamente solitária, merecia aquilo mais do que qualquer um.

– Eh? Não, não foi assim... ele só me agradeceu. - Ela negou. - Não acho que Sasuke-kun faria isso nesse tipo de contexto.

Ino bufou.

– Mas você queria.

Sakura apenas corou e olhou para o lado, com um sorriso tímido nos lábios. A Yamanaka achava incrível como ela era capaz de ser tão confiante e assustadora em relação a tudo que não tratava-se de Sasuke mas ser completamente o oposto quando tratava-se dele. 

– Ora, testuda! - Ela repreendeu. - Você precisa ter mais atitude, ser um pouco mais assim, como eu. Eu nunca deixaria Sai passar por essa apenas com um "obrigado".

Sakura cruzou os braços e revirou os olhos com a provocação da amiga.

– Cale-se, Ino-porca. Eu, que conheço o Sasuke-kun, sei que ele não se sentiria confortável naquele momento.

Ino, por sua vez, ergueu uma sobrancelha e deu um sorriso um tanto quanto maldoso.

– Ah, é? Ele não se sentiria confortável ou você não tem coragem, Sakura?

A Haruno a fuzilou com os olhos, mas toda sua marra foi varrida. Um segundo depois ela abaixou a cabeça e resmungou:

– Eu nunca sei até onde posso ir com Sasuke-kun, shannaro! Estou esperando ele guiar as coisas quanto a isso, e na verdade não está ruim, mas...

– Você tem medo que ele desapareça de novo antes de vocês concretizarem algo.

Sakura não respondeu, mas seu olhar triste disse suficiente por si só. Ino estendeu o braço para tocar o ombro da amiga.

– Eu sei que seus medos têm fundamento, mas não acho que Sasuke-kun deixaria essa oportunidade passar, Sakura. Eu inclusive acredito que essa é a razão pela qual ele voltou para a vila.

Sakura abriu o menor dos sorrisos, mas seus olhos transmitiram gratidão.

– Obrigada, Ino. - Ela, então, se espreguiçou e se levantou. - Obrigada também pelo café. Agora tenho que me apressar para encontrar o Kakashi-sensei. Tenho que fazer a entrega do relatório mensal da clínica que estou enrolando a dias.

Ino sorri maliciosa.

– Vá, testuda. Não deixe que seu romance destrua seu rendimento profissional.

Sakura sorriu com a provocação, pois Ino a conhecia suficientemente bem para saber que ela jamais faria isso.

– Certo!

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Ao chegar na sala do hokage, Sakura bateu levemente antes de entrar, apenas para avisar que estava ali. Ela se dava o direito desse tipo de regalia pois era amiga do Rokudaime, que também era seu ex sensei, além de ser uma dos ninjas de alto escalão da vila. Poucas coisas aconteciam em Konoha sem que ela soubesse.

Ela não pôde disfarçar sua surpresa, contudo, quando percebeu que Kakashi tinha companhia.

Sasuke a observava, impassivo.

– O que faz aqui, Sakura?

Seu tom não a agradou, pois deixava subentendido que eles estavam discutindo algo que ela não deveria saber. Ao deduzir intuitivamente do que se tratava, Sakura ficou imediatamente mau humorada.

– Eu sou uma das responsáveis pela rede de saúde de Konoha e coordenadora de uma clínica, Sasuke-kun. Vez ou outra tenho que me apresentar ao hokage para passar os relatórios mensais.

Se Sasuke se surpreendeu com a resposta áspera, não demonstrou. Kakashi apenas observava a cena, parecendo entretido e levemente preocupado.

– Que bom que está aqui, Sakura. Venha, coloque o relatório aqui e se junte a nós. - Ele olhou para Sasuke com uma leve reprovação. - Apesar de não parecer, o assunto diz respeito a você também.

Sasuke exibiu uma carranca, encarando o hokage, mas não o contrariou.

– O que está acontecendo?

Antes que Kakashi pudesse respondê-la, Sasuke o fez. Se o hokage não poderia deixá-lo fazer as coisas do seu jeito, Sasuke tampouco o deixaria expôr a situação da forma que ele quisesse.

– Noite passada um mensageiro me enviou um gavião. Aparentemente uma ruína de um templo Otsutsuki entrou em atividade. Precisa ser investigada.

A mente de Sakura girou. O Uchiha não precisava dizer que seria ele quem lidaria com a investigação.

– Que... que ruína? Onde, Sasuke-kun? Que mensageiro? - Seus pensamentos não estavam coerentes e ela se odiava por isso. Não queria se mostrar tão vulnerável.

Sasuke apertou os lábios. Maldito Kakashi. Se ele tivesse se mantido calado, as coisas seriam mais fáceis.

– Isso não importa agora. - Ele disse, simplesmente.

Ele viu um músculo tensionando na mandíbula de Sakura e seus olhos ficando nublados.

Ele não estava acostumado com sua raiva, e achava que nunca estaria.

– Você está dizendo que... não importa? - Ela começou. - Como pode falar isso se não sabemos nem se trata-se de uma informação confiável, Sasuke-kun?

A suposição do significado dessas palavras, a imaginação de que Sakura não confiava plenamente nele, o feriu de uma forma que ele não esperava e ele se odiou por saber que a surpresa o impediu de esconder sua chateação. No mesmo momento que percebeu como Sasuke a interpretou, o olhar de Sakura suavizou.

– Eu não quis dizer que...

– Não importa. - Sasuke a cortou, não podendo frear sua frieza. Era o único meio de lidar com a dor que ele conhecia, afinal. - Kakashi, já te repassei tudo que precisa saber. Espero receber o aval para a missão, mas de qualquer forma partirei em alguns dias.

Dito isso, Sasuke virou-se e saiu, sem dirigir ao menos um olhar para Sakura, que permaneceu estática.

– O que... o que aconteceu? - Ela perguntou para si mesma quando saiu do transe.

– Parece que ele anda um pouco sensível, huh? - Kakashi disse, com seus olhos transparecendo seu cansaço. - Você deveria ir falar com ele.

Sakura piscou e assentiu com a cabeça para o hokage, e então andou apressadamente em busca de Sasuke para tentar esclarecer as coisas. 

Sasuke Hiden - O shinobi das sombras rumo à luz crescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora