Cap 13- Maldita dor de cabeça

417 36 27
                                    

Eu nunca senti tanta dor. Tive poucos flashes do jogo. Eu caí com Scorpius logo abaixo de mim. Scorpius...Como estava Scorpius? Então senti a maca embaixo do meu corpo, ouvi os gritos de Dominique e James com quer que tentasse impedi-los de chegar a nós. Tenho certeza que eles seriam capazes de matar alguém naquele tom de voz. Dor e mais dor. Parecia que eu tinha quebrado algo, e os lugares onde o balaço me atingiu queimava. Senti a mão de Scorpius na minha, eu a procurei e a agarrei, não a soltaria por nada. Senti Madame Pomfrey se exasperar. Será que a coisa estava tão feia conosco? Eu gemia. Senti a mão de Scorpius apertar a minha. Então ficou tudo escuro.

***

Quando acordei já deveria ser madrugada, pois estava tudo escuro na enfermaria. Ouvi uma breve discussão se distanciar da porta. Consegui reconhecer as vozes... Sr. Malfoy, tio Harry e meu pai... Estávamos enrascados. E provavelmente nosso namoro se encontrava na corda bamba, pois eu conhecia muito bem o meu pai e sem minha mãe por perto ele tiraria suas próprias conclusões. Onde estava minha mãe? Tia Gina e Astoria também seriam necessárias. Todos seriam necessários.

Mas e Hugo? Meu irmãozinho nunca teve motivo para me odiar. Eu era a favorita da mamãe e mimada pelo papai. Ele era o favorito do papai e mimado pela mãe. Nada que criasse uma interferência direta entre nós. Nunca nos odiamos, e ele nunca teve motivos para ter ciúmes ou inveja de mim. Mas ele com certeza tinha para odiar Scorpius. E se ele e meu pai planejaram isso para que eu odiasse Scorpius? E se fosse pior, e se eles quisessem que ele se machucasse? Não, não, não. Não pode ser, eles não fariam isso. Eles não podem fazer isso. Como eles poderiam ser tão maléficos? Eles nunca seriam tão horríveis. O que aconteceu com Hugo? Por que ele fez isso?

Senti um soluço brotar na minha garganta. Logo coloquei a mão na boca, não queria acordar Scorpius, ele deveria estar bem pior que eu. Ele tinha se jogado embaixo de mim para me salvar. Como eu poderia um dia odiar o garoto que eu mais amo? É isso, eu amo Scorpius. Eu começaria uma nova guerra se alguém tentasse me impedir de estar com ele. Quando tudo começou, seis anos atrás, eu em esforcei ao máximo para odiar o tal do filho do Malfoy, que nunca tinha me feito nada. E que bobagem, ele era tudo, tudo que me disseram que ele não seria. Bonito, gentil, engraçado, alegre. Mas o que eu poderia fazer? Meu pai sempre disse: "vindo de um Malfoy sempre espere o pior". Consigo me lembrar na minha mãe desaprovando esse tipo de atitude do meu pai desde o início. Mas hoje, eu poderia alegar que tudo foi a maior paranoia e trauma que meu pai ressignificou em mim. Hoje eu só via uma coisa naquela doninha albina, todo o amor que eu poderia sentir. Ele inteiro, era tudo que eu queria tirar dele. Carinho, amor. Eu me entregaria por inteiro para Scorpius Malfoy, e não seria um mal entendido que me afastaria do cara que eu amo. Da pessoa que eu mais amo no mundo, eu chego a me odiar por amá-lo tanto. A vida não faria mais sentido sem duas risadas, piadas, provocações e beijos. Ele tinha que melhorar, ela precisava dele.

Não consegui segurar o choro, deixei sair. Que maldita dor de cabeça que me fazia ficar ainda mais desesperada. Faziam quantos anos que eu não chorava tanto?

Senti uma mão vindo em minha direção.

-Rose, Rose... - Ele parecia desesperado.

-Estou aqui... Sempre vou estar aqui. - Segurei a mão, mesmo sentindo tanta dor.

-O suco, o suco de abóbora está do seu lado... Ele tem uma dose de analgésico para dor. Madame Pomfrey deixou um jarro para nós. - Ele disse quase gemendo.

-Como você está? O que quebrou? - Disse me exasperando de preocupação, ainda com lágrimas nos olhos.

