05

1.1K 155 73
                                    

— As fotos ficaram fantásticas! — Cole diz enquanto folheia — tudo bem que em cada uma tem uma metida loira.

— Tudo bem, ela realmente consegue ser irritante. Mas é linda, e não tem como sair feia em uma foto sequer — solto o ar — já eu não posso dizer o mesmo.

— Está falando do que? Você é divinamente ruiva. E posso dizer que é lindíssima. E olha que eu, não falo as coisas para agradar ninguém.

— Eu acredito! — falo sorrindo — acho mesmo que você não é o tipo de pessoa que sente que deve "agradar" alguém.

— E eu não preciso disso, acho que dizer a verdade é necessária, principalmente quando vejo uma garota tão linda e com o coração tão puro dizer coisas horríveis sobre si mesma.

— Olha Cole, eu posso dizer que amei conhecer você. Era o típico amigo que eu queria, sempre precisei.

— É que você ainda não conheceu a Diana, ela é perfeita, você deve ter a visto. Branquinha, cabelos pretos até os ombros, olhos esverdeados e um sorriso apaixonante com covinhas nas bochechas.

— A garota da recepção?

— Sim.

— Eu gostei dela assim que a vi, parecíamos almas gêmeas conectadas — ergo os ombros — foi conexão à primeira vista.

Caminho com dificuldade até a janela da sala de Gilbert. Que dava vista a linda cidade de Nova York. Respiro fundo, queria tanto poder dizer que era o ar puro da natureza... Mas, era o ar poluído da cidade grande.

— A vista daqui é linda.

— O Gilbert adora ver cada canto da cidade. Ele diz que lembra de seu pai.

— Sério?

— Ele sente tanta falta.

— Eu imagino como deve ser horrível, em questão de segundos a pessoa já não estar mais lá, e tudo que lhe resta é chorar pois a dor que invade seu ser não pode ser expressada com palavras, mas as lágrimas, apesar de parte do tempo serem contidas, são a maneira mais pura e verdadeira de expressar a sua dor.

Sou tirada de meu transe poético por aplausos que vinham detrás de mim. Olho por sobre os ombros, e o vejo, caminhando com a expressão cabisbaixa até mim, como se o que eu tivesse falado pudesse lhe trazer um grande impacto.

— Desculpe, eu não imaginei que você apareceria no momento em que eu estou recitando uma lástima fúnebre.

Seus lábios formam um sorriso sem jeito.

— Tudo bem, eu adorei ouvir sua lástima fúnebre — ele fica ao meu lado — a propósito, é uma bela vista não é mesmo?

— Sim, é linda. Apesar de não ser a natureza, mas, consigo imaginar como isso é a noite, quando o sol se esconde atrás das montanhas longínquas e o céu é tomado por estrelas, e as luzes da cidade decoram a noite em seu ápice como luzes de natal em uma árvore.

— É tão lindo quanto cabelos ruivos.

Sinto minhas bochechas ferverem.

— Então não posso dizer que são lindos.

Sinto o coração bater acelerado.

"Odeio a cor dos seus cabelos Anne, porque você não pinta? Quem sabe assim eu consiga me deitar com você sem me preocupar com essa anormalidade em seus cabelos"

Uma lágrima escorre. Tento secá-la a tempo, mas sei que ele viu. Contudo, mantém o silêncio.

— E então? — falo recobrando os sentidos, me atentando a realidade.

— E então... — Gilbert leva as mãos ao bolso.

— Minhas fotos...

— Ah sim, as fotos — ele caminha até a mesa onde Cole está sentado. — diga a ela amigo.

Cole sorri sarcástico.

— É claro que você vai ser a nova fotógrafa do nosso astro.

— E o ciúmes da noiva?

— Já disse que ela não é minha noiva.

— Que se dane a noiva — Cole se levanta e me abraça — parabéns Anne! Agora vamos lá que eu quero que você conheça Diana.

— Eu já vou — falo enquanto ajeito a muleta — desça na frente.

Cole sai em disparada atrás da garota, e eu e Gilbert ficamos sozinhos na sala.

— Obrigada — falo de imediato — por um momento desacreditei da minha capacidade em passar nesse teste, mas que bom que consegui.

— Eu que agradeço, não é todo dia que alguém encontra uma garota tão talentosa.

" Se acha a espertinha não é mesmo? Você é um lixo, se tem uma coisa que qualquer um seria incapaz de encontrar em você, seria talento. "

Forço minha mente a apagar as palavras que um dia lançaram sobre mim. Mas as dores e lembranças me corroía como ácido.

— Você está bem? — ele vem até mim encarando-me com preocupação.

— Sim sim, estou ótima. Obrigada mesmo por essa oportunidade Gilbert, prometo que em breve eu não estarei mais em sua casa.

— Fique o tempo que quiser Anne — o telefone toca e ele vai até a mesa atender — afinal, não está sendo difícil mantê-la por perto.

. . .

Sorte a nossa - Songfic SHIRBERT Onde histórias criam vida. Descubra agora