《3.7》

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29 de agosto de 2003 - Reino Unido

Pov's Ally

Sentimento de medo, perca, desespero, abandono. Era tudo que sentia nesse momento olhando para os três seres humanos que tanto amo dormindo na cama espaçosa da latina. Nesses quase seis meses foi tudo tão intenso, que pareciam anos.

O aniversário das crianças tinha sido à dois dias atrás, foi diferente dos outros anos. Tinha sido o primeiro ano que Lucca estava animado para o seu aniversário segundo minha morena, e eu sabia bem o porque. O aniversário foi algo familiar para nós quatro quando nos reunimos lá em casa para a sessão de filmes, queria ter isso todos os dias, acordar ao lado deles, preparar o nosso café enquanto nos organizamos para o nosso dia. Rirmos por coisas bobas e compartilharmos momentos feliz tristes. Contar história para as crianças depois de escovarem os dentes antes de írem para a cama. Mas tenho medo de tudo isso não passar de um sonho.

Hoje eu irei até Diallens visitar os meus pais, infelizmente minha mãe pegou uma gripe forte a alguns dias atrás, mas eu fui descobrir apenas na véspera de aniversário de minha pequena. E aproveitarei essa visita para juntar as provas que eu preciso de mais uma traição de Clara Jauregui.

E tudo isso pode abalar o meu relacionamento com Lauren, me lembro como fiquei brava quando a latina escondeu de mim sobre Chris ser meu irmão, e agora estou fazendo o mesmo com ela. Então estou preparada para qualquer reação sua.

Com cuidado tiro o corpo de Luna que esta agarrada ao meu de cima de mim. Deixo um beijo em sua testa e ajeito a coberta em cima de seu pequeno corpo. Acabo sorrindo ao notar que Lucca dormia agarrado na morena assim como Lana estava em mim há a poucos segundos.

Preparo o café com a ajuda de Anna, e quando terminamos de arrumar a mesa avisto Lauren com Lana no colo e Lucca logo atrás conversando.

Família!

Poderíamos ser uma linda família, mas tudo está nas mãos do destino. Em Diallens está a resposta para tudo.

Tomamos café, juntamente de Anna que é muito querida não só pelas crianças mas por todos nós. Depois do café a latina me deixa em casa, pois ainda tinha que pegar nossas pequenas malas para o passeio de três dias e os remédios de Lana que são os principais.

- Vou sentir saudades. - Diz a latina, manhosa beijando o meu pescoço.

- São apenas três dias meu amor. -Sorrio completamente apaixonada por essa mulher linda.

- Serão os três dias mais longos de minha vida.

Muito dramática essa minha namorada, mas confesso que para mim será a mesma coisa. Três longos dias longe de seus beijos e abraços.

- Não faça assim Lolo. Prometo te ligar todos os dias. E vê se a senhorita se comporta. - Dixo um selinho em seus lábios. - Amo você.

- Sempre me comporto. Te amo minha linda. - Diz a latina soltando o meu corpo.

Lauren se abaixa ficando na altura de Lana, a latina passa o dedo carinhosamente em seu rosto, fazendo a minha pequena fechar seus olhinhos esverdeados.

- Princesa Lana, eu tenho uma grande missão para você. - A latina faz sinais, me pegando de surpresa.

Lauren sabia bem o básico de libras, como "Oi,tudo bem?, Bom dia, boa tarde, boa noite e tchau" e outros, mas nada como uma diálogo como estava fazendo agora. Me lembro dela me contar que se esforçaria para aprender mais libras.

- Princesa Lana ama missão. - Responde Lana eufórica.

- A sua missão é cuidar da mamãe e dar muitos beijinhos assim. - Com carinho a latina segura em seus dois braços começando a encher o rosto de Luna de beijos fazendo a mesma rir. - Todos os dias. Você consegue?

- Sim!

Lauren a abraça forte, e eu sinto os meus olhos aderem. Elas se amam tanto que mal sabem que em suas veias correm o mesmo sangue.

- Te amo, tia Lolo!

- Também te amo, meu amorzinho. - A latina deixa um estalado beijo em sua bochecha e se levanta. Parecia que estávamos indo embora para sempre de tantas despedidas, mas quando criamos um laço com alguém, qualquer ida na esquina parece uma eternidade.

