Relativo

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Após retornarmos a brincadeira eu adormeci, quando acordei o almoço já estava servido na mesa e Noah e seu pai estavam se servindo. Ainda me sentia envergonhado pelo o que ocorreu mais cedo, porém Paulão agia naturalmente. Cumprimentei-os e me servi também.

- Sabe, - o pai de Noah quebrou silêncio - vocês são homens já quase adultos e não subestimo o conhecimento de vocês, mas como pai e sogro é importante relembra-los que mesmo nenhum de vocês terem útero é importante usa camisinha pois...

- Pai - interrompeu Noah tentando se recuperar, já que, quando seu pai começou a falar de camisinhas ele se afogou com a farofa - a gente sabe e, agora estamos almoçando sabe.

- Tudo bem, mas a próxima vez que vocês esquecerem a porta aberta e eu ter que ver novamente meu filho metendo em outro cara eu jogo os dois pela janela - agora foi a vez de nós dois engasgarmos - inclusive...

- Pai, a gente entendeu.

- Eu ainda não terminei - ele parecia muito irritado - filho, sua bunda é linda, já pensou em deixar o Kaique meter em você também?

Meu rosto pegava fogo com o rumo dessa conversa, minha vontade era pegar o prato e sair correndo.

- Observação muito interessante, pai - Noah não parecia afetado pelo o que o Paulão disse - mas acredito que ele prefira ficar por baixo, sabe? E também não sei se gostaria de... você sabe né?

- Acho muito errado da sua parte, vocês poderiam experimentar muitas sensações boas se você não ficasse nessa de "Ui não quero ser arrombadito papá".

Os dois começaram a rir e eu não sabia mais que expressão facial fazer, eles me encararam e dei um sorrisinho sem graça. Terminamos de comer em silêncio, lavei a louça e fui para minha casa. Noah me acompanhou.

- Kazinho?

- Hm?

- Você gostaria de ser o ativo alguma vez?

- Talvez não fosse tão ruim, quem sabe na próxima.

Me despedi com um beijo e entrei em casa, minha tia perguntou como foi e disse que foi tudo okay. Entrei no meu quarto e me distraí lendo um dos livros que recebi pela janela um tempo atrás. A história era sombria e na metade do livro cogitei a possibilidade de jogar ele pela janela de volta, quando abri a janela pra ver se era possível o Noah estava lá escorado na dele.

- Oi.

- Oi.

- O que estava fazendo?

- Lendo, e você?

- Pensando. Qual livro?

- "Minha sombria Vanessa"

- A história de amor não é muito fofa né?

- História de amor? Isso? Estou na metade e já nem quero mais saber - ele ri.

- Volta aqui e vamos passar o dia juntos.

- Quero saber uma coisa.

- Então vem aqui perguntar.

Desci as escadas e voltei para a sua casa, Noah abriu a porta e entrei indo em direção ao seu quarto.

- Tranquem a porta! - Gritou o pai dele.

Entramos no quarto e estava determinado a sanar minha dúvida.

- Eaí?

- O que aconteceu com a sua mãe? - A expressão dele foi afetada por alguns segundos, transpareceu dor.

- Pensei que fosse um pedido de namoro - Encarei-o esperando a resposta - Ela morreu em un acidente de carro, no primeiro dia de aula que você foi completava três anos que ela havia morrido, meu emocional estava um pouco afetado por isso de início fui tão grosseiro. Sei que não justifica, mas desculpa por aquilo.

- Não tem problema. Vocês eram próximos?

- Não, eu nem sei como ela era pessoalmente - ele prosseguiu - eu tinha um ano de idade quando ela me abandonou com o meu pai, depois de muito tempo ela entrou em contato dizendo que queria me ver e recuperar o que perdeu, compensar por seus erros. Apesar de não merecer minha compaixão eu fiquei animado com a ideia, mas quando ela estava vindo o acidente aconteceu, não cheguei a ver ela. Mas que pergunta inesperada.

- Sinto muito.

- Já está tudo bem.

Aproximei dele e abracei-o, ele retribuiu o abraço e ficamos lá por alguns minutos.

- Obrigado por compartilhar, desculpa se foi repentino mas fazia um tempo que queria saber disso - ele assentiu.

- Gostaria de ir à um lugar, me acompanha essa noite?

Concordei e fomos assistir um filme para passar o tempo até a hora do nosso passeio. Me senti mais parte da vida dele, pois agora sei que ele está disposto a contar comigo, sei que está disposto a me ter em sua vida. Parece algo bobo e comum, mas pra mim já é um avanço.

Lobo 359Onde histórias criam vida. Descubra agora