32º Capítulo

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 Arrastei a minha mala rosa pelas escadas abaixo de forma barrulhenta.

–  Eu disse que te ajudava a trazer a mala Mia.

 – E eu disse que podias colocar a tua maravilhosa ajuda num sitio onde o sol não brilha. –respondi, ostentando um sorriso triunfante na face.

 – Porque é que tu estás assim comigo? Eu juro que não te entendo caramba!

 Pousei a minha mala de forma agressiva no chão, apenas para mostrar a muita frustração acumulada dentro de mim.

 – Primeiro, eu encontro a minha mãe morta na minha cama e sou obrigada a ficar sobre a custódia de um pai mais do que horrível, tirano e repugnante. De seguida, sou obrigada a engolir toda a minha mágoa e a vir parar a este fim do mundo onde descubro que a minha mãe tem uma irmã gémea e que esta tem um filho que é lindo de morrer, mas que além de meu primo é um traidor. Como se não bastasse descobrir que o meu pai andou enrolado com as duas irmãs também descubro que existe a possibilidade de ele, a minha tia, ou qualquer outra pessoa que tenha uma veia assassina, pode ter morto a minha mãe. Como se isto tudo não bastasse o meu avo é morto, e para ajudar a minha sorte descubro que o rapaz que eu gosto, além de meu primo também namorou com a Mikava. –grito para o Hugo, que agora se encontra a apenas dois centímetros de mim- Percebeste agora o porque de eu estar assim contigo?

 O seu polegar passeou pela minha bochecha de forma carinhosa, deixando um arrepio permanente na minha espinha.

 – Desculpa Miranda, desculpa por tudo. Só preciso que tu me dês mais uma oportunidade…

 Respirei fundo e afastei-me do seu toque.

 – Tu vais ter uma nova oportunidade quando conquistares a minha confiança, até lá tu não passaras de um mero primo que se ofereceu para ir numa viagem comigo a Madrid.

– Primeiro erro priminha... -disse a ultima palavra com um toque de sarcasmo- ... foste tu que disseste ao teu irmão que querias que eu fosse.

Puta Merda. Eu disse... "Sim, tu disseste!" contactou o meu subconsciente, alertando-me para o obvio.

– Isso não significa nada. -respondi rude.

A sua mão passeou da minha cintura até ao fundo das minhas costas, deixando um rasto de calor pelo meu corpo.

– Significa que ainda sou importante para ti... -encostou os seus lábios ao meu ouvido, sussurando- ... e que o teu corpo ainda nao se esqueceu de como o meu toque o faz sentir...

Coloquei as duas mãos no seu peito e não deixando que ele levasse a melhor respondi com tom de gozo:

– Acalma o foguetão priminho... a Mikava não está por aqui para te tirar todo esse fogo.

 Afastei-me do rapaz de olhos azuis que agora estava com uma cara de chateado e frustrado. Ergui a minha mala do chão e levei-a para o Range Rover preto.

 Já se está a ver... esta viagem ia mudar tudo, até porque… eu não aguento muito tempo longe do meu Hugo.

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 A sua mão ergueu-se na minha direcção e eu segurei-a enquanto atravessávamos o barulhento aeroporto de Madrid.

 Hugo fez sinal com a outra mão para que o táxi parasse e colocou as duas malas dentro da bagageira, dando-me novamente a mão, encaminhando-me para dentro do veículo.

 Depois de acomodados no banco de trás Hugo deu indicações, em espanhol, para que o taxista nos levasse para o hotel onde deveríamos ficar hospedados.

Razão De Viver (PARADA)Where stories live. Discover now