Capítulo 7

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Com o despertar de um novo dia, resolvi ajudar meu pai nas tarefas da fazenda, levantei-me e fui para o banheiro, tomei um banho rápido, vesti uma camiseta rosinha, coloquei uma jardineira preta, uma bota da mesma cor da jardineira e arrumei meu cabelo em um rabo de cavalo bem alto. Depois disso escovei meus dentes e fui para a sala de jantar tomar meu café.

- Bom dia papai! – Disse adentrando do recinto, dando um beijo na bochecha dele.

- Bom dia querida. – Disse sem tirar os olhos do jornal. – Dormiu bem? – Me indagou.

- Dormi sim. – Servi-me colocando café em minha xícara – Daddy...

- Sim Any? – Ele olhou para mim.

- Posso te ajudar na fazenda hoje? – Indaguei e ele abriu um enorme sorriso.

- Claro que pode! Isso me deixa muito feliz. – Ele falou contente. – Podemos começar com a cerca da divisa da fazenda do Joe. Aquele, velho gagá. – Ele fez uma careta e eu gargalhei.

Depois de um tempo tomando café e conversando sobre o que poderíamos fazer, Mai, Dul e Maite entraram na sala de jantar e conversamos mais um pouco, sobre os planos do casamento, da cor do vestido das madrinhas, da cor do buquê, alguns pequenos detalhes sobre a cerimônia e sobre a recepção. Estávamos empolgadas mas meu pai nos cortou.

- Sei que o papo está bom, mas precisamos ir Any. – Disse ele levantando da mesa.

- Onde vocês vão? – Perguntou Maite.

- Vou ajudar meu pai. – Disse indo abraçar ele pelo pescoço e Dulce gargalhou.

- Essa aí ajudar? – Apontou para mim em meio a uma gargalhada – Faz três anos que ela não lava um prato.

- Aiii Dul... – Repreendo-a negando com a cabeça. – Eu ajudo sim, tá? – Disse fingindo estar indignada e os outros riam. Nos afastamos e fomos em direção a caminhonete que estava a nossa espera.

Seguimos até a divisa das fazendas, um trajeto de mais ou menos 40 minutos. Em meio ao caminho indaguei meu pai.

- Pai? – Ele se virou para mim e logo voltou a olha a estrada. – Posso usar a caminhonete hoje? – Perguntei meio sem jeito.

- Por? – Ele questionou sem tirar o olhar da estrada.

- Eu vou buscar a Cleo na escola hoje, prometi que iria falar com uma amiguinha dela, ela não acredita que a Cleo me conhece. – Falei dando um sorrio torto.

- Essa minha filha, sempre ajudando os pobres e oprimidos. – Diz ele negando com a cabeça e em meio à um sorriso. – Pode sim, mas sabe que Dul ou Mai vão com você né? Ainda aquela lunático está a solta. – Quando ele falou aquilo me veio a lembrança do dia anterior.

- Tudo bem papai. – Respirei fundo afastando as lembranças. – Pai? – Ele olhou para mim parando o carro, já havíamos chegado ao local. – Por que ele teve aquela atitude? Comigo e com a pobre garota?

- Ninguém sabe, para falar a verdade. – Disse saindo do carro e eu também e fomos atrás da caminhonete pegar os materiais para o concerto. – Ele chegou na cidade do nada, ninguém sabe como ele veio e de onde ele veio. – Falou me entregando alguns pregos e um martelo, enquanto pegava algumas ripas. – E... o pai da menina que morreu nas mãos dele, aceitou ele como peão, aí fez aquilo e foi preso, por um ano mais ou menos e por bom comportamento saiu mais cedo. – Respirou fundo. – Pode pregar aqui por favor? – Nessas alturas já estávamos no chão arrumando acerca, ele indicou para mim e eu martelei no local indicado.

- Mas e o senhor? Sabia que ele era um ex-detento e mesmo assim contratou ele? – Disse depois que preguei a ripa no pedaço de madeira.

- Eu achei que ele poderia ter mudado, depois de um tempo na cadeia – Ele respirou fundo. – Mas me enganei. Prega aqui agora. – Ele me indicou e assim eu o fiz. – Mas quando vi você naquela situação meu coração gelou. Não poderia perder mais você. – Ele falou respirando pesadamente, sabia que estava lembrando de minha mãe.

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