-Eu já estou melhor. Apenas bati as costas e torci o tornozelo com a queda. O resto madame Pomfrey resolveu rápido. Não fui eu que dormi quase 20 horas, senhorita Bela Adormecida. - Ele continuou após ouvir meu suspiro de alívio. - Beba. - Me ofereceu o copo. - Você, além das contusões dos balaços, nas costas, barriga, no ombro e na nuca, teve uma perna fraturada. Madame Pomfrey te deu um suco de ossos, por isso está com tanta dor. Por um instante, senti medo de te perder. E...

-Não vai. Nunca vai me perder. Eu não vou a lugar nenhum sem você. - Disse claramente nervosa.

-Você ouvi a voz de nossos pais não é? - Ele indagou.

-Ouvi um pedaço da discussão. Mas não consegui distinguir nada. O que você ia dizer na parte do "e..."?

- Era exatamente sobre isso. Seu pai tem certeza que eu tentei te... - Ele suspirou. - Que eu tentei te matar e culpar Hugo. Imaginou até poção polissuco ou Crucius. Dessa vez não adiantou nada seus primos, mau pai e Harry tentarem fazer algo. Sequer sabia que ele poderia gritar tanto. A sr. Potter, a sr. Granger e minha chegarão amanhã para investigar o que houve.

-Por Merlin... Meu pai sempre age pela emoção. Me desculpe, Scorpius. Não sei o que ele disse, mas te garanto que não penso nisso, não penso assim... - Eu estava novamente chorando.

-Ei, Rose, não precisa... - Ele tentou me interromper.

-Não, Scorpius, precisa. Precisa sim. - Solucei. - Eu nunca estive tão feliz. Não que eu tenha tido uma vida infeliz, eu amo minha família. Mas, Scorpius, eu também amo você. Eu te amo. De verdade. Se você estiver de qualquer maneira brincando comigo, por favor, pare, chega. Eu preciso te esquecer agora. Mas se eu tiver um pingo de esperança, por favor, eu te quero pra mim. Quero fazer tudo com você. Scorpius, eu não me imagino mais sem você, porque eu te amo. - Suspirei depois de deixar tudo sair. - E se você quiser, vou lutar por você.

Ele parecia estar em choque. O que me diminuiu a humilhação. Achei que ele estivesse prestes a rir da minha cara, rir de mim por querer ele ali. E voltei a chorar, como uma criança quando perde o brinquedo favorito.

-Rose. Rose. - Ele chamou. - Olha pra  mim, por que está chorando? Não, não chora. Eu também te amo, Rosalie Weasley. Eu poderia me casar com você agora, com ou sem a permissão do seu pai.

Não consegui parar de chorar. Era o que eu mais queria ouvir, e eu sequer sabia que queria ouvir aquilo. Me levantei, mesmo com a dor consumindo meus membros, e me arrastei até o leito dele sem soltar sua mão. Ele sorria, e aquele sorriso iluminava todo o quarto. Aquele sorriso que eu sentia que iluminaria toda a minha vida. Então eu me aconcheguei ao seu lado, o abracei enquanto ele me puxava pra si pela cintura.

-Nunca imaginei que nossa primeira noite juntos seria na enfermaria. - Ele riu.

-Foi assim que tudo começou, não é? - Eu ri dele, dando um selinho em seus lábios.

-Não. Foi no trem. Plataforma 9 3/4. Quando gritou comigo por causa do meu sapo de chocolate. Foi naquele dia que eu senti que eu poderia ser odiado por você, mas nunca poderia viver sem você. Rose Weasley, você é tudo para mim. Eu te amo.

-E eu sinto em lhe informar que vamos só dormir. Mas eu te amo. Muito.

-Repete? -  Ele olhava como uma criança chorona.

-O quê?

-A parte que me ama.

-Eu te amo, Scorpius Malfoy. - Encostei minha testa na dele. - Vamos ter muito tempo para fazer o que quisermos.

-Eu sei bem o que eu quero. - Ele sorriu ao mesmo tempo carinhoso e safado. - Agora, minha abóborazinha, durma, o dia amanhã vai ser longo.

-Scorpius...

-Eu te amo, Rose Weasley. Por Merlin, como eu te amo...

Ele beijou minha testa. Me aconcheguei em seu peito. Não importava o tamanho da tempestade que viesse, se estivesse com ele seria capaz de mover montanhas para pará-la.


Maldito Malfoy, maldita WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora