Cap 14- Maldita gritaria

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Acordei na manhã seguinte com os berros ecoando pelo quarto.

-O QUE SIGNIFICA ISSO? - Meu pai bradava para quem quisesse ouvir. - QUE ABSURDO É ESSE? MADAME POMFREY ME EXPLIQUE ISSO AGORA!!!!!

-Calma, Ronald. Pare de gritar, agora. Sua filha está acamada não fazendo nada mais que dormir e você está preparando um carnaval para atacá-la. - Tio Harry dizia de maneira ríspida, enquanto sr. Malfoy vinha abatido e cheio de olheiras logo atrás.

-Ronald, já gritou comigo a noite toda, agora pode parar de escândalo e deixar os garotos em paz. E isso é uma ordem. - A voz altiva de Draco contrariava seu rosto cansada, mas que também não tardou a recuperar o respeito e o ar de superioridade.

-Problemas à vista! - Scorpius cochichou se mexendo, mas não me soltando do abraço.

-Hum. - Só fui capaz de dizer isso enquanto os adultos continuavam a gritar.

Enquanto me sentava meu pai continuava procurando por Madame Pomfrey preparado para redigir seus gritos para a pobre enfermeira. Eu me aconcheguei com minhas costas no peito de Scorpius, notando seu curativo na testa no mesmo lugar em que ontem parecia ter sido derramado todo o sangue do garoto durante o jogo. O mesmo já tinha pego um copo de suco de abóbora para Rose, que aceitou de bom grado, com a cabeça explodindo enquanto o pai se esgoelava pela enfermaria, como se tivesse ido ao inferno visitar Voldemort e retornado.

-Pai, chega. - Eu me manifestei pela primeira vez naquela manhã, demonstrando em minha voz meu completo cansaço.

-Rosalie Weasley, levante daí ou eu não respondo pelos meus atos. - Meu pai ameaçou, porém tio Harry e sr. Malfoy pareciam prontos para matá-lo, mas nem por causa desse sentimento de defesa, mas em honra a sua coragem Rose tinha apenas uma resposta.

-Não.

Ronald Weasley parecia pronto para dar a maior surra na garota, prestes a perder as estribeiras, pronto para arrancá-la dali e matar seu namorado. Seus olhos ferviam em ódio, raiva e nojo.

Foi quando ele deu seu primeiro passo que a porta da enfermaria se abriu e deu ares para Madame Pomfrey acompanhada da diretora Minerva McGonagall, ambas levavam semblantes de quem acabara de entrar em uma guerra.

-Bom dia, senhores. - Minerva disse parecendo extremamente desgostosa em ter que estar ali.

-Sr. McGonagall, como é permitido em uma escola renomada como esta estes tipos de relações entre os alunos? - Meu pai repetia completamente enojado, como se cobrasse moralmente a capacidade da diretora.

-Faça-me o favor sr, Weasley. Os garotos estão completamente vestidos, Scorpius está ajudando sua filha a se recuperar ao que aparentemente foi uma tentativa de seu filho, Hugo de machucar aos dois. Não há maneira mais singela de demonstrar a completa afeição que dedicam um ao outro. - Minerva foi direta.

-Pensei que isso fosse uma instituição de respeito. Vou tirar meus filhos daqui agora mesmo.

Dessa vez Ronald Weasley extrapolou todos os limites. Eles estavam ali, completamente vestidos, abraçados apenas, sem nada a esconder. Mas o que mais incomodou Rose foi o fato de que seu pai parecia mais incomodado com a saliva que ela trocava com um Malfoy, do que com a quase morte que a mesma se deparou na noite passada.

-Pai... - Rose chamou.

-Não me chame de pai, Rosalie. 

O tom que ele usou calou Rose, fez com que a mesma pela primeira vez na vida sentisse repulsa de seu pai. De todas as coisas que ele poderia infligir a mesma, a privação de chamá-lo de pai foi como um tapa na cara tão forte que a dor não atingira apenas sua razão. A dor a infligiu, mas a mesma ficou seca, porém quem a conhecia seria capaz de ver além da cara fechada e leria nos seus olhos a dor e tristeza que chegou a ela. Porém ela duvidava que isso fosse algo ao qual a capacidade de seu pai chegaria agora.

-Vamos. Levante daí e vamos embora. Você não fica mais um segundo nesse local. - Disse novamente. Aparentemente Rosalie silenciou suas palavras.

-Eu não vou a lugar nenhum. - Rose sentiu Scorpius segurar sua cintura para mais perto de si, como se não fosse permitir que qualquer pessoa a tirasse de seus braços.

-Ronald Weasley, a minha filha não vai a lugar nenhum. -A voz de Hermione Granger adentou a porta. Logo atrás dela vinham Astoria Malfoy e Gina Potter. - É muito fácil assumir este local de pai protetor e autoritário Ronald, mas dar apoio a garota nunca passou pela sua cabeça? Ela quase foi morta ontem pela manhã e a única pessoa que foi capaz de salvá-la foi Scorpius, espero que entenda que você não estava lá, mas ele estava.

-PORQUE FOI ELE QUE TENTOU MATÁ-LA!

-RONALD! - Hermione interrompeu gritando, coisa que ela nunca fazia em nenhuma questão, antes que seu marido pudesse vomitar todas as suas lorotas malucas e conspiradoras novamente. - Quem está mais perto de levar a culpa por isso - Apontou para Scorpius e Rose. -, é seu próprio filho, mas ao invés de falar com ele ou ajudar Rose você está aqui arrotando gritos e ameaças para quem quer que você olhe. Acho que acabou aqui, Ronald, você não tirará meus filhos de Hogwarts, espero que se cale e não discuta. Isso é a minha palavra final.

Ronald encontrava-se estagnado. Mas logo se voltou para Draco.

-ISSO É TUDO SUA CULPA! VOCÊ DEVERIA ESTAR MORTO E EU ESTARIA BEM!

-CHEGA!!!! - Eu gritei. - SE ALGUÉM AQUI TEM CULPA DO QUE ESTÁ ACONTENCENDO É VOCÊ RONALD. - Foi abaixando o tom para a frieza e indiferença. Sabia que chamá-lo pelo nome seria um tapa na cara forte o suficiente. - Se não está preocupada com nenhum dos enfermos, peço que se retire. 

Nesse momento Rose não aguentava mais segurar as lágrimas. Nunca seria capaz de perdoar seu pai. Foi então que Draco veio em sua direção.

-Está tudo bem, vocês estão bem, está tudo bem. - Ele falou com as lágrimas escorrendo dos olhos, como se precisasse dessas afirmações mais para ele do que para a relidade.

-Rosalie Weasley, se eu sair por aquela porta agora, eu nunca mais voltarei.

Me mostrei impassível.

-Deixe de ser ridículo, Ronald. Deixe a garota se recuperar, pare de ser assim, admita que está errado. - Tia Gina se manifestou pela primeira vez.

Foi então que ouvimos os gritos vindos do corredor.

-Se o mundo cair na nossa cabeça hoje - Scorpius apertou minha mão, cochichando apenas para  mim. -, pelo menos vou estar com você.

Que maldita gritaria era essa que vinha?

Maldito Malfoy, maldita WeasleyOnde histórias criam vida. Descubra agora