Pelas luzes do Alemão

Capítulo 32

Beatriz Andrade

Entrei no uber indo pro morro já com o coração na mão, ver a Laís jeito jeito, com medo e nervosa, me deu um aperto no peito.

Eu a Laís sempre formos unha e carne, quando éramos pequenas, a minha mãe dizia que nós éramos o vaso e o cocô, era até engraçado. Parece que a gente foi crescendo e de tanto tomar a dor uma da outra, parece que eu já sinto o mesmo que ela.

[...]

Entrei na casa do Ph e já estavam todos na casa com cara de nervosismo. Ph não ficava nem sentado.

Nanda: O que ela disse?

Bia: Na verdade, nada. Mas me deu uma carta escondido.

Coringa: E tu tá esperando o que pra ler?

Levantei, abrir uma carta e comecei lendo.

"Eu sei que vocês devem estar se fazendo inúmeras pergunta, mas antes de tudo, peço calma da parte de todos. Quando estiverem lendo isso, eu ja estarei a domínio do louco do Samurai, pois é. Não de desesperem.
Eu não tenho tempo pra explicar muito, mas o que aconteceu foi: na manhã seguinte ao churrasco do meu padrinho, eu sai pra comprar pão e um vapor me disse que a padaria tava fechada e eu teria que descer e lá eu dei cara com o Samurai e nem sabia quem ele era direito. Ele me apontou uma arma e me mandou entrar no carro e assim eu fiz, ele me contou que passou meses e meses descobrindo tudo de um por um próximo a mim e o foco dele era o Ph e eu entrei na jogada como prêmio. Ele disse que eu teria no máximo 3 dias para sumir do Alemão e da vida de todos (mais especificamente, do Pedro) e reaparecer como primeira dama do complexo da Maré, eu não quis prolongar muito tempo porque vocês perceberiam de cara.
Ele me ameaçou, disse que eu não fizesse isso, além de me matar, antes ele iria expor tudo o que sabe e isso destruiria não só minha família, mas a da Bia, da Ju, do Fabinho. Disse que se eu contasse ao meu padrinho ou ao Ph, seria ainda pior, a tortura seria ainda maior.
O Samurai sabe muito, me contou coisas que nem eu sabia e isso me assustou um pouco, mas esse não é o caso, ele ta com meu telefone, ou seja, não me liguem, se ele foi burro o suficente ele não desligou, tente rastrear ou sei la, só peço que me tirem daqui, ele me olha de um jeito muito assustador. Eu tenho certeza que toda raiva que ele tem vai ser descontada em mim e eu tenho até medo de como.
Bia, invente uma desculpa para o meu pai, a melhor história que você tiver, ele não pode saber disso, da um jeito.
Eu amo vocês e se eu morrer, Nanda, Bia e Ju dividam minhas bolsas entre si."

Terminei de ler e todos estavam nervosos. A Nanda e a Julia aos prantos, Ph e Coringa estavam no beira do surto e isso era nítido, até o Japa tava nervoso.
E eu? Eu tava sentindo um dor que eu não tinha ideia que eu podia sentir, eu não conseguia chorar, eu só tinha vontade de gritar, de correr até lá e tirar minha amiga de lá, disser que vai ficar tudo bem e que o pior já passou.

Coringa: Beatriz?.- ele me chamou.

Bia: Ele pegou ela.- olhei pra ele sem reação.

Coringa: Olha pra mim.- ele segurou meu rosto.- vamo trazer ela de volta, eu te juro.

Fui até o Ph, que tava com o olho lagrimejado e ele me olhou.

Ph: Vamo tirar ela de lá.- ele me abraçou.

Bia: Eu sei que vamos.