LAURA
Jantar com a avó de um cara, era a última coisa que pensei que faria na vida. Mas, para variar, a vida estava gostando de fazer de mim uma idiota. Eu podia sentir o nervosismo crescer, com a sensação daquela coisa maluca no estômago. Nem mesmo as carícias de Serge durante o caminho serviram como ajuda.
— Sabe que não precisava trazer uma planta, não é? — murmurou Serge, risonho.
— Eu não queria vir de mãos vazias — resmunguei, olhando diretamente para os seus olhos. — E você disse que ela gosta de plantas.
— Ela gosta, sim — riu, pousando a mão em minha lombar. — Fique tranquila, O'brien. Está indo jantar com a minha avó, não com um tipo de divindade.
— Não sei porque estou tão nervosa — confessei. — Ela é tão legal comigo, e eu estou aqui criando paranoias.
— Só respire um pouco, você sabe como ela adora você.
Concordei um pouco agradecida. Meu telefone tocou, o que me fez puxá-lo do bolso traseiro da calça e olhar de relance o número desconhecido. Não foi difícil ligar os pontos e saber que meu pai estava tentando fazer contato de novo.
— É ele?
A pergunta veio sem rodeios ou qualquer tipo de calma. Serge transmitia sua insatisfação por saber que novamente eu estava sendo incomodada pelo homem que deveria ser tudo para mim, ou pelo menos, uma parte disso.
— É sim.
— Desde quando ele vem te ligando?
— Desde hoje mais cedo, depois que sua avó foi embora. Não foram muitas ligações.
— Quantas? — exigiu saber.
— Algumas.
— Quantas, O'brien.
Suspirei derrotada.
— 15.
Antes que pudesse dizer mais alguma coisa, o clima pesado foi interrompido assim que o som da tranca chegou aos nossos ouvidos. Foi quase cômico quando meu coração deu um pulo assim que a porta foi aberta, revelando a figura sorridente de Diana.
— Ah, vocês chegaram! Oh, isso é para mim?
Por algum motivo, as palavras não saíram da minha boca, mas minhas mãos fizeram o trabalho de entregar o presente.
— É sim, vovó — Serge riu, esse filho da mãe. — Podemos entrar?
— Ah, claro! — disse, abrindo espaço — Entrem, entrem.
Com a mão ainda na minha lombar, Serge me guiou para dentro do apartamento aconchegante. A varanda tinha vasos bonitos, coloridos e cheios de vida. Eu pude ver que aquele lugar era o seu santuário.
Serge tocou meu ombros, atraindo a minha atenção. Um sorriso inocente curvou-se em seus lábios por um momento.
— Irei até a cozinha dar uma olhada no jantar, mas volto logo.
— Tudo bem.
Olho outra vez para a varanda florida, é quase inegável como parecer transmitir tanta paz. Será que era por isso que as pessoas gostavam tanto de plantas? Será que isso as permitia ter um pouco de paz?
— Você gostou? — Diana foi quem perguntou.
Um pouco envergonhada por ser flagrada olhando com tanta insistência para a varanda, tento me reerguer por alguns segundos antes de olhar para ela de novo. Diana tem o mesmo olhar que o seu neto, é quase intimidador por isso, porque ambos olham com muita intensidade. Talvez isso fosse algo de família.
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Nas Alturas •CONCLUÍDA•
Romantik+ 18 | Quais as chances de encontrar a pessoa certa no casamento dos seus melhores amigos? Laura O'brien sempre teve prazer de ficar nas alturas e observar aviões, por isso, contra tudo o que sua família gostaria, se tornou piloto. O amor ficou nas...