Capítulo 1 - O dragão

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Já faz tempo que eu queria desenvolver esse plot, foi só um surto de coragem para eu começar a escreve-lo

não sei quantos capítulos vai ter, mas vai ser beeeem longa
quando eu conseguir eu vou fazer uma capa pra historia
ou se alguém quiser fazer eu vou ficar boiolinha agradecido 👉👈🥺💖

acho que é isso
não tem nada forte nesse primeiro capitulo pq ele não se aprofunda na tortura, só cita

eu não sei que tamanho eu vou estabelecer para os capitulos, ainda estou vendo isso, mas vou att uma semana sim e uma não

enfim, espero que gostem :D


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Gosto de pensar que minha história começaria com "era uma vez", assim como os contos que mamãe me contava quando eu era um pequeno lagartinho, sem noção do mundo e da crueldade humana. É incrível o quanto essa raça pode ser maldosa, podre e perversa. Despedaçando almas apenas por alguns trocados, destruindo vidas por algo tão superficial.

As correntes de metal me seguravam no lugar, em uma espécie de pequeno estábulo que aprendi a conviver, não mudando meu tamanho a fim de poder me locomover melhor naquele local abafado e úmido. O chão gasto pelas minhas caminhadas recorrentes no único lugar que me era permitido andar.

Por anos vi meus semelhantes irem embora, saírem daquela gruta e não voltarem mais, serem tirados aos poucos, afastados depois de uma seção de tortura. Pesadelo que durou anos para mim e amigos, família. Cada vez pior, você consegue sentir o metal, o sangue quente, vermelho e espeço, um cheiro podre se instala. A dor é a pior parte, é tão forte e arrebatadora, vi muitos morrerem na minha frente.

Tetsutetsu uma vez me disse que quando eram mortos, os soldados vendiam suas partes no mercado, carne, couro, escama, dentes, olhos, tudo o que podiam, tratados como porco. Por isso não era para se destransformar, por mais doloroso que fosse, protegíamos nos mesmo, presos em um corpo que não era mais realmente nosso.

Segredos não devem ser contados ou descobertos, se o guardássemos bem ficarmos juntos para sempre, foi isso que Testsu me disse. Me prometeu que ficaríamos juntos, que ele me protegeria, eu queria que essa promessa tivesse durado, mas ele foi ludibriado, uma doce ilusão o deixando com esperança de alguma vida digna, uma vida livre.

Humanos estão sempre mentindo, te enganando, tratando como gado. Talvez isso os deem a impressão de poder, o desejo e a libido necessário para continuar com suas vidinhas patéticas. Acho que eles não sentem remorso, ou pelo menos não demonstrem, Testsu disse que é porque caem nas próprias mentiras, talvez seja verdade.

Acordei assustado, sem saber ao certo se era de dia ou de noite, eu nunca sabia o horário naquele lugar. Gemi angustiado, uma explosão alta deixou meus ouvidos zumbindo por um tempo, como se tivesse um furacão na minha mente. A fumaça subiu rapidamente, era como um arco íris em formato de nuvem, mesmo assim, o cheiro ainda era meio ruim.

Era a troca de turno dos soldados, eles corriam de um lado para o outro, confusos, carregando no corpo suas armaduras brilhantes, feitas da mais puta prata. Se eu não os conhecesse muito bem, talvez eu até sentiria pena, pareciam tão perdidos, confusos, com medo, assim como eu estava a tantos anos atrás quando perdi tudo o que eu tinha.

Comecei a entrar em desespero, a agitação me assustando, eu finalmente iria morrer? Sobrevivi a tantas coisas por nada? Sofri a vida inteira para esse ser o meu epílogo? O ferro da algema me maltratava ainda mais enquanto eu tentava fugir, enlouquecido com toda a confusão, mesmo assim eu mal a notava, a dor era algo tão recorrente que passou a não me incomodar.

Os gritos dos homens bradando desde vingança a misericórdia emundavam a gruta, as tochas se apagando aos poucos, parando de formar um cinema de sombras. Aquilo não me acalmou, pelo contrário, apenas piorou meu desalento, mas no meio de todo esse caos, acho que aceitei minha morte.

