Te mamo

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A claridade ofuscou minha visão quando despertei. Minha cabeça ainda latejava. O que me pareceu uma batida inofensiva criou um galo enorme na minha testa. Cacete, virei um unicórnio. Como foi que cai mesmo?

- Ah, Noah - suspirei - Droga.

Observei a minha volta e descobri estar na enfermaria do colégio. A claridade que me atingiu se esvaia, o dia estava chegando ao seu fim. Me sinto péssimo, parece ter ninguém por perto mas também não pretendo ter alguém, além da minha cabeça doer pra um caralho me sinto péssimo pelo o quebaconteceu. Será que era mesmo o Noah?

Aquele professor desgraçado, sempre li que os garotos são os que sofrem mais abusos mas nunca pensei que isso fosse ocorrer comigo, e pior ainda, que um professor fosse fazer isso. Foi algo repentino, já previa que algo assim podia acontecer mas pensei que ele ia tentar fazer algo mais reservado, no entanto agiu como um merda me atacando do nada e ainda no colégio. Cacete, que homem burro e nojento.

Sei que ele me flagrou fazendo algo indecente, mas será que isso pareceu ser um convite pra um abuso? Eu sei que a culpa não é minha, mas como não se culpar? Acho que passei uma péssima imagem, alguém que talvez pedisse por aquilo, não sei. Não é minha culpa, não aconteceu nada, eu estou bem, não é minha culpa, não foi nada, por que me sinto tão mal?

Será que o garoto que me salvou está bem?

- Kazinho!

Minha tia entrou em disparada assim que notou que eu já havia acordado, me envolveu em um abraço e umedeci sua camiseta com minhas lágrimas.

- Ah, fico tão feliz que você tenha acordado!

- Quem era o garoto que atacou o professor? - Perguntei assim que ela me soltou.

- O Noah, mas não se preocupe! Seu boy acabou com a cara daquele desgraçado, saiu com o nariz quebrado e deve ter perdido um ou dois dentes! Noah é mesmo um menino de ouro.

- Por que está tão animada?

- Eu sei que ele chegou antes de algo mais grave acontecer, e também te defendeu! Só a mão dele que ficou com alguns machucadinhos por ele ter socado aquele pervertido de merda, mas de resto está tudo ok.

- Será que você pode contar o que aconteceu? Sem condições de adivinhar - Quero saber o que aconteceu após eu ter ficado inconsciente. Minha tia aquiesceu e começou a contar.

- Noah ficou te esperando pra te dar carona de volta, porém tu estava demorando demais e ele foi atrás pra ver o que havia acontecido. Ele escutou você gritando e foi quando ele deu de cara, com você sabe o que, ele diz ter perdido a razão e puxou o professor, nisso você caiu mas ele estava preocupado em cometer um assassinato - ela deu uma pausa e voltou a falar - A tia da limpeza deu de cara com aquela cena e ligou pra polícia," Tem um aluno morto e outro atacando um professor, socorro!!!", foi o que ela berrou pro policial - ela parou rindo - foi isso.

Perguntei pra ela o que havia ocorrido quando a polícia chegou e Raissa explicou que o professor, Sebastian o nome dele - que nome feio p#*# m#*#* - já tinha passado com eles com casos semelhantes, a sala de aula havia uma câmera que ninguém sabia a existência além do diretor e isso foi mais que o suficiente para o Noah não ter sido preso junto com o Sebastian. Estou aliviado.

- Cadê o Noah?

- Ele ainda tinha que resolver umas papeladas na delegacia, te contei apenas o resumo, a polícia é mais burocrática.

- Por que ainda estamos aqui?

- O diretor quer falar contigo.

Não lembro o que diretor falou, acho que era sobre algo ligado com desculpas e segurança, não sei. Minha cabeça estava em outro lugar, eu só quero ver o Noah.

Assim que chegamos o carro dele estacionou logo após em frente a sua casa, seu pai estava junto, quando ele saiu eu corri em direção a ele. Envolvi meus braços no gramado. Ainda estava nauseado pela pancada então quando comecei a correr fui direto pro chão. A grama tem um gosto bom.

Fui erguido por um toque que reconheço muito bem. Ele me envolveu em um abraço aconchegante.

- Me desculpa.

- Está tudo bem minha donzela, não tem por quê se desculpar.

- Tem sim - meus olhos estavam começando a suar novamente - Tem um olho na minha lágrima - ele riu.

- Está tudo bem, eu já disse.

- Eu sou sempre um babaca com você, enquanto só recebo gentileza, atenção e todo esse papo meloso ai. Eu só causo problemas, me desculpa por te meter nisso - eu soluçava que nem bebêzinho. Que vergonha.

- Kaique, eu não me importo, se eu faço isso é porque te amo.

- Quietinho, não estou em condições para lidar com declarações. - Ele riu - Viu? Eu sou um babaca.

Ele segurou meu rosto com suas mãos, senti o curativo, me fitou com seus belos par de olhos claros cor de mel. Meu coração errou a batida.

- Eu te amo, mesmo sendo um babaca - um catarro escorreu do meu nariz, que romântico.

- Também te mamo - ele riu com minha "declaração".

- Venha, hoje eu vou cuidar de você.

Então, eu só segui ele.

Lobo 359Onde histórias criam vida. Descubra agora