Batidinha do c*#*#*

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O tempo pareceu estagnado durante o fim de semana já que eu estava de castigo. Sempre gostei de ficar em casa, era o mais confortável ficar atoa fazendo o que gosto, mas por estar de castigo parece que a situação muda já que é como se eu fosse obrigado a estar ali.

No sábado pela manhã, Noah chegou eufórico no meu quarto com alguma novidade, porém minha tia o arrancou de lá como se ele fosse um bonequinho de pano. Lindo bonequinho de pano.

- Ele ainda está de castigo - dizia ela enquanto carregava-o porta afora - essa não é tua casa pra chegar invadindo!

Era domingo de manhã e escutei batidinhas na minha  janela, quando abri a cortina me deparei com ele lá pendurado, mas logo ele recebeu um tênis na cabeça, era Raissa fazendo com que ele descesse. Ela era mesmo um sargento.

Hoje pela manhã ela disse que se eu voltasse a frequentar a aula de Física meu castigo seria encerrado, aquele incrível professor havia ligado informando que eu estava matando as aulas dele, inferno. Aceitei a proposta, não aguento ficar sem uma vida social, quero ter liberdade para ficar em casa sabendo que eu poderia sair.

Peguei uma maçã e me encaminhei ao destino da minha carona de cada dia, não valia mais se esforçar tentando ir andando pro colégio negando, já que ele me seguiria de qualquer forma, e também a companhia dele é até agradável.

- Bom dia minha donzela! - cumprimentou assim que aproximei, hoje ele parecia diferente, talvez mais bonito.

- Fazia tempo que você não me chamava assim.

- Sentiu saudades? - entrei no carro e percebi que o perfume também estava diferente.

- Nem um pouco. Trocou de perfume? - observei, ele pareceu surpreso.

- Hmm... Como você sempre me evita pensei que poderia ser porque não gostava do perfume que eu usava - brincou.

Coloquei o sinto e seguimos o caminho de sempre, com ele novamente me olhando de relance as vezes ou contando alguma piadinha sem graça que era muito engraçada. Contei sobre a proposta da minha tia e ele também achou melhor aceitar.


Física é a última aula, Noah estava na porta da minha sala quando o sinal tocou anunciando o início do intervalo, ele queria que eu sentasse na mesa com seus amigos, não relutei sobre isso. Descobri que o cara que fica sentado no canto sem falar nada nem é amigo deles.

- É que nem um parasita.

Foi só isso que ele disse quando perguntei sobre. Mika foi gentil, o outro que eu nem lembro o nome parecia desconfortável com minha presença e o Kainã parecia um cachorrinho. Ficava me provocando e me cutucava a todo momento, só parou quando Noah se irritou e cuspiu na cara dele. Estranha, muito estranha e bizarra a atitude dele. Nojento.

Quando o recreio acabou, puxei o Noah para um canto reservado do colégio por onde ninguém passa.

- Eu sei que foi nojenta minha atitude e tudo mais, mas não posso evitar sentir um pouquinho de ciúmes sabe? - ele começou a se justificar - Não fique bravo por isso.

- Você é nojento e babaca.

É claro que não me importei pelo o que ele fez, inegável que foi ridículo, mas só puxei ele para xinga-lo com o único intuito de receber um beijo. Por sorte o acordo ainda estava de pé e recebi o que eu queria. Provável que eu goste dele, só um pouquinho. A cara dele de boiolinha com certeza é a melhor, talvez eu devesse ter mais atitude para vê-la com mais frequência.

A quarta aula foi um saco, e assim que começou a última e vi aquele professor tolo, senti meu orgulho ferido. Calma, é só aula de Física, alguns números incompreensíveis e nada mais. Ele me ignorou durante a aula toda, o que para mim foi um alívio, mas assim que o sinal tocou e estava indo embora ele me chamou.

- Kaique - ai papai - Durante esse tempo de birra você perdeu uma avaliação, gostaria que você resolvesse ela agora.

- Desculpa mas eu nem avisei minha tia e eu posso fazer na próxima aula, beleza?

- Talvez devo reformular minha fala. Kaique, senta naquela cadeira e faça sua avaliação agora, é uma ordem, não um pedido. Já avisei sua tia. - Ele sorriu com seus belos dentes brancos, talvez eu devesse quebrar um ou dois.

- Não sei o conteúdo.

- Eu te ajudo.

Lutar contra me pareceu inútil, fui completamente refutado e não havia mais argumentos para me livrar dessa maldita avaliação. Ele sentou do meu lado e minha vontade era arrancar aquela cara bonita dele a mordidas.

- Por que tem molécula aqui? Pensei que fosse Física e não Química.

- Mol é uma unidade de medida, e não molécula. - ele explicou - Este cálculo me parece errado.

Ele se aproximou mais e apoiou sua mão na minha perna. Vou arrancar as bolas dele.

- Você parece muito jovem para precisar ficar se escorando - ele começou a subir a mão.

- Sabe, você até que faz meu tipo - tirei sua mão.

- Caralho, para de ser nojento.

Senti novamente suas mãos em mim e me afastei as pressas.

- É como se eu estivesse caçando uma presa indefesa. Excitante.

Tentei correr mas quando menos esperava ele me alcançou e me jogou contra a parede junto ao seu corpo. Era forte, ele era mais forte e eu não conseguia me desvencilhar dele. Comecei a gritar para que ele parasse mas ele  tentou me beijar, então mordi seu lábio fazendo-o. Gosto de sangue é ruim.

- Tentei ser gentil com você...

Não sei que o que fazer, não tenho como fugir.

Repentinamente, com um puxão, foi arrancado de perto de mim, ele ainda me segurava e acompanhei o movimento e então cai de cara em uma mesa. Minha visão escureceu e senti meu corpo indo de encontro ao chão. Batidinha do caralho. Tentei abrir meus olhos mas minha cabeça doia muito.

Escutava pancadas... Muitas pancadas. Quando consegui abrir um pouco meus olhos percebi que havia mais alguém ali, parecia estar socando meu professor... Noah? Minha cabeça dói, vou dorm...

Lobo 359Onde histórias criam vida. Descubra agora