Não me parecia mais tão ruim, aceitar que talvez as coisas deveriam acabar assim, sem um final feliz, nem todas as histórias tem um. Ou talvez seja o peso que a falta de Tetsutetsu faz, sem suas piadas idiotas, apoio e sinceridade exagerada, sinto muito a falta dele, era como um irmão para mim.

Senti mãos me tocar, mas não fiquei com medo, só um pouco angustiado, era um tecido macio, logo percebi que era uma luva de couro, uma luva ensanguentada. O líquido viscoso, ainda quente, se espalhava pelo meu corpo, como um carinho, acho que era a última coisa que meu assassino queria que eu sentisse.

Ouvi os estalos das fechaduras, o ferro caindo no chão, lentamente uma dor horripilante aparecendo no lugar dos objetos que me prenderam por tanto tempo. Quando finalmente tomei coragem de abrir os olhos e andar para fora da minha cela, a pessoa já não estava mais ali.

Eu só precisava sair da caverna, ir embora, deixar a vida que nunca foi minha para trás, sobreviver ao meu passado e o enfrentar corajosamente. Não era tão fácil, eu sentia meus músculos cederem a cada passo, vi as marcas que o ferro enferrujado deixou em meu corpo, deformando minhas escamas vermelhas, tão opacas que quem visse nunca imaginaria o quanto já foi brilhante um dia.

Me esgueirei pelos corpos dos soldados caídos, mutilados de um jeito selvagem, sem piedade de seus pobres corpos humanos. Um infringimento enorme surgiu ao escutar os gritos, fogo se alastrando pela mata, tudo desaparecendo tão rápido como se nunca tivesse sequer existido. Meus passos eram lentos e sôfregos, eu mal conseguia executa-los, minhas chances de fuga parecendo cada vez menores.

Mesmo nessas condições era estranho e satisfatório ver os homens que tanto debochavam, me cuspiam e me torturavam, banhados no puro desespero, horrorizados com seja lá o que estava por trás disso. Rezavam para seus deuses, orações tão profundas e longas, recitadas com o mesmo afinco que eles usavam para me bater com chicote.

Os destroços da caverna ficavam cada vez mais longe, tentei me apoiar nas árvores como podia, mas elas continuavam desintegrando conforme o fogo se alastrava, mais rápido e forte do que eu. Os gritos quase não alcançavam mais meus tímpanos, o que me deu certo alivio, era como se eu estivesse fugindo para outra realidade, uma longe de toda a dor do passado.

Cheguei em uma estrada de terra vermelha, batida e rala, muito desgastada pelos animais que passavam ali, provavelmente das mais diversas espécies. Era um dos caminhos que levava ao reinado de onde fugi, longe da tirania daquele homem que provavelmente não tem alma, o mais asqueroso verme que já pisou na terra.

Tive o desprazer de o conhecer uma vez, possuía uma longa barba ruiva bem cuidada, costeletas ralas descendo pelo rosto quadrado. Trajava tecidos da mais pura ceda, ornamentado com varias joias, muito mais valiosas do que a minha própria vida, botas pesadas e enormes, combinando com seu tamanho. Em sua cabeça uma coroa de puro ouro com várias pedras encravadas, parecia ser mais pesada do que os soldados que me guardavam.

Me rendi ao sentir meus músculos formigando, cansado demais para continuar, senti meus olhos pesarem e a visão começar a escurecer. Cai sobre a poeira, me sentindo realmente confortável depois de anos preso naquela gruta, o próprio inferno na terra.

Observei o céu, seria a última paisagem que meus olhos capturariam. Várias estrelas o enfeitavam, brilhando como perolas, constatando com o azul cobalto, parecia uma pintura. Não sei quanto tempo olhei para lá, pode ter sido segundo, minutos ou horas, mas antes de render a inconsciência, avistei uma capa vermelha esvoaçante ao vento.



O garoto da capa vermelhaOnde histórias criam vida. Descubra agora