07

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Eu também tô querendo você.

Um mês depois

Eu não estava mais acostumada a caminhar sem o gesso, mas finalmente estava cem por cento livre dele. Já havia se passado um mês, e eu ainda estava debaixo do teto de Gilbert. Contudo, todas as fotos que fiz nesse tempo renderam um bom dinheiro para que eu pudesse arrumar um lugar para mim, já não estava mais aguentando dividir o mesmo ambiente que Ruby.

Desde nosso beijo, agimos como se fôssemos completos estranhos, na verdade, estava mais para o diabo fugindo da cruz.

Ele me evitava, eu o evitava. E sem muita escolha nos víamos somente nos dias que eu tiraria fotos para o novo álbum dele.

Uma vez por semana.

Entro no carro com Cole que sem ensaios diz:

— O que é que aconteceu entre você e o boy?

Finjo que não entendo.

— Roy não me amava — falo de imediato.

— Não esse boy, amiga — ele dá partida no carro — o Gil.

— Nada — ergo os ombros.

— Se evitam o tempo todo — ele diz — parece até que caso se encontrem vão explodir.

— Boa metáfora.

— Isso não foi uma metáfora — ele da uma risada cínica — é o que penso. Por que estão com medo um do outro?

— Não estamos.

— Hahahahahaha — ele continua cínico — fala logo.

— Eu não tenho o porque dizer coisas inúteis, coisas que não fizeram a menor diferença, muito menos sentido para mim, para nós, não sei — falo sem pausas — só não preciso dizer o inexistente.

— Anne.

— Nós nos beijamos.

Ele freia o carro bruscamente.

— Cole você quer me matar?

— Puta merda — ele mexe no topete — se beijaram? Como assim você não ia me contar? Só fizeram isso e mais nada?

— Cole!!!!

— Tudo bem, tudo bem minha doce Anne Shirley — ele volta a dirigir — acho que depois de tirar o gesso você precisa de um bom porre.

— Eu não consigo nem manter a perna apoiada por alguns minutos Cole, quem dirá uma balada.

Assim que paramos em casa ele abre a porta para mim e me leva até a entrada.

— Passo aqui às oito.

— Mas... Mas...

— Sem mais — ele entra no carro — esteja pronta.

. . .

P

rocuro por uma roupa decente para a tal festa, mas nada digno de uma balada chique a nível Cole Mackenzie, ele era muito cheio de classe para frequentar barzinhos dos quais eu costumava ir.

Puxo um vestido trabalhado no glitter, seu tom era preto, modelo tubinho, com um decote insinuante nos seios. Visto-o.

Me encaro frente ao espelho, viro, volto a olhar-me.

Enrolo os cabelos ruivos e os deixo soltos. Passo uma maquiagem mais simples, o vestido já era cheio demais. Coloco algumas jóias.

Assim que ouço a buzina pego minha handbag e meu scarpin.

Espero que dê certo. Fazia um bom tempo que não usava salto.

Passo pela sala e vejo Gilbert e Ruby sentados no sofá.

Não falo nada, só caminho em direção a porta tentando não tirar a atenção deles da televisão.

— Anne?

A voz soa por trás de mim e viro-me para olhá-lo.

— Oi Gilbert, oi Ruby — falo acenando.

Ele desce os olhos em mim, duas vezes. E se levanta.

— Vai sair?

— Sim...

— Tirou o gesso! — Ruby aponta para minha perna — fico feliz que está recuperada.

— Não tanto, ainda não consigo ficar em cima disso — aponto para os scarpins.

— E com quem vai? — Gilbert ergue uma sobrancelha.

— Vou com Cole... Ele achou que eu estava com uma "vibe" caída — sorrio torto.

— E por que? — Ruby questiona.

— Porque...

Gilbert me encara.

— Deixa para lá — ergo os ombros — estou indo pessoal, até mais tarde.

— Por que, se vamos juntos? — Gilbert diz por impulso.

— Vamos? — Ruby o encara.

— Sim.

— Mas eu não tenho roupa pra isso — ela fala cruzando o braço e fazendo beicinho.

— Então fica — Gilbert pega a carteira na mesa de centro e vem em minha direção — vamos?

— Eu não sabia que tinha um segurança particular — sussurro.

— E não tem — ele sorri e abre a porta para eu passar — e então, ainda quer ir?

Encaro Ruby que está com o olhar perplexo.

— Eu não perderia isso por nada.

. . .

Cole desce do carro e vem até nós com o olhar bem curioso.

— Trouxe o boss pra balada?

— Ele se ofereceu — encaro Gilbert que dá um sorriso amarelo.

— Obrigado por me chamar Cole — ele ironiza.

— E aí pessoal — Diana aparece no passageiro — os dois, atrás. — ela aponta para o banco.

Entramos no carro.

Droga, nós dois tínhamos mesmo que ir atrás?

Boa sorte — observo Cole movendo os lábios através do parabrisa.

— Obrigada — falo.

Gilbert me olha de canto. Finjo que não vi e olho para fora do carro. Ele se inclina e fala no pé do meu ouvido.

— Você está magnífica hoje.

Naquele momento eu percebi que eu estava perdidamente apaixonada por ele. E isso sem dúvidas era um erro. Eu e ele nunca poderíamos ser mais que amigos.

Sorte a nossa - Songfic SHIRBERT Onde histórias criam vida. Descubra agora