Ajeito Lqna em sua cadeirinha e a prendo ali. Seria uma viagem de quase três horas e qualquer cuidado era necessário.

- Dirija com cuidado, quando chegar lá me ligue okay?

- Okay! - Beijo os seus lábios. - Tchau meu amor. - Finalizo o beijo com alguns selinhos.

- Tchau!

Entro em meu carro e vejo Lauren entrar no seu que está estacionado na frente do meu. Quando passo por ela buzino mandando beijos cheios de saudades já.

[...]

Ainda faltava meia hora para chegarmos na casa de meus pais, na cidade onde vivi muitas coisas. Pisar aqui me fazia lembrar de coisas boas, mas também de coisas tristes que passei.

Olho pelo retrovisor e Lana continua dormindo abraçada ao Cowboy Woody, que tem se tornando inseparável de minha menina.

Quando avisto um campo de futebol de terra sorrio, pois significa que estou a segundos da casa que vivi, e aquele campo me lembra muito de minha infância. E foi ali debaixo daquele gol que planejei a minha vida ao lado de Sammy onde planejamos ter filhos, mas o destino tinha outros planos para nós... Com os olhos cheios de lágrimas estaciono em frente a casa amarela com o portão branco.

- Vocês chegaram. - Grita papai tentando abrir o portão. Acabo rindo de sua afobação.

- Minhas meninas. - O mais velho beija minha testa, dando um triplo abraço já que Lana está adormecida em meus braços. - Deixa eu levá-la para o quarto.

Sigo o meu pai pela casa, e acho estranho em não ser recebida pela mais velha.

- Cadê a mamãe? - Pergunto depois que ajeitamos Lana em nosso antigo quarto.

- Querida... - O mais velho coloca as duas mãos em meus ombros. Sua expressão muda, e isso me deixa em estado de alerta. - Sua mãe não está apenas com uma gripe, é algo bem mais sério.

- O que ela tem? Porque mentiram pqra mim?

- Ela mesma quer te falar, venha. - Sua mão se segura na minha, me arrastando para o quarto do casal.

O quarto que sempre foi muito bem iluminado entra pouca luz, e a senhora magra deitada na cama se parece uma outra versão da mulher que me criou. Sua corpo magro, e os olhos quase sem vidas, faz a minha garganta se secar e o peito se apertar.

- Que bom que chegaram querida. - A sua voz cansada diz. - Venha mais perto para que eu possa te tocar.

- Oi, mamãe. - Me sento na beira de sua cama a abraçando. Minhas lágrimas molham a sua camisola, de seus lábios saiem palavras de carinho.

Depois de me recompor, ela pergunta por Lana e eu explico que a viagem foi longa e muito cansativa para ela. Mamãe tosse várias vezes, e como se já fosse normal papai lhe dá um copo com água e joga o guardanapo que estava em seus lábios enquanto tossia no lixo, e eu não deixo de reparar o mesmo sujo de sangue.

- Minha querida. - Sua mão morna segura na minha. - Eu estou morrendo.

- O quê? Não mamãe!

- Calma, Ally. Eu sei que é difícil aceitar isso, mas eu já aceitei, não há nada que possamos fazer. - Sua voz soa cansada e baixa.

- Não tem um tratamento para o que sei lá que a senhora tenha? Podemos correr atrás, mas não se entregue assim. Papai diga alguma coisa. - Me viro para o homem escancarado na porta com os braços cruzados.

- Não tem tratamento. Essa doença não tem cura, o médico me deu meses de vidas ou dias, eu posso falecer a qualquer momento Ally Por isso que eu preciso te contar uma coisa muito importante.

Quando ouço as palavras da mais velha, choro feito uma criança em seus braços. Eu me sentia perdida e com muito medo, receber uma notícia dessas me doía, e doía o dobro em saber que eu nada posso fazer, e que talvez em um fechar de seus olhos ela não volte mais.

"Trame, planeje, calcule, postule, o quanto quiser. Sempre existirão surpresas à sua frente. Conte com isso!" - Henry Miller

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