Capítulo 14

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As costas de Sakura doíam. Chegando ao porto da vila de Yugakure, ela podia sentir a maresia do grande oceano a sua frente. Ao seu lado, Sasuke encarava o horizonte totalmente inexpressivo. Ele não precisava abrir a boca para que a médica soubesse que seu humor não estava bom. Naquele dia, ela acordou dolorida e cansada devido ter passado a noite numa posição estranha. Pra sua surpresa, quando abriu os olhos uma das primeiras coisas que notou foi Sasuke sentado a sua frente, dormindo encostado na parede. Adormecido, toda a tensão parecia se esvair de sua expressão, que se tornava suave. A visão foi responsável por um sentimento de paz em Sakura, até o momento que ela percebeu que ele tinha um sono pesado que precisaria ser interrompido para que a missão não fosse atrasada.

– Não gosta de viajar de barco, Sasuke-kun?

Sasuke a olhou pelo canto do olho. Estava impaciente: a entrada deles no navio já deveria ter sido autorizada. Além disso, o fato de ter tido que acordar precocemente de uma das melhores noites de sono que se lembrava somado a dor persistente em seu pescoço o deixavam amargurado. Ele certamente não seria uma boa companhia para Sakura naquelas condições.

– Não me importo com os meios, desde que chegue onde preciso chegar.

Se fosse uma pessoa expressiva, teria feito uma careta quando percebeu a grande gama de interpretações que essa frase poderia gerar. Felizmente para ele, Sakura, que sempre era doce e se recusava a ver qualquer coisa deturpada em relação a ele, apenas esboçou um sorriso constrangido. Sasuke suspirou, pensando em alguma forma de aliviar a tensão após a dureza de suas palavras. Por sorte não precisou, já que um dos tripulantes, um homem grande com a face severa, desceu da embarcação até eles.

– O capitão confirmou a autorização de vocês para embarcar. Você, mocinha, será encarregada de ajudar a preparar as refeições. - Quando seu olhar se desviou para Sasuke, ele comprimiu os lábios. - Você acha que consegue ajudar com a carga só com esse braço?

Sasuke quis revirar os olhos.

– Não será um problema.

– Certo, então entrem a bordo. Partiremos em dez minutos. - Dizendo isso, ele se virou e entrou no navio, sem se preocupar se eles estavam seguindo-o. Sakura suspirou irritadamente.

– Humpf. Se eles soubessem quem eu sou... Seria mais adequado terem me colocado pra ajudar com a carga, shannaro!

Sasuke a olhou com interesse. Claro que ele sabia que quando se tratava de força física Sakura era inigualável, mas não podia deixar de pensar na antiga e fútil criança que um dia ela foi, que provavelmente se sentiria ofendida caso fosse designada para uma função que era tão pouco feminina aos olhos da sociedade em que viviam. Sem saber o que falar, Sasuke optou pelo silêncio enquanto adentravam a embarcação.

-

Sakura mexeu panelas o dia todo. Os poucos ingredientes disponíveis, de qualidade questionável, eram suficientes apenas para fazer gororobas gosmentas e insossas, mas ela se esforçou para tornar aquilo o mais comestível possível.

Não havia encontrado Sasuke desde que se separaram pouco depois de entrarem no navio. Ela se sentia exausta e suja devido à umidade constante e ao suor oriundo de passar tanto tempo numa cozinha abafada. Quando finalmente terminou os seus afazeres, se direcionou a sua cabine e se limpou como pôde com a água da torneira, já que não possuía um chuveiro. Sua cabeça doía por conta do uso contínuo do henge no jutsu, e quando finalmente o liberou, ouviu batidas na porta.

Só pode ser brincadeira, pensou, preparada para se transformar novamente. Felizmente, pôde ouvir a voz de Sasuke.

– Sakura?

Sasuke Hiden - O shinobi das sombras rumo à luz crescenteOnde histórias criam vida. Descubra agora