Tudo que eu queria era ter ao menos um pouco de paz, contudo, era o que me faltava. Já não aguentava mais abrir os olhos e dar de cara com Roy, que não hesitava em fazer reclamações sobre a minha falta de oportunidades.
— Não aguento mais isso — choro.
As lágrimas escorriam intensamente, eu já estava farta de viver uma vida tão dolorosa. Estava a ponto de cometer uma loucura. Minha mente insistia para que eu acabasse com tudo, mas eu não podia, não podia simplesmente esquecer quem eu me tornei, situações difíceis constrói caráter.
Pego minha câmera, meu portifólio, era minha última tentativa, caso contrário eu seria capaz de qualquer coisa para não viver mais tal humilhação.
. . .
— Bom dia, li em um anúncio que vocês precisam de alguém que fotografe — falo encarando uma moça morena de sorriso contagiante.
— Bom dia, sim, precisamos. Mas deixamos bem claro no anúncio que queríamos um homem. Não que eu concorde — ela revira os olhos — acho isso uma tremenda bobagem.
— Bom... Se importaria de olhar o meu trabalho? Posso surpreendê-los.
— Lamento, mas não tenho autorização para isso — ela atende o telefone — um minuto — ela sinaliza com o dedo para mim.
Desvio os olhos na grande empresa, pessoas famosas em todos os cantos, e eu, ali no meio perdida entre diversos rostos que eu já conhecia através da televisão.
— Pronto — ela sorri — estamos procurando algum homem para fotografar Gilbert Blythe — ela diz — sabe como é né? Recém famoso, exigente e a namorada dele é muito ciumenta — ela movimenta os olhos como se estivesse apreensiva — não gosto dela.
— Eu já ouvi uma das músicas dele, mas o que importa eu ser uma garota? Irei fotografá-lo, não beijá-lo.
— Isso é uma incógnita, enfim. Agradecemos sua vinda, mas não podemos fazer nada. São exigências. Sinto muito.
— Tudo bem. Muito obrigada.
Saio da empresa, sentindo minhas esperanças se frustrarem a cada passo. Mas nem tudo estava perdido, ao longe eu vi o garoto descendo de um conversível, óculos escuros, todo cheio de estilo, cheio da grana.
Caminho até ele.
— Olá — falo estendendo a mão.
Ele retribui meu cumprimento.
— Quer um autógrafo? — ele diz já tirando uma caneta do bolso.
— Não, eu não quero um autógrafo, quero ser sua fotógrafa.
— Desculpe, mas preciso de um profissional.
— Sou uma profissional.
— Você não entendeu, garota. Eu quero um homem.
— Cortarei os cabelos, se necessário. Mas por favor, eu preciso desse emprego.
— Eu já disse que eu preciso de um homem.
— Uma sociedade machista nunca irá evoluir.
— Espere, eu não sou machista.
Sigo meu caminho, não precisava dele. Muito menos de suas caridades.
Minutos depois meu telefone toca, o tiro do bolso, observo o nome.
"Alô, Roy?"
"Anne, tire suas coisas de casa, amanhã quando eu chegar, não quero mais nada lá, caso esteja lá eu vou jogar tudo na rua"
"Mas e tudo o que vivemos?"
"Você é uma idiota, nunca percebeu que eu não a amo? Vá embora"
"Você sabe que eu não tenho ninguém"
"Isso não é da minha conta"
"Por favor Roy."
"Adeus, Anne."
Estava tão consternada, que sequer percebi que vinha um carro em minha direção. Em segundos, tudo se apagou.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sorte a nossa - Songfic SHIRBERT
FanfictionSongFic concluída. Anne, uma fotógrafa qualquer que um dia é chamada para fotografar um astro famoso. Gilbert, um astro famoso que só desejava ser uma pessoa qualquer.