Tantos olhares me olhando e eu querendo o seu.
Dias depois.
Ele havia dito que terminaria com ela, contudo, eu ainda não tinha visto ele cumprir com sua palavra. Então, depois de muito pensar, decidi sair da casa de Gilbert Blythe. Uma hora ou outra, as coisas sairiam do nosso controle. Era explícito que nós dois tínhamos um desejo incontrolável um pelo o outro, mas eu sabia a dor que uma traição causava, e eu via que Ruby sofria com isso, silenciosamente.
Termino de arrumar minhas malas, Cole já me esperava na porta da casa com o carro para me levar até um loft pequeno o qual cabia em meu orçamento.
Me olho uma última vez no espelho daquele belíssimo quarto, ajeito os cabelos e escuto batidas suaves na porta. Certamente não era Gilbert, ele costumava ser invasivo demais a ponto de entrar sem pedir licença; porém eu gostava disso. Esse espírito de ousadia que ele tinha era uma das coisas que havia me deixado completamente rendida a ele.
— Entre — dou permissão.
Mary entra no quarto e passa os olhos por minhas malas.
— Então... Foi o veredito final? — diz colocando as mãos nos bolsos do moletom azul felpudo.
— Sim, você sabe que eu e Gilbert não conseguimos dividir o mesmo teto sem que... — por um momento me esqueço de que ela não sabia do nosso envolvimento, ou fingia que não.
— Sem que sintam algo um pelo o outro? — ela sorri pelo nariz — todo mundo vê, inclusive a pobre Ruby. Mas você sabe que ela está com ele por status, não sabe?
— Sim, mas eu não gosto de pensar na ideia de dividir alguém. É extremamente doloroso.
— Tem razão. Pensaria o mesmo se eu estivesse em seu lugar.
— Ele me disse que terminaria com ela, mas faz dias que não o vejo, ele me evita, se esquiva de mim e de minhas perguntas. É como se ele se fechasse no próprio mundo e não quisesse me incluir nele. Não quero pressioná-lo, também não quero que ele se sinta coagido em sua própria casa, por isso vou.
Ela estende os braços e vem em minha direção me dando um abraço cheio de carinho e consideração. Mary simplesmente é fabulosa.
— Vá e brilhe — ela me dá um beijo na testa — sei que a verei mais vezes, sei também que em breve você frequentará a casa como a futura esposa de Gilbert. Mesmo assim, desejo a você toda a sorte do mundo.
— Mary, se eu pudesse a levaria comigo — me desvencilho dela e pego as malas — obrigada por ter cuidado tão bem de mim.
— Sempre que precisar, estarei a disposição. — ela sorri — conte comigo.
Caminho para fora da casa em direção ao carro, vejo Cole na entrada com o porta malas aberto. Ele me ajuda a pegar as malas e guarda no porta malas. E finalmente, eu o vejo... Gilbert estava parado do outro lado da garagem olhando-me com as sobrancelhas unidas. Parecia que se condenava mentalmente, sua expressão era de tristeza.
— Então, você vai embora... — seu corpo balança para frente e para trás, inseguro.
— Sim — falo respirando fundo me contendo para não lhe dar um beijo prolongado — sinto muito mas... Você não me dá uma resposta, me evita, para mim está me enganando, não sabe o que quer e eu não quero prendê-lo a nada disso.
— Por favor Anne. Me dê ao menos tempo para pensar novamente.
— Está bem claro que você não sabe o que fazer, e tudo bem Gilbert. Mas eu não posso me prender a isso sabendo que você pode não me escolher. Entende? Você tem ela e eu sou a intrusa aqui. Então, acho que não tenho escolha a não ser ir embora daqui.
As palavras saem de minha boca e ao mesmo tempo esmagam meu coração. Eu não queria ser a outra. E eu sabia que ele a escolheria, se realmente quisesse a mim teria terminado com ela.
— Anne por favor ... — ele segura em minha mão.
— Não nasci para ser a outra, Gilbert.
Saio e entro no carro. Cole entra logo atrás de mim.
— Quer mesmo isso? — ele me olha duvidoso.
— Vamos embora daqui.
. . .
(Gilbert)
Assim que Anne fecha a porta do carro e Cole a leva embora, entro em meu carro e vou até a casa de Ruby.
Ela desce as escadas com um sorriso iluminado, encosto na porta do carro com os braços cruzados esperando-a se aproximar, assim que chega perto, ela se inclina para dar um beijo em mim, desvio. Não seria capaz.
— O que foi amor?
Ela cruza os braços e faz uma expressão preocupada.
— Ruby, precisamos conversar.
— Veio terminar comigo, não é? — ela fala triste — por causa da fotógrafa.
— Nunca existiu sentimentos entre eu e você — falo — você sabe.
— Nunca existiu sentimento da sua parte, Gilbert — ela suspira de forma fracionada — mas eu entendo, sei que é complicado estar com uma pessoa sem amá-la.
— Pensei que você ia surtar — ergo os ombros — isso foi imprevisível.
— Bom, eu estou surtando. Por dentro — ela diz — mas quero que seja feliz, isso importa muito para mim. — Ela me abraça — sinto uma lágrima quente em meu pescoço. — desculpe por isso — ela se ajeita e seca as lágrimas com toda sua classe.
— Você merece um amor completo, Ruby.
— Sim, eu sei. — ela ajeita a postura — até mais Gilbert.
— Até mais.
Com um impulso ela entra em casa, consegui ver que chorava. Principalmente quando a mãe dela apareceu na janela e me olhou com olhos de ódio.
Mas eu não tinha como ficar com ela, se não fosse por Anne, seria por mim. Ruby era extraordinária, como amiga. Mas não servia para ser minha namorada. Eu precisava de alguém me fizesse se sentir livre, e Anne foi a única com quem me senti assim.
Eu queria ela. Mas o receio me rodeava com questionamentos internos e preocupantes.
Ainda havia tempo para nós dois?
. . .
2K NA SONGFIC, VOCÊS SÃO DEMAIS!
OBRIGADA ♥️
SÓ MAIS UM CAPÍTULO E EU ENCERRO. OBRIGADA POR TUDO!
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Sorte a nossa - Songfic SHIRBERT
FanficSongFic concluída. Anne, uma fotógrafa qualquer que um dia é chamada para fotografar um astro famoso. Gilbert, um astro famoso que só desejava ser uma pessoa qualquer.