Capítulo 30

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Elena

Foi recobrando a consciência aos poucos e assimilando o que meu filho havia acabado de me contar e não queria acreditar que aquilo fosse mesmo verdade.

Um bastardo.

Meu marido tinha um filho bastardo e havia ido atrás dele sem sequer me consultar sobre o assunto.

Onde estava a confiança que ele sempre teve em mim? Nós nunca tivemos segredos entre nós, ou assim eu pensava e agora Jack me jogava esta bomba no colo.

— Me conte essa história toda desde o começo Jack. — Pedi quando estava mais calma e meu filho despejou sobre mim toda a informação que possuía

— E é isso mamãe. Papai foi atrás do fruto que resultou das aventuras inconsequentes de vocês.

— Não consigo acreditar que ele escondeu toda esta história de mim. — Murmurei mais para mim do que para Jack — Seu pai e eu nunca tivemos segredos. E Gia porque não veio ter comigo? Era obrigação dela me contar.

— A senhora melhor que ninguém sabe que Gia quer sempre ganhar alguma coisa. — disse Jack — Contando a você ela não ganharia nada, já contando ao papai...

— O que seu pai deu a ela? — quis saber

— Papai adquiriu 5% da empresa dos Steele e colocou Gia como testa de ferro dele e passou a dar uma generosa mesada a ela todo o mês.

— Esse filho não deveria existir.

— Concordo. — disse meu filho — O que pensa fazer?

— Me antecipar ao seu pai na descoberta do bastardo e me certificar que ele não vai querer nada do que é nosso.— Conte com o meu total apoio.

— E Camille? — perguntei e Jack fechou a cara

— Ela ainda não está sabendo de nada, mas no seu lugar não contava com a ajuda dela. — respondeu Jack. — Ela estar em Seattle na mesma altura que o papai é uma enorme coincidência eu diria.

Era só que me faltava, ter a minha própria filha contra mim. Teria de tomar providências e quanto mais rápido melhor.

Roger era bom demais e tinha certeza que quando soubesse quem era o seu filho iria querer colocar o mesmo como herdeiro do património que eu o ajudei a construir. Isso não era justo com os nossos filhos.

Não esperava que o meu marido fosse o causador da morte de Ray e Carla, mas ainda assim não o iria crucificar. Amava Roger e sempre estaria do seu lado. Só não aceitaria o seu bastardo.

Mia

Havia saído mais cedo do trabalho e decidido dar uma corrida pelo parque para colocar as ideias em ordem. A medida que corria o vento batia nos meus cabelos e sentia uma incrível sensação de liberdade. Estava a chegar na porta do meu apartamento quando percebi uma figura sentada no chão com a cabeça apoiada entre os joelhos. Aproximei-me mais e fiquei surpresa ao ver que se tratava de Ethan.

— Ethan? — Ele levantou a cabeça e me deu um sorriso que não chegou aos seus olhos — O que faz aqui? — perguntei enquanto pegava a chave de casa

— Me perdoe por aparecer aqui sem avisar. Precisava conversar com alguém e só consegui pensar em você. — disse ele levantando do chão — Posso entrar? Prometo que o assunto desta vez não será sobre nós dois.

Jamais seria capaz de dar as costas a Ethan por isso assenti e abri a porta do apartamento dando espaço para ele entrar. Ele sentou no sofá e peguei uma água para mim e um whisky para ele que parecia precisar.

A TestemunhaOnde histórias criam vida. Descubra agora