Arrastei a minha mala rosa pelas escadas abaixo de forma barrulhenta.
– Eu disse que te ajudava a trazer a mala Mia.
– E eu disse que podias colocar a tua maravilhosa ajuda num sitio onde o sol não brilha. –respondi, ostentando um sorriso triunfante na face.
– Porque é que tu estás assim comigo? Eu juro que não te entendo caramba!
Pousei a minha mala de forma agressiva no chão, apenas para mostrar a muita frustração acumulada dentro de mim.
– Primeiro, eu encontro a minha mãe morta na minha cama e sou obrigada a ficar sobre a custódia de um pai mais do que horrível, tirano e repugnante. De seguida, sou obrigada a engolir toda a minha mágoa e a vir parar a este fim do mundo onde descubro que a minha mãe tem uma irmã gémea e que esta tem um filho que é lindo de morrer, mas que além de meu primo é um traidor. Como se não bastasse descobrir que o meu pai andou enrolado com as duas irmãs também descubro que existe a possibilidade de ele, a minha tia, ou qualquer outra pessoa que tenha uma veia assassina, pode ter morto a minha mãe. Como se isto tudo não bastasse o meu avo é morto, e para ajudar a minha sorte descubro que o rapaz que eu gosto, além de meu primo também namorou com a Mikava. –grito para o Hugo, que agora se encontra a apenas dois centímetros de mim- Percebeste agora o porque de eu estar assim contigo?
O seu polegar passeou pela minha bochecha de forma carinhosa, deixando um arrepio permanente na minha espinha.
– Desculpa Miranda, desculpa por tudo. Só preciso que tu me dês mais uma oportunidade…
Respirei fundo e afastei-me do seu toque.
– Tu vais ter uma nova oportunidade quando conquistares a minha confiança, até lá tu não passaras de um mero primo que se ofereceu para ir numa viagem comigo a Madrid.
– Primeiro erro priminha... -disse a ultima palavra com um toque de sarcasmo- ... foste tu que disseste ao teu irmão que querias que eu fosse.
Puta Merda. Eu disse... "Sim, tu disseste!" contactou o meu subconsciente, alertando-me para o obvio.
– Isso não significa nada. -respondi rude.
A sua mão passeou da minha cintura até ao fundo das minhas costas, deixando um rasto de calor pelo meu corpo.
– Significa que ainda sou importante para ti... -encostou os seus lábios ao meu ouvido, sussurando- ... e que o teu corpo ainda nao se esqueceu de como o meu toque o faz sentir...
Coloquei as duas mãos no seu peito e não deixando que ele levasse a melhor respondi com tom de gozo:
– Acalma o foguetão priminho... a Mikava não está por aqui para te tirar todo esse fogo.
Afastei-me do rapaz de olhos azuis que agora estava com uma cara de chateado e frustrado. Ergui a minha mala do chão e levei-a para o Range Rover preto.
Já se está a ver... esta viagem ia mudar tudo, até porque… eu não aguento muito tempo longe do meu Hugo.
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A sua mão ergueu-se na minha direcção e eu segurei-a enquanto atravessávamos o barulhento aeroporto de Madrid.
Hugo fez sinal com a outra mão para que o táxi parasse e colocou as duas malas dentro da bagageira, dando-me novamente a mão, encaminhando-me para dentro do veículo.
Depois de acomodados no banco de trás Hugo deu indicações, em espanhol, para que o taxista nos levasse para o hotel onde deveríamos ficar hospedados.
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Razão De Viver (PARADA)
RomanceEntão era assim que se sentia uma adolescente órfã? Mas Mia não era órfã, ela tinha uma mãe assassinada, um pai que nunca conheceu mas que se tornou seu tutor legal e um irmão que é a sua razão de viver! Mesmo assim, viver não está nos seus